05 - meraki

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Jungkook

— Ai, não — fechei meu armário com força, agarrando o pedacinho de papel que fora cuidadosamente dobrado e lendo rapidamente seu conteúdo.

Outro poema…

Droga.

Eu gostava dos poemas que começaram a aparecer no meu armário há algumas semanas, mas sentia muito por aquela pessoa. Sabia como era amar secretamente alguém que jamais corresponderia esse sentimento.

Eram palavras lindas e claramente muito apaixonadas, mas não tinha mais espaço para ninguém além do Jimin no meu coração.

Infelizmente, de todas as pessoas, eu escolhi a mais inalcançável de todas! Ele já devia ter recebido umas cem declarações só naquele dia e provavelmente não sentiu seu coração palpitar com nenhuma delas, porque já era o esperado.

A minha seria só mais uma para ele... Eu era um tolo.

E quem foi o outro tolo que decidiu se apaixonar logo por mim? Ninguém ali sabia que eu existia. Bom, quase ninguém…

Podia ser coisa da minha cabeça, mas a letra dos poemas era igualzinha a da Ayu. Eu vi quando ela veio me pedir ajuda com a tarefa de biologia.

Se fosse mesmo ela, seria um problemão! Eu definitivamente não a via daquela maneira, mesmo que ela se parecesse tanto com Jimin, fisicamente.

Esbarrei com ela no corredor da nossa sala e logo notei uma caixinha de chocolate em suas mãos; ah, sim, era dia dos namorados… Até me esqueci.

Sorri, nervoso e esquivo, com medo de que ela me desse a caixa.

— Se liga no que eu ganhei — falou, alegre, mostrando a caixa. Respirei, aliviado. — Hmmm… Outro bilhetinho do admirador secreto? 

Ela ergueu as sobrancelhas, insinuativa, observando o papel que eu enfiei rapidamente no bolso do uniforme.

— É… — sorri, ainda sem jeito.

— E o que você têm achado? Disso tudo? Ai, eu sempre quis receber um poema… Até escrevo alguns.

Ela me olhava, sonhadora.

Tudo apontava para ela. Não queria, mas precisava perguntar e acabar de uma vez com aquela questão em potencial, que poderia se tornar uma bola de neve e posteriormente uma avalanche caso não fosse resolvida logo.

— Ayu-san… Esses… Esses poemas, são seus? Digo, os que tenho recebido. — a garota me olhava confusa e eu suspirei, sabendo que precisaria ser ainda mais direto se quisesse esclarecer tudo de uma vez por todas. — Você é a minha admiradora secreta?

Ela parou, uma expressão ilegível em seu rosto antes de explodir em gargalhadas.

— Ai, por Deus, Jungkook! Nem dá pra me imaginar escrevendo umas coisinhas melosas dessas. Fala sério, garoto — empurrou meu ombro e eu sorri, aliviado.

É, realmente, eu viajei! Ela se curvou, teatralmente. — Jeon Jungkook, por favor, aceite meus sentimentos!

Eu continuava sorrindo, mas agora me pegava pensando: se não era a Ayu, então quem era?

Ninguém mais parecia me notar, ainda mais depois que meu irmão foi para Tóquio. Ficava me questionando a maior parte do tempo, reparando em todos, tentando entender o que eu estava deixando passar.

Mas depois daquele dia os poemas pararam.

Talvez realmente fosse a Ayu, querendo dar um pouco de emoção na vida amorosa mais monótona de toda a Terra do Sol Nascente.

koi no yokan ☆ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora