São dias escuros, dias sem foco, eu me perdi, e acordei aqui, nesse lugar denso de árvores retorcidas que gritam alto as mágoas da vida.
Monstros me perseguem e arrancam aos poucos minha alma, um corvo de penagem escura e olhos vermelhos cheio de fome e de fúria me rodeia.
Eu me rastejo, quase sem sinais vitais. Vejo luzes distantes, minha esperança acaba aqui, não consigo gritar, não tenho para quem gritar.O corvo de longe deseja minha carne quase morta, ele está a esperar o meu último suspiro, para assim ter seu tão aguardado jantar de luxo.
Caí, entrei e me afoguei de vez no portal da minha depressão, um frio desgraçado congela meu sorriso irônico no tempo, a vida está acabando, cada vez mais escuro, não me assusto com isso.
Perdi o controle de meus próprios demônios, sou um fantoche em suas mãos, um último gole no meu vinho barato.
Os monstros que dei vida, que alimentei, agora acabaram com a minha vida.
Eu vou a chão.
O corvo pousa sobre mim, já aceitei o meu fim. Seu bico enche de água ao me ver, então ele arranca uma fatia de minha carne e diz: "Não se preocupe, junto com sua vida e com sua carne, levarei todos os seus monstros e demônios."Eis meu fim, o jantar de um criatura imunda que vai se apossar de tudo de bom e ruim que já morou em mim.
Ouça: Vida vazia - Codinome Winchester
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Entrelinhas
PoesíaColeção de poemas pelas entrelinhas de tudo que sentimos como solidão, amor, saudade, medos, alegrias, dores, prazeres e outras coisas infinitas, ao fim de cada poema, terá a recomendação de uma música. Cada capítulo um poema, cada poema um encontro...