Capítulo I - Dúvidas

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17 de Março, 2076

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17 de Março, 2076.

Após a quebra da bolsa dos Estados Unidos em 2045, o sistema capitalista o qual o mundo todo lutou reergueu-se e agora nos controla cada vez mais e mais, eu realmente gostaria de saber como eu e minha mãe sobrevivemos a lavagem cerebral, mas ela nunca me falou nada e não gosta de falar sobre isso, creio que tenha algo a ver com meu pai, em alguns retratos a imagem dele me refletia, onde estava ele esse tempo todo? E essa é só mais uma pergunta a qual minha mãe não me responderia, entretanto estou aprendendo a guardar minhas dúvidas, espero que quando eu completar meus 18 anos, como presente, ganhe as respostas. Sei que coisas fúteis como a maior idade não importam mais, porém pensar em como o mundo já foi um dia, toda a liberdade que as pessoas ja tiveram, todas as tradições, as leis e os sentimentos, me fazem criar um pensamento de conforto, talvez seja esperança.
Nasci em meio a uma cidade acabada, em 2060, no antigo estado ao qual chamava Minas Gerais, pelo menos isso minha mãe me contou, segundo ela esse estado foi bombardeado na 4° Guerra Mundial que ocorreu entre 2054 a 2058, 2 anos antes da ascendência do controle dos governos capitalistas.

- Kevin você ainda não foi pro posto de observação? - A voz da minha mãe surgia embaraçando meus pensamentos.

- Não mãe, me esqueci. - Era mentira, eu não havia me esquecido.

- Você sabe muito bem que "esquecer" pode causar nossa morte e de todos aqui! - A voz tomava forma grave e dramática.

Minha mãe era muito dura comigo as vezes, mas eu a compreendo, não é fácil criar um filho de dezesseis anos em um ambiente hostil e acabado. O maior sonho dela é de que pudéssemos mudar para a Runa, esse país foi uma junção de duas grandes nações que antigamente se chamavam Rússia e China, as 2 foram as únicas que conseguiram resistir ao controle global das mentes humanas, pelo visto meu país Brasil se deu mal, minha mãe disse que o presidente se aliou aos Estados Unidos, mas acabou sendo alvo do mesmo, agora nos resta apenas alguns estados e todos eles são completamente manipulados, as pessoas tem um chip instalado em seu sistema nervoso e todas suas ações são progamadas, cremos que nós do Refúgio não somos os únicos que conseguiram fugir, e a Supremacia também sabe que existem muitas pessoas que refugiam-se em antigos estados que foram destruídos, são feitas patrulhas diversas vezes ao longo do ano, a qualquer momento algum soldado pode invadir e nos capturar, por isso é muito importante não deixar de vigiar no posto de observação.
Bem, mas chega de tanto pensar, eu realmente preciso ir vigiar. Hoje o dia estava chuvoso, o que era legal porque seria bom para o solo da nossa pequena horta comunitária, mas também era ruim caso evoluísse para tempestade, pois moramos em meio a destroços, temporais podem facilmente alagar tudo e assim acabamos perdendo o pouco que temos. Ao sair de casa, tenho que ser cauteloso, algum jato poderia passar no momento e ficou tudo mais difícil quando eles pararam de utilizar aquelas espeluncas barulhentas chamadas de "Helicóptero", o posto ficava no centro da cidade, as 5 famílias que moram aqui revezam por semanas na observação, 1 semana para cada família, são grupos realmente diferentes, mas aprendemos a viver em paz aqui para que pudéssemos sobreviver.
Finalmente eu havia chegado, não era muito longe de onde eu residia, mas poderia ser cansativo quando a terra estava lamacenta, limpei meu velho coturno antes de subir, não deixar marcas era uma das principais regras daqui, apesar de ouvi-las todo dia no café da manhã, as vezes me esqueço dos truques da natureza, mas hoje não é um desses dias. Comecei a subir os degraus da pequena escada giratória, não demorei pra chegar no topo e ali fiquei admirando a vista, apesar de ser destruída, O Refúgio como chamavamos nossa "cidade-acampamento", poderia ser até agradável.

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