Capítulo 01 - O Nome Do Bar

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Alguns Anos Depois

Passei o pano pelo balcão, limpando a sujeira que o último cliente havia feito, era segunda-feira, não houve muito movimento, eu estava afim de mandar os poucos clientes bêbados embora para fechar o lugar, mesmo que ainda faltassem três horas inteiras para o fechamento do estabelecimento, o tédio estava me matando

- Heitor, coloca mais uma dose para mim - o homem que foi traído pela esposa, sim, eu me lembrava dele, ele era um cliente assíduo, todos os dias estava aqui, ele chegava a tarde e saía quando as portas fechavam

- Não está na hora de ir para casa, camarada? - perguntei enquanto enchia seu copo com vodca pura, eu podia preparar um dos meus famosos drinks para ele, mas o homem queria sofrer

- Quando você for, eu vou - ele sorriu, a voz arrastada e risonha, eu não zombava dele, eu não zombava de ninguém, sofrer por amor era complicado e doloroso, eu mesmo passei por isso e por mais que o tempo passasse, eu continuava lembrando de vez em quando

O homem se afastou e sentou a sua mesa, ele até já havia brigado por ela, hoje mais cedo, para ser mais exato, eu tive que tirar o adolescente que ele irritou de cima dele

Peguei o pano do meu ombro e passei novamente pelo balcão, limpando a marca do copo que o homem triste havia deixado, foi quando escutei passos, levantei a cabeça e vi uma moça de cabelos extremamente claros e longos, ela vestia um longo vestido verde e estava visivelmente grávida, o que me fez pensar no porquê de ela estar entrando no meu bar

- Boa noite - ela sentou a minha frente, ela era linda, seu sorriso era doce e seus olhos possuíam cada um sua própria cor

- Boa noite - respondi hesitante - Está tudo bem? Está perdida?

- Não - ela riu, balançou a cabeça e olhou em volta - Eu... Poderia me trazer um copo d'água?

- Claro - respirei aliviado, ela não ia pedir uma bebida e eu não precisaria discutir com ela o quanto isso era errado - Aqui está - coloquei o copo em sua frente e esperei ela dar um gole antes de falar novamente - Eu posso ajudar com algo?

- Eu achei o nome do seu bar bem interessante - ela sorriu - Por que o nomeou de Lua Vermelha?

Fiquei surpreso com a pergunta repentina, no mesmo momento desfiz a minha expressão simpática e fiquei sério, eu não falava disso, eu não falava disso com ninguém e por mais que eu aceitasse escutar a história de vários desconhecidos toda noite, eu nunca contaria a minha, porque ela era minha e eu tinha medo de que se falasse em voz alta, perceberia que tudo foi ilusão

- Isso não é relevante, moça, precisa de mais alguma coisa? - falei alterado

Ela ficou surpresa com a minha brutalidade, no mesmo momento se levantou, seus olhos viajaram ao redor do bar, assustados com a minha reação abrupta

- Eu... Me desculpe, quanto eu te devo?

- Nada, eu não cobro a água

- Então, obrigada - a mulher se virou e saiu rapidamente dali, como um animalzinho acuado

Então eu guardei o copo e voltei a passar o pano pelo balcão, que agora parecia limpo, não havia passado nem um minuto, quando uma bela moça de cabelos escuros e vestido longo azul entrou no meu bar, uma olhada nela e pude notar que também estava grávida, aquilo me deixou perdido, fiquei a encarando até ela sentar a minha frente, sem acreditar no que estava vendo

- Boa noite - ela sorriu amplamente, eu quase devolvi o sorriso, de tão contagiante que ele era, mas me contive

- Boa noite

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