6. Gravadora

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Estava escuro no quarto. Deitado na cama, esperava você chegar do trabalho. Foi repentino nossa mudança para aquela cidade. Não esperava sair da minha cidade natal, por mim eu passaria a vida toda cantando para ganhar meu pouco dinheiro. Viveria da música, da arte em Montreal.

Mas assim que você apareceu tudo me pareceu incerto.

"Ainda esta acordado?" você perguntou assim que entrou no quarto com seu uniforme marrom do zoológico. Uma blusa marrom com um logo bem bonito verde e azul. Uma calça cargo da mesma cor que a blusa. Uma bota preta. Um boné verde. 

Vamos falar a verdade Sadie, calça não te caia muito bem. Preferia seus vestidos floridos, mil vezes aqueles seus vestidos floridos que fodiam a minha cabeça. Nos finais de semana eu sempre me perguntava: qual sera o vestido que a minha garota vai usar hoje?

"Eu perdi o sono" respondi vendo você indo para o banheiro. Os dias tinham se tornado chatos, não cantava para ninguém, não me expressava para ninguém, minha novas músicas estavam sem vida, minha arte estava pálida, Sadie. 

Amava ter você morando na mesma casa comigo, mas eu apenas vivia para você. Eu precisava me encontrar naquela cidade mas tinha medo de  ser desprezado. Medo de nunca sair da estaca zero.

Sua figura foi se aproximando de mim assim que saiu do banho com seu pijama cor de rosa. Sua cabeça se apoiou no meu peito e nossas pernas se entrelaçaram. 

"Como foi o trabalho hoje?" perguntei sentindo sua mão se juntar a minha e aquele calor familiar dominou todo o meu corpo. Nossas mãos eram  como duas peças perdidas de um quebra-cabeça, e quando unimos elas pela primeira vez, nunca mais conseguimos soltar.

"Foi cansativo, você sabe. Mas eu gosto disso, gosto de aminais, de estar com eles, cuidar deles..." 

Você suspirou antes de perguntar:

"E como foi seu dia?"

"Como todos os outros. Não tenho o que fazer nesse fim de mundo, não é?"

"Finn eu já disse a você desde que chegamos aqui para investir na sua carreira artística" isso era verdade, você realmente desde o primeiro dia em que eu pisei em Nova York me disse para investir na música, procurar uma gravadora e por ai... 

"E Nova York não é um fim de mundo ta?" você riu e deu um tapinha no meu ombro com a outra mão livre.

"Eu sei que disse, mas você sabe do meu medo de ser rejeitado... já conversamos sobre isso"

"Você mesmo é quem esta dificultando as coisas para si mesmo, aqui é a cidade perfeita para você ser um cantor de sucesso!" 

Do jeito que você falava parecia tão fácil, o brilho nos seus olhos assim que tocava no assunto da minha carreira me motivava muito. Mas naquela época eu era um idiota com medos e inseguranças. Eu deveria ter ouvido você antes, bem antes.

"Minha músicas nem são tão boas assim, existem cantores melhores do que eu. As gravadoras não iriam investir na minha música." Disse em um tom baixo. 

Quando fizemos nosso "Tour por Quebec" eu contei meus fracassos. Quanto mais eu investia em qualquer coisa, qualquer pessoa, era em vão. Tudo em vão. Sem contar que no meu ensino médio que eu era motivo de piadas para todos. Eu era aquele garoto de poucos amigos que sentava lá no fundo da sala. Era um lugar invisível e solitário as vezes.

Foram tantas e tantas vezes que eu sai da escola chorando me sentindo um inútil que colocava os sentimentos para fora em um mísero pedaço de papel. As pessoas foram maldosas comigo na escola, sempre diziam a mesma coisa, sempre as mesmas palavras que sempre tinham o mesmo impacto sobre mim.

"eu só namorei com você por que você é a minha última opção"

"eu pensava que seria famoso, mas pelo o que vi, você não tem futuro"

"você acha mesmo que as pessoas vão gostar dessas suas músicas chatas?"

"cantor? você? é claro que isso é impossível"

 Me fizeram pensar que eu era substituível e que se eu investisse na minha carreira como cantor seria desperdício.

"Ei Finn, eu sei que no passado você sofreu bastante, algumas pessoas falaram que você não conseguiria ser um cantor, e das suas humilhações amorosas. Olha eu sei, você me contou isso no nosso mochilão, se lembra?"

Você se virou para olhar diretamente para mim e seus olhos turquesa brilharam. Nossa, como eu adorava quando você olhava para mim. Eu via o universo inteiro girando em torno de nós dois. 

Eu perdia a noção do tempo, cada instante era preciso quando estava ao seu lado.

"Como eu poderia me esquecer minha ruiva?" eu dei meu melhor sorriso quando na minha mente percorria nossas lembranças. Como eu me esqueceria de quando você saiu do seu prédio usando um vestido amarelo com alguns bordados brancos. De quando dividimos a mesma cama em um pequeno hotel no meio da estrada. De quando comemos em restaurantes e lanchonetes de Quebec. De quando você toda noite me abraçava nas noites frias.

Seus olhos ainda brilhavam, aposto o mundo inteiro que naquele exato momento que na sua cabeça também estava correndo as nossas mais doces lembranças. 

Nossos cinquenta dias mais doces do que um caramelo. Nossos cinquenta dias que ficarão guardados para sempre no meu peito.

"Eu posso arrumar um emprego qualquer aqui, não tem problema. Posso me adaptar" disse ainda olhando para você.

"Não, de jeito nenhum..." você me interrompeu.

"Sadie esta tudo bem, eu posso trabalhar de..."

"Finn, você tem muito talento, as gravadoras vão amar ouvir suas músicas assim como eu amo. E aprende uma coisa: as pessoas sempre vão querer te derrubar, não importa o quanto custe, elas vão querer. Mas você não pode facilitar o trabalho delas.

Suas palavras me despertaram esperança. Você me fazia acreditar que tudo era possível. Você recuperou os sonhos na qual aquelas pessoas arrancaram de mim com as mais cruéis palavras que existem nesse planeta.

"Amanhã a gente vai em uma gravadora, na primeira que a gente encontrar. Eu vou com você, e eu espero que você não volte atrás quando estiver lá. Não gosto de ver você sem fazer o que ama. Eu sei o quanto ama cantar para as pessoas e transmitir todo amor que tem dentro de você. Me dói te ver angustiado aqui" 

Você não deixou eu dizer nenhuma sequer palavra encontrando seus lábios nos meus. Seus lábios eram um mundo em que eu adorava me deliciar. Seu calor já fazia parte do meu corpo assim como o seu coração, nossas respirações estavam divinamente em sincronia, nada poderia destruí-la enquanto você me beijava lentamente com uma intensidade ardentemente prazerosa. 

Seus beijos, Sadie... seus beijos eram meu caminho para o paraíso. A vida é tão curta, mas o paraíso que eu encontrava nos seus lábios era eterno.

Eu sabia que na manhã seguinte seria um longo dia. Eu estava me privando das emoções que poderiam me tomar, mas acontece que ninguém controla as emoções, principalmente as que te fazem chorar.


Olá fadie shippers e pessoas de outros shipps, espero que estejam gostando da leitura dessa fanfic por que eu estou me dedicando bastante. Eu sei que pode parecer que ele esta obcecado pela Sadie e vai assassinar ela  tipo a série YOU mas não é isso não ta? kkkk Boa quarentena para vocês e fiquem em casa.

Adoro vocês <3






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