Ela lembrava muito bem de quando era livre, de quando era alegre, de quando tinha asas para voar.
Ela lembrava muito bem de como era bom sentir aquela brisa gélida e fresca no rosto, de ter os cabelos balançando junto ao vento, de sorrir sem preocupações enquanto batia suas asas pelo céu ensolarado e limpo.
Lembrava de como era linda a cena das flores desabrochando, dos pássaros cantando, do arco-íris se formando após a chuva de verão; o paraíso.
Porém, ela também lembrava muito bem de quando teve isso tirado de si; de quando o céu azul se tornou cinzento e triste, de quando os pássaros não cantaram mais, de quando as flores murcharam, de quando a chuva nunca mais acabou.
Aquela aura mágica e alegre que possuía havia sumido, afinal, ela também lembrava que haviam arrancado suas asas a sangue frio.
Suas asas haviam sido arrancadas, sem a mínima dó ou piedade, sem a mínima compaixão pela dor que a garota sentiu.
Doía, a garota agoniava de dor. Gritava, esperneava, pedia por misericórdia; porém era falho, não havia alma ou coração presentes naquele ato.
Assim que a dor física se esvaiu, foi preenchida pela dor psicológica, mil vezes mais agoniante e dolorosa do que qualquer outra coisa existente; era torturante.
Passou dias se lamentando, andando com seus delicados pés descalços pelo chão gélido de pedra, pela grama seca sem cor e vida, observando o céu cinza com a chuva eterna, que não faria as flores desabrocharem, e muito menos faria os pássaros voltarem a cantar.
Ela andava pelo seu mundo agora melancólico, não sentindo o peso de suas grandes e graciosas asas nas costas, não sentindo-as arrastarem no chão, e não podendo levantar voo para os céus.
Porém, não iria ficar se remoendo para sempre, afinal, ela lembrava, ela sabia, que era muito mais forte do que tudo isso, ela sabia que sua graça e beleza não se resumiam à meras asas, mas sim, ao seu grande coração.
Com suas mágicas e delicadas mãos, recomeçou seu mundo.
Os passarinhos não cantam? Cantarei para eles.
As flores estão tristes? Deixe-me animá-las.
O céu está cinza? Pintarei-o de azul novamente.
Minhas asas? Eu sou as minhas asas.
Aos poucos, seu mundo voltou às cores, voltou à alegria e euforia, voltou a ser o local que chamava de lar. E aos poucos, ela percebeu que, não era as asas que lhe davam liberdade, ela mesma que se dava.
Asas eram apenas um método de se sentir livre, mas não era o único. Afinal, ninguém precisa de asas para voar, quando você mesmo pode se tornar suas asas.
Tentaram colocar o anjo para baixo, tentaram transformar seu mundo e a si mesma num tornado, porém, ela não se resume a tamanho nível; ela é muito mais.
Ninguém a impede de seguir seus sonhos, ninguém a impede de ser livre, ninguém a impede de ter liberdade.
Ninguém lhe tira as asas.
Você não pode impedir a garota de seguir em frente.
Você não pode impedir a garota de conhecer.
Você não pode impedir a garota de ser livre do jeito dela.
Não, você não pode, você não deve, você não vai, parar a garota.
Você não vai tirar suas asas.
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You Can't Stop The Girl.
Chick-LitROSÉ - Ela lembrava muito bem de quando era livre, de quando era alegre, de quando tinha asas para voar. Porém, ela também lembrava muito bem de quando teve isso tirado de si. lírica | força e liberdade | empoderamento feminino. ────────────────── A...