Como ser um mazaguista

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Quando Jaemin tinha seis aninhos, seus papais finalmente confiaram a ele a maior e mais incrível invenção do mundo inteiro. A maior criação de todos os tempos, o objeto mais legal e tecnológico e espetacular, a coisa mais mágica que já havia passado pela terra: o controle remoto da televisão.

O garoto já estava ficando chateado de ter que ir até o escritório para chamar um dos pais sempre que quisesse mudar de canal. Perguntou, então, ao papai o porquê de colocarem o controle em cima do armário sempre que ele decidia assistir seus desenhos. Tae – tentando conter uma risadinha da carinha emburrada do filhote – o respondeu com toda paciência:

– Príncipe, o papai te ama, mas você é desastrado igual ao seu pai. Parece até que tem um buraco na mão, derruba tudo o que segura. – respondeu, parecendo levemente indignado. – Lembra de quando quebrou aquela garrafinha que sua avó te deu na semana passada? Eu ainda tô tentando entender como aquilo aconteceu.

Jaemin, fazendo biquinho, rebateu: – Aquilo foi um acidente, eu juro que não fiz por querer!

– Papai sabe que você não fez por mal, meu amor. – Tae disse, levantando de onde estava para ir até o filho e deixar um beijinho morno em sua bochecha. – Mas eu acho que deixar o controle longe dessas suas mãozinhas arteiras é mais seguro. Se você conseguiu esquecer o meu celular no quintal, o que é que não vai fazer com o controle remoto?

– Mas eu aprendi com meu erro do passado, sou um menino crescido agora!

– Jae, isso aconteceu ontem. E você não parecia muito arrependido do seu erro quando riu da cara que eu fiz quando vi que tinha lama na tela do meu celular.

– É que sua cara foi muito engraçada, papai! Eu não consegui segurar a risada, mas eu juro que tentei.

O pai não soube se deveria morder o filho por tamanha fofura ou colocá-lo de castigo até os vinte anos de idade por tamanho desrespeito.

– Acredito em você, mas de qualquer forma – levantou-se, voltando a se sentar na poltrona de couro vermelha. –, o controle continua em cima do armário, bem longe das suas mãos.

Jaemin não pareceu querer desistir daquilo que seria uma conquista pessoal.

– E se eu prometer tomar cuidado e não derrubar? Se você quiser, eu prometo!

– Nem pensar. Eu já comprei outros três controles só esse mês. Um teu pai quebrou quando resolveu brincar com você de cavalinho, bateu as costas no armário e deixou cair tudo. Ele também quebrou o segundo controle porque derrubou café em cima dele. E o terceiro, bom, esse aí só Deus sabe onde tá, procurei pela casa todinha e não achei.

– Mas se eu pudesse mexer no controle, ia parar de vir aqui te incomodar toda hora só pra ir lá trocar de canal pra mim!

Mas Tae não cedeu e ainda disse que se visse o garoto arrumando algum jeitinho de pegar o bendito controle, o deixaria de castigo durante todo o fim de semana. Jaemin tinha mais medo dos castigos do papai do que de qualquer outra coisa no mundo, então o obedeceu. A vitória, entretanto, veio alguns meses depois, quando estavam todos na sala, reunidos para ver um filmezinho de fim de domingo na tevê.

Jeongguk pegou o controle em cima do armário e caminhou até o filho que estava sentado no sofá, estendendo o objeto para a criança.

– Hoje quem escolhe o filme é você. – e foi em direção à cozinha, para ajudar o marido com as guloseimas. – Mas pelo amor de Cristo, não escolhe nenhuma daqueles filmes estranhos que só teu pai entende.

Da cozinha, Tae berrou: – Não é minha culpa se gosto de assistir filmes franceses e você é muito lerdo pra acompanhar as legendas!

– Teu pai é louquinho da cabeça, Jaemin, tô te dizendo. – o marido resmungou em resposta.

como sobreviver a uma criança • kookvOnde histórias criam vida. Descubra agora