Capitulo 7 - Montanha Russa

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Haviam se passado longos dez dias, depois que Amy abrira a caixa que revelava o motivo pelo sumiço de Isabel. Longos dez dias desde que Dani finalmente resolveu dar uma chance ao seu coração e permitir que a caçula dos Collins lhe levasse ao tão sonhado primeiro encontro. É engraçado como as vezes, a dádiva do tempo pode parecer cruel. Quando queremos que ele passe depressa, pode passar devagar, tão devagar, que aquilo que ansiamos tanto que aconteça parece algo inalcançável. Por outro lado, quando queremos que o tempo dure, ele parece correr como nunca antes.

Era assim que as irmãs Collins se sentiam naquela tarde de sábado. A ansiedade as consumia, porém de uma forma oposta. Ana, pela expectativa de finalmente ter um momento com Dani, nunca teve a sensação de ter esperado tanto por algo. Perdera a conta, inclusive, de quantas noites dormiu mal, fantasiando sobre o encontro e se perguntando se aquilo tudo era real. Amy, por outro lado, queria nunca ter aberto aquela caixa, para que esse dia não chegasse. Se ela pudesse teria congelado o tempo por puro receio do que estaria por vir. Sentimentos tão parecidos, e ao mesmo tão distintos. Um era suave, o outro nem tanto. Um remetia a chegada de algo novo e bom. O outro, o desconhecido.

Ana, àquela altura, nem podia mais lembrar-se de quantas blusas havia colocado. Sua cama estava tomada por um emaranhado de roupas de todos os tipos e cores e ainda assim, todas pareciam insuficientes para lhe tornar atraente o bastante para sua executiva. Na verdade, ela nem sabia se queria parecer atraente, ela só queria que a Dani a olhasse como uma mulher e nada mais. Bufou, irritada, esbravejando um palavrão depois de arrancar outra blusa de si.

- Já aviso que as minhas roupas estão fora de cogitação! Se vai sair com a minha melhor amiga, terá que dar adeus ao meu closet mocinha. Ela conhece todo meu vestuário então trate de escolher uma blusa ou vai pelada logo de uma vez. Amy brincou com a irmã, tentando distrair seus pensamentos do compromisso que tinha com Isabel em uma hora. Por mais que tivesse seus próprios problemas, saiba o quanto aquela noite era especial pra sua irmãzinha.

- Você não está ajudando idiota.... A caçula bufou, irritada.

- Ei, calma, pirralha! Você fica ótima com todas essas blusas e sabe disso. Qual o problema, afinal?

- Ah eu sei lá. Parece que nada está bom o bastante... Acho que só estou pirando. Saco!

- Ei... olha pra mim ruivinha emburrada. Amy pediu a caçula fazendo voz de criança, e mesmo revirando os olhos, pela primeira vez viu a mais nova esboçar um sorriso, enquanto a encarava - Acredite, Dani já está impressionada o suficiente por você, ou esse momento não estaria acontecendo.

- E se ela me achar infantil demais? Menina demais? Ou desarrumada demais? Arrumada demais?

- Ana... Que isso! Relaxa. A mais velha acabou rindo, segurando a irmã pelos ombros. Você tem que ser você, ok? Não tente ser ninguém mais. Haja naturalmente, vista o que te deixar mais confortável já que está nitidamente nervosa. O amor é verdade acima de tudo.

- Argghhhh! Eu odeio quando você fica madura e melosa assim sabia? É tão irritante! Ana abraçou a irmã, que riu da contrariedade do protesto, e elas ficaram assim, abraçadas e em silêncio por um tempo. Amy acariciou os cabelos ruivos enquanto sentia o aperto das mãos dela em suas costas. Aos poucos, sentiu o coração da mais nova bater mais lento, e os músculos de seu corpo relaxarem contra ela. Amy sorriu singelamente, lembrando de quando a pequena tinha pesadelos, e ela a abraçava dessa mesma forma até que ela finalmente se acalmava. Beijou-a delicadamente na testa assim que encerraram o abraço, orgulhando-se de que havia conseguido. Sua pequena criança agora era uma mulher, que estava finalmente apaixonada pela primeira vez na vida.

- Vai dar tudo certo ok? Eu sei que sim! Agora se apressa. Se você se atrasar vai estragar tudo.

- Eu sei... aquela lá é pontual ao extremo. Se eu me atrasar é capaz dela me deixar plantada na rua.
- Não duvide disso. Elas riram e Amy fez menção de sair, mas Ana a pegou pelo braço fazendo-a se virar.

Caminhos do Amor - Segunda TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora