1 Capítulo

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Nasci em Nova Jersey e sou filha de pai desconhecido. Minha mãe é prostituta. Meu nome?

Aline Torres. Tenho 17 anos. Minha mãe fala que sou filha de um cliente dela que simplesmente
sumiu do mapa. Então ele provavelmente nem sabe que existo. Morávamos em Nova Jersey até meus
nove anos. Viemos para Nova Iorque a fim de que minha mãe conseguisse clientes de alta classe
social. Ou seja, executivos, advogados, entre outros. E ela conseguiu. Não é à toa que moramos em
um dos melhores bairros, e estudo em uma ótima escola. Cresci em meio a esses clientes, pois minha
mãe sempre atendeu no apartamento onde moramos. Com o tempo mamãe começa a perder os
clientes que tem, afinal está envelhecendo. Não é mais uma mocinha de 21 anos. Hoje ela tem 41
anos, mas ainda é bastante bonita e bem cuidada. Com a perda dos clientes, não poderíamos nos
manter mais no apartamento onde estávamos morando, em Upper West Side, e eu teria que sair do
The Collegiate School, pois as mensalidades eram altas.
Estou no último ano do colegial. Finalmente. E minha mãe resolveu que eu devo ser
acompanhante de luxo, assim como ela, para que possamos manter nosso padrão de vida. Ter esse
mesmo tipo de vida não é o que sonhei para mim, mas eu tinha que obedecê-la, afinal, se estou
vivendo bem e viva até hoje, é porque ela me proporcionou isso. Minha mãe sempre joga na minha
cara que ela se deitou com vários homens por minha causa.

Então, eu me pergunto: Por que diabos
ela me permitiu nascer? Por acaso eu tinha culpa de ter nascido?
Estamos no final do verão e as aulas vão começar. Minha mãe insistiu tanto nesta história que
acabei aceitando fazer as malditas fotos para um site de Acompanhantes de Luxo. Fui informada que
no site não aparecia o rosto. Ótimo! Assim não corro o risco de alguém da escola me reconhecer.

Passei o dia inteiro tirando fotos de lingerie, pouco à vontade com um fotógrafo que quase me
comeu com os olhos. Apesar dos meus 17 anos, eu tinha corpo de mulher, e chamava a atenção por
onde passava. Ainda mais sendo loira e de olhos azuis.

Faz dois dias que as fotos foram tiradas, e hoje entrarão no ar. Minha mãe mandou fazer uma
identidade falsa. Nela sou Deina Luz, e maior de idade. Não estou nada feliz em entrar na mesma
profissão que minha mãe.
Depois de receber muitas ligações e nenhuma delas dar em nada, resolvi me deitar. Eram quase
23 horas, quando o bendito celular tocou novamente, e atendi:

– Alô. – minha voz estava meio sonolenta.

– Olá, boa noite. – a voz do outro lado era grossa e chamou minha atenção.

– Boa noite.
É Deina Luz?

– Sim, quem gostaria? – Respondi.

– Sou Nathan King e gostaria de contratar seus serviços. Está livre agora?

– Agora? – olhei para o relógio e vi minha mãe entrar de repente no quarto. Ela fez que sim, para
mim. – Sim, estou livre.

– Ótimo! Onde posso pegá-la? Ou você viria até meu hotel?

– Eu vou até você. Passe-me seu endereço, por favor. – Peguei um bloco de papel.

– Estou na Quinta Avenida com a 55, no Hotel The Península.

– Ok, anotado. Estou perto. Dentro de 30 minutos estarei aí.

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