Capítulo dois.

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Pov Aster.

Casamento... Nossa..isso sempre pareceu uma loucura, ainda mais quando fui basicamente prometida ao Trig..mas..agora é diferente, eu realmente sinto que deva fazer isso, porque depois de tudo, de todas as brigas internas durante os dois anos em que estive afastada de Ellie, eu sei, tenho certeza que a amo e não existe ninguém no mundo que mudará isso.

Estou terminando a faculdade de Artes e trabalhando meio período em uma grande empresa, Ellie já se formou na Grinnell, conseguiu um bom emprego e está trabalhando em novos projetos.

Moramos juntas há três meses e faremos um ano de namoro, curiosamente no final de semana, este que por sua vez, me fará voltar pra casa, não só com uma namorada, MULHER, mas com uma noiva e futura ESPOSA... Meu pai PASTOR vai querer morrer ou me matar...

O pedido seria feito no nosso aniversário, estava preparando uma surpresa no nosso restaurante favorito mas hoje me pareceu a oportunidade perfeita, porque Ellie precisava saber o quanto a amo e o quanto estou disposta a lutar por isso.

E sobre mentir em relação ao meu pai, foi meio que necessário... Eu não queria ter que lidar com todo o ódio que surgiria disso, ainda mais durante um momento tão feliz da minha vida.

Provavelmente ficaremos na casa do pai de Ellie, o que será ótimo; ele está do nosso lado. Quando Ellie contou que estava namorando, ele já sabia que ela era lésbica e já tinha passado por todo o processo de aceitação e hoje, ele é um futuro avô feliz, esperando por seus netos, nossos filhos... Palavras dele...

Também poderíamos ficar com Paul, ele não saiu da cidade mas se tornou grande dentro dela, ele é dono de um restaurante agora, um dos melhores de Squahamish e o seu salsicha-taco, virou um dos pratos mais requisitados do lugar, por pessoas locais ou até mesmo, turistas.
Ele acabou de sair de um divórcio, um casamento breve e precipitado... Ellie me disse que Paul está passando por toda uma fase; saindo com muitas mulheres, dando festas...

- Amor? - Ellie me chama, do banheiro.

Me levanto, procuro as aliança em minha gaveta do criado mudo, a acho, a pego e vou até minha noiva.

- O que está escondendo? - Pergunta, está relaxando na banheira cheia de água e espuma, apenas a cabeça para fora.

- Nada. - Respondo, dou de ombros; a caixinha com as alianças está nas minhas mãos, escondidas atrás do meu corpo.

- Não mente. - Pede e sinto a água morna respingar sobre mim.

- Não..você não fez isso. - Digo, boquiaberta, me aproximo, ainda com as mãos atrás do corpo.

- Sim, eu fiz. - Diz, sorri sem mostrar os dentes. - Agora você precisa me mostrar o que está escondendo ou não terei outra opção, além de te proibir de entrar na banheira comigo. - Diz, se senta, quase me molhando de novo; me ajoelho na frente da banheira, ficando próxima a ela.

- Eu nunca disse que queria entrar na banheira com você. - Digo, mordo o lábio inferior; olhos nos olhos.

- Você não precisa dizer. - Toca meu cabelo com sua mão molhada, vai descendo...

- Droga. - Resmungo, me levanto, coloco a caixinha em cima da pia e começo a me despir. - E sim, são as alianças. - Olho em sua direção. - E não, não vou te mostrar agora... Já que foi tão ousada em me provocar, vai ter que esperar mais um pouco. - Continuo, termino, já estou nua.

Me aproximo da banheira e entro na mesma, me sento, ficando de frente pra ela.

- Isso tudo é tão injusto. - Suspira pesado. - Mas eu posso lidar com isso. - Se inclina e me beija.

(...)

Estou deitada, Ellie foi buscar água pra gente; aproveito para ficar olhando pra minha mão, especialmente para aliança.

Se alguém dissesse há uns anos atrás, que me tornaria essa pessoa leve, livre e feliz, provavelmente eu diria que essa pessoa estava louca, porque tudo o que eu via, era uma vida fria, ao lado de alguém que não amava, com filhos e obrigações de esposa, me via como minha mãe...

Posso dizer que Ellie me salvou, aquele dia na igreja, foi ali que criei coragem para negar o pedido de Trig e decidir lutar por mim mesma.

- Você sabe mesmo escolher. - A voz de Ellie me tira de meus devaneios.

- Com certeza. - Sorrio pra ela, que coloca seu copo de água em cima do seu criado mudo e me estende o meu. - Obrigada. - Agradeço, o pego, dou um gole e o coloco em cima do meu próprio criado mudo.

Ellie ergue o edredom e se deita ao meu lado; estou sentada, já coberta.

- Então... -
Digo, me deito de lado, ela está olhando para o teto. - Acha que deveríamos ir? - Pergunto, Ellie tira o óculos, o guarda e se vira pra mim.

- Sinceramente? Sim, acho. - Diz, apoia a cabeça na mão, o cotovelo sobre a cama.

- Você sabe que não vai ser fácil, certo? - Questiono.

- E é por isso, que estarei com você. - Diz, sorri fraco.

- Sabe, Ellie... Costumava ser a garotinha do papai, a menininha dos olhos dele e de repente, me arrisquei, o enfrentei pelo direito de estudar aqui e senti que algo morreu naquele dia. - Digo, engulo em seco. - Estou com medo de estar certa, com medo dele me odiar... - Respiro fundo.

- Amor... - Desmancha sua posição e se deita direito, se aproximando mais. - Não vou mentir, dizer que tudo vai ficar bem, porque eu sei o quanto é difícil, ainda mais pra você. - Sua mão quente toca meu rosto, fecho os olhos. - A única coisa que posso dizer agora, é que estarei com você, aja o que houver, você sempre terá um porto seguro em mim. - Sinto seus lábios sobre os meus, um selar deliciado. - Farei o que tiver ao meu alcance pra continuar te fazendo feliz. - Sussurra sobre os meus lábios, se afasta, abro os olhos e encontro os seus. - Lembra que você disse que esperava que eu encontrasse algo bom em que acreditar? - Questiona, concordo com a cabeça. - Eu encontrei... Você..nós... Eu acredito no nosso amor. - Diz, sorrio largo e tento segurar as lágrimas; Ellie me abraça.

- Eu também acredito. - Sussurro, beijo seu rosto e me mantenho no abraço.

Já amou tanto alguém que não quer que nada nela mude?

I don't know anything about love ( The Half Of It ).Onde histórias criam vida. Descubra agora