4. O elevador

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* Sem revisão *

Não tem forma melhor de começar o dia do que uma boa caminhada no calçadão da praia para relaxar. Sentir a brisa do mar contra o rosto, o sol aquecendo a pele...

— Admirar belos homens correndo seminus...– sussurro, baixando os meus óculos escuros para ver a bunda durinha que corre a minha frente— Que delícia!

Sorrio de lado voltando para o meu apartamento enquanto imagino como seria delicioso comer aquela bundinha empinada a noite toda.

— Bom dia seu Erick.–  Antônio, o porteiro, cumprimenta quando entro no pátio do prédio

— Bom dia Antônio. Como vai as coisas? A esposa e as filhas ainda dando trabalho?

— Estão me deixando de cabelos brancos meu rapaz. Ainda mais agora que a mais nova tá com uma história de namorar. Vê se pode uma coisa dessa!?

— É meu amigo por isso que não tenho filhos– riu batendo no seu ombro

— E você, como anda o trabalho? Ainda com problema pra terminar aquelas pinturas?

Bufo só de lembrar o que me espera no meu apartamento.

Trabalhar como pintor sempre me proporcionou um grande prazer. Sentir o pincel entre os dedos, ver as cores se misturando e criando formas em uma tela em branco...

Eternizar paisagens e momentos em uma pintura sempre foi natural para mim, assim como respirar, até três meses atrás quando um bloqueio enorme me limitou. Nada flui, simplesmente a paixão pela pintura sumiu. As encomendas estão atrasadas e sem prazo previsto para entrega.

— Ainda na mesma. Não consegui produzir nenhum quadro desde... você sabe.– um gosto amargo invade minha boca quando lembro o motivo da falta de criatividade— Já tentei de tudo mas não consigo voltar a pintar como antes.
 
— Você já tentou resolver sua história com o...

— Não.– interrompo incomodado, não querendo tocar nesse assunto — Eu já estou indo, Antônio. Tenho muita coisa para fazer.– saio andando sem esperar que ele diga algo

O bom humor que eu estava se foi e deu lugar para a raiva. Raiva daquele filho da puta que me estragou para os outros homens. Não fodo a três messes enquanto isso ele tá lá no apartamento dele fazendo orgias noite sim e na outra também.

Urgh!! Estou morrendo de ciúmes. Eu odeio sentir ciúmes, ainda mais por alguém que nem é e nunca foi meu.

— ESPERA!– grito quando vejo as portas do elevador se fechando e no mesmo instante uma mão bronzeada de dedos longos se interpõe entre as portas de aço impedindo que se fechem.

Diminuo os passos sem precisar olhar para o homem de terno dentro do elevador para saber de quem se trata.

— Obrigado.– agradeço sucinto quando entro na caixa de metal e aperto o botão do meu andar mantendo o máximo de distancia entre nós.

Não o olho, mas posso sentir os seus olhos sobre mim. Me avaliando como sempre gostou de fazer, do mesmo jeito irritante que fez quando nos conhecemos.

Estou prestes a reclamar para que pare quando o elevador sofre um solavanco e as luzes se apagam por um momento e se ascendem de novo. Aperto novamente o botão do meu andar mas nada do elevador voltar a subir.

— Era só o que me faltava.– reclamo não acreditando que essa merda tinha que quebrar logo agora e justo quando ele está aqui.

— Seu Erick tá tudo bem com vocês aí?– a voz do Antônio invade a caixa de metal, parecendo preocupada— Eu não consigo mais ver vocês, acho que as câmeras deram curto.

Delírios de uma mente devassaOnde histórias criam vida. Descubra agora