Talvez azul nem fosse uma cor tao ruim assim

40 4 3
                                    

Jung Hoseok estava atiçado. Seu ano letivo na faculdade mal havia começado e a mesa de sua escrivaninha já estava abarrotada papéis com tarefas, trabalhos e outros afins. O pior é que teria que fazer um deles com Kim Taehyung.

Embora tivesse insistido muito para que o professor lhe colocasse com qualquer outra pessoa seus esforços foram em vão. Ele nunca antes tinha se importado tanto com quem era seu par ao fazer um trabalho afinal era somente um trabalho, mas era inegável que Taehyung despertava algo diferente em seus sentidos.

Tinha certeza que odiava a cor azul, o tom frio e deprimente só lhe trazia tristeza e amargura além de péssimas lembranças sobre seu passado.

A cor tinha um poder sobre si, lhe fazer encarar seus medos e confrontá-los. Sempre foi alguém feliz, sorridente com todos ao seu redor, esperando que sua personalidade extremamente positiva deixasse de lado um pouco de sua infância negligenciada, e que aos poucos tudo fosse esquecido.

Na maioria das vezes tentava não recordar as péssimas noites mal dormidas das quais caíram raios e chuvas torrenciais, tentando focar em qualquer estímulo para que sua mente viajasse pra outro lugar.

De alguma forma tudo corria bem até ele chegar. Até ele lhe desestabilizar.

Kim Taehyung era um garoto comum exceto por suas madeixas azuis turquesa que se destacavam em meio aos corredores do campus. O jovem que almejava um dia se tornar um pintor encantava todos ao seu redor com sua arte contemporânea recheada de tons azulados — afinal esta era sua cor favorita.

O jovem era um sonhador, pensava que através de suas artes pudesse despertar uma reflexão profunda sobre as coisas que aconteciam ao seu redor. Sua personalidade calma, serena e na maioria das vezes pessimista faziam com que as pessoas se distanciassem do artista.

Embora fossem completamente diferentes em alguns sentidos ambos faziam parte de uma família extremamente bem sucedida no mundo dos negócios, eram populares e cobiçados no meio estudantil por causa de sua beleza estonteante. Ao mesmo tempo que estavam rodeados de amigos percebiam que estavam sozinho, a deriva de um grande oceano em que não sabiam nadar.

Hoseok havia acabado de sair da aula de história, torcia para que esse dia acabasse o mais rápido possível, era segunda-feira e em suma tudo lhe remetia as cores azuladas e melancólicas.

Tentava não se lembrar de que mais tarde teria que se deslocar de sua humilde residência para ir na casa do Kim entretanto essa tarefa parecia impossível. Desde que se beijaram acidentalmente em uma roda de amigos completamente bêbados aquela cor não saia de sua cabeça.

Diferentemente do que pensou não era uma lembrança ruim, se recordava detalhadamente do gosto de whiskey presente no beijo, a forma com que aqueles lábios lhe dominavam sem pudor algum em meio a tantas pessoas, sua pegada ardente e possessiva, a volúpia de sua língua que percorria seu pescoço sem — é claro — mencionar aquelas madeixas azuis macias e cheirosas.

Pela primeira vez não havia tido asco daquela cor que lhe pareceu tão bonita. Era inegável o fato de que se sentia atraído pelo pintor que sempre era visto andando com um quadro em mãos.

As camisetas sociais folgadas e amarrotadas lhe davam um ar de despreocupação enquanto perambulava pelos corredores, suas calças em contrapartida eram justas e milimetricamente ajustadas em suas pernas marcando suas coxas um pouco mais do que deveria, seu tênis sujo e encardido com várias pinturas que mudavam a cada semana eram sua marca registrada, bem como as pulseiras neons que enfeitavam seu braço.

Seu estilo podia ser controverso mais acima de tudo instigava Hoseok por ser único, ser diferente.

Assim que saiu da sala se dirigiu ao seu armário se encontrando com Park Jimin, seu melhor amigo.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 19, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Azul Onde histórias criam vida. Descubra agora