A jornada do louco

O nascimento

A vida é de fato esse pulsar contínuo que nos chama para prosseguir, que nos chama para viver. E Júlio, mais conhecido como o louco,é um andarilho muito curioso, sabe o que é viver esse pulsar em sua essência e também como permitir que a juventude seja um estado de espírito e não somente uma fase da vida.

Tão jovem, tão cheio de vida, o Júlio tem somente 17 anos. Jovem, andarilho e infelizmente, nunca teve o prazer de conhecer seus pais. Mas Júlio não vê isso como algo ruim, até porque, a vida continua e não há tempo para lamentarmos por algo que aconteceu há tanto tempo que ele mal se lembra. Pois é, aos 17 anos, Julio escolheu sair do vilarejo em que morava com seus avós para se aventurar no mundo e conhecer novas possibilidades e o que mais a vida o pudesse proporcionar. Ele não sabia o porquê, mas havia um impulso, um desejo no fundo do seu coração o qual motivava ele a iniciar essa jornada pela vida. 

- Tem certeza disso, meu filho? - Dona Iloé, com seus olhos marejando, pergunta á Julio.

- Tenho, vó. Prometo que em algumas semanas, estarei de volta e com muitas histórias para contar pra senhora. - Júlio responde com todo seu entusiasmo. 

Dona Iloé respira fundo segurando a cabeça de Júlio e dando um beijo em sua testa. Apesar da tristeza, ela já sabia que uma hora isso iria acontecer. Porque no fundo, ela conhecia Júlio e sabia que ele era inquieto demais para o vilarejo em que moravam e que sua imaginação o levaria mais longe do que ele pudesse imaginar. A sua única preocupação era de quando Júlio tivesse que encarar suas próprias desilusões, talvez não estivesse preparado, mas infelizmente, seu neto teria que aprender sozinho.

- Cadê o Toth? Precisamos ir. - Disse Júlio enquanto observava a superfície a procura de seu cão.

No mesmo instante, Júlio pode ouvir o latido de seu cãozinho. Antes que ele pudesse assoviar e chamá-lo, Thot foi correndo com seus pelos castanhos ao vento na direção de seu dono.

- *Au, au!* 

- Vamos, Toth, precisamos ir, antes que o sol se ponha. Vem, garoto! 

- Júlio, toma cuidado, meu filho... Se acontecer qualquer coisa, volte correndo para casa, por favor. - Dona Iloé diz, com as lágrimas contidas dessa vez. 

- Pode deixar, vó. - Júlio diz, com um sorriso mais sereno. Porque apesar de amar sua avó, sente que independente do que aconteça, ele só voltaria após sua jornada terminar. E pra ser sincero, nem ele mesmo sabia quando isso seria. 

- Tchau vozinha!! 

- Tchau, Júlio, meu filho. Que os deuses o proteja..