Capítulo 9 - Afetuosidade

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Seguindo pela rodovia que ligava Newport a Craftsbury Peter dirigia calmamente pelas ruas pouco movimentadas, as nuvens encontravam-se densas e mais escuras trazendo uma possível tempestade ao longo do dia.

- Onde estamos indo? – Emma o questionou, desconhecendo o local a qual estavam indo.

Peter não a respondeu, o garoto não sabia exatamente como, "Estamos indo a uma casa de repouso, apenas aproveite a viagem" A respondeu mentalmente, no entanto apenas deu de ombros.

Emma o encarou, analisando as feições do garoto, a linha fina dos lábios pressionados enquanto a atenção mantinha-se fixa na estrada que seguiam, era visível a tensão que emanava do rapaz.

Emma suspirou ao lado de Peter, não se sentia frustrada por estar ali, mas, não lhe agradava o sentimento de incerteza, não sabia aonde estava sendo levada, e por mais que confiasse no garoto sentia-se desconfortável. Atraindo a atenção do jovem com seu suspiro ele a encarou, um sorriso contido e acolhedor emoldurou os lábios de Peter, ele trocou a marcha descansando a mão sobre o joelho de Emma, ela encarou a palma aberta em sua perna, o calor sendo transferido para o local, não se contrapôs, sentiu-se confortável com o gesto iniciativo de Peter.

Emma ligou o rádio, uma música suave tocou na medida em que a garota aumentou o volume, a voz grave preencheu o carro, a melodia do piano atraindo sua atenção rapidamente.

- Meu bem tem olhos azuis, como um profundo mar azul – Peter cantarolou, a voz roufenha levemente desafinada, o dedo indicador batia levemente na perna de Emma em sincronia com as batidas da música.

Peter possuía uma voz encantadora; grave, Emma mantinha-se virada para ele, um sorriso moldava os lábios carnudos da garota que se encontrava fascinada pela descoberta.

- Quando eu estou ao lado dela, onde eu desejo estar – Peter parecia inerte em seu próprio mundo, envolto em uma bolha onde apenas ele existia – Meu bem tem olhos azuis, e eu estou em casa novamente – Apertou levemente o joelho de Emma na medida em que a música finalizava, os últimos acordes cessaram e ele a encarou, um sorriso aberto de fechar os olhos – Não me olhe assim – Ele murmurou, encontrava-se desconcertado.

- Assim como? – Rebateu a pergunta ao garoto.

- Com essa carinha boba – Ele murmurou – Você fica mais fofa assim, melhor que sua cara habitualmente analítica – A provocou.

- Ei... – Emma encostou o dedo no ombro de Peter, cutucando-o – Eu não sou habitualmente analítica – Protestou – Eu só fico na minha... Que nem você – Riu vendo a expressão desgostosa na face do garoto.

- Você tem amigos – Comentou – As pessoas não falam mal de você pelas costas – A voz insatisfeita não passou despercebida pela garota. 

- Um bando de idiotas se quer saber – Fitou a estrada a frente – Você á uma boa pessoa... – Sobre pôs sua mão a dele – Obrigada pelo elogio.

Peter nada disse, trocou a marcha do carro aumentando a aceleração. Sentia-se confuso ao lado de Emma, era notório a espontaneidade que possuía ao lado dela, algo á qual não estava habituado. 

Atravessando a pequena cidade Peter virou à esquerda entrando em uma sinuosa estrada, as pedras sob as rodas faziam barulhos na medida em que o carro avançava lentamente.

Um prédio chamou a atenção de Emma, a estrutura possuía quatro andares, as janelas encontravam-se preenchidas por grades; as barras densas impedindo a passagem, á coloração voltada para o Paturi já desgastado, Peter desceu do carro sendo seguido por Emma, uma leve garoa caia sobre os corpos, a passos apressados seguiram em direção ao hall principal.

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