Capítulo 06

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   Aquilo mais parecia um interrogatório do que uma conversa, faltou só a sala ser escura e ter uma luz na cara dos "criminosos", vulgo Kevin e Iris

   Vivian, Ana e Lívia só não tiravam as roupas dos dois por respeito a criança, que no caso sou eu, e também porque ninguém ali queria ver o Kevin nú, nem os meus piores pesadelos me deixaram tão traumatizada quanto ver ele sem roupa

   Eu heim, da até arrepios, cruz credo, tá repreendido

   — Ainda não entendo o porquê de você não ter nós contado isso a muito tempo – fala Ana para Iris – Somos suas amigas, quase irmãs

   — Eu queria contar, juro que queria – Iris abaixa a cabeça – Mas não é tão simples quanto parece...

   — O QUE NÃO É SIMPLES? – Ana se levanta – Para mim é muito simples, aonde está a dificuldade em chegar e contar para suas "irmãs" o seu segredo

   — EU TIVE MEDO TA LEGAL – Iris também se levanta – MEDO DE ACONTECER COM VOCÊS A MESMA COISA QUE ACONTECEU COM A MINHA FAMÍLIA, medo de vocês se afastarem de mim por-

   — Não me venha com essa história de que sentiu medo. Me poupe e se poupe Iris, não tente se fazer de coitada

   — Agora eu estou dando uma de coitada, se poupe você Analiza – Iris ri sarcasticamente, em seu rosto tinha algumas lágrimas que ela rapidamente limpa com a mão – Não sou eu que fico culpando as pessoas por a minha vida ser do jeito que é. Diferente de você eu assumo o meu erro

   — Fala isso agora depois de que, cem anos?! – agora é ela que ri sarcasticamente – Pelo que me contou você não foi mulher o suficiente para ficar na sua casa

   — E VOCÊ FOI POR ACASO?

   — PAREM COM ISSO – Jae se levanta gritando e se coloca no meio das duas, ainda bem porque eu estava a ponto de fazer isso – Analiza, Iris errou em não contar quem realmente era para você e para as meninas, mas ela teve seus motivos – ele se vira para Iris, porem antes que ele abra a boca a Ana o interrompi 

   — Há, agora ela teve seus motivos? Não venha tentar defende-la, você não me conhece e muito menos a conhece en-

   — JÁ CHEGA, ELE PODE NÃO CONHECE VOCÊS MAS EU CONHEÇO AS DUAS – me levanto – E eu quero que as duas subam agora para seus quartos e me esperem lá, e as outras vão para o meu quarto

   Vejo que Ana tenta falar alguma coisa mas a olho e ela se cala e sobe rapidamente, as outras nem se dão ao trabalho de me olhar e começam a subir

   Não estava aguentando mais aquela discussão, a sorte delas foi que eu não as mandei para outro lugar junto comigo. Não suporto brigas e elas sabem muito bem disso

   Olho para os meninos que até agora se encontram calados, Sam me olha espantado enquanto os outros não tem expressão

   — Me desculpem por isso – começo – Não sei o que deu na Ana para agir desse jeito – suspiro tentando me acalmar – Vou subir e conversar com todas. Prometo que isso não irá se repetir, e amanhã mesmo vou começar a procurar um lugar para que podermos ir

   Começo a subir as escadas, minha cabeça está a mil, não consigo pensar direito e não sei como vou fazer para que as duas se entendam

   Ana sempre foi meio estourada, não gosta de mentiras e nem de segredos, mas mesmo assim não faz nenhum sentido ela ter explodido daquele jeito ali na sala, eu entendo que ela tinha todo direito de saber a verdade, tanto ela quanto as outras tinham esse direito, só que realmente não era tão fácil quanto parece, não era e nem é um segredo simples, muitas pessoas já morreram por conta dele.

   Depois de muito tempo percebemos que o melhor era guardar segredo. Pensamos várias vezes em contar a verdade, sempre achamos que o melhor era que todas soubessem a verdade sobre nós, mas toda vez em que íamos contar alguma coisa grave acontecia

   Sempre tivemos que ficar nos mudando, o máximos de tempo que passamos em uma casa ou um apartamento era de 5 meses, muitas foram as vezes em que a casa fora queimada, ou o apartamento destruído

   Bato na porta do quarto da Ana e logo entro, fecho a porta atrás de mim e me senta na cama, ela me olha de cara feia, reviro os olhos e bato de leve na minha perna para que a mesma se deite ali

   — Vem aqui com a mãe e me conta tudo que está se passando nessa cabecinha – mesmo não querendo ela vem ao meu encontro e se deita, começo a fazer carinho nela enquanto a mesma se abre

   — Liz eu não entendo o porquê dela ter escondido isso por todo esse tempo, somos amigas não somos?! Eu sempre contei tudo para ela, não só pra ela mas para todas vocês – e é nesse momento que ela começa a chorar – talvez eu esteja errada, eu sei que foi errado gritar com ela, mas pochá eu estava com raiva. Na verdade eu só queria que ela tivesse sido sincera comigo dês do começo...

   Me desculpa não ter contado toda a verdade, eu sei que estamos erradas em esconder isso de vocês, mas todo esse segredo é para que vocês fiquem bem e a salvo...

   Ana para de chorar depois de um tempo, continuo acariciando seus cabelos, se ela soubesse o tanto que esse segredo protegeu a vida dela

   — Ana agora eu vou falar e gostaria que você me ouvisse – ela limpa as lágrimas que ainda estavam em seu rosto – A Iris errou em não ter contado que na verdade era uma lobsomem, que ela tem mais de cem anos. Eu realmente entendo a sua raiva, mas também entendo e sei os motivos que levou Iris a não contar, e gostaria que você também entendesse os motivos. Somos irmãs, brigamos, discutimos, ficamos com raiva uma da outras, mas acima de tudo nós nos amamos, e quem ama cuida, entende e perdoa

   Ana se levanta do meu colo e me olha com arrependimento, acho que finalmente ela está vendo que toda a cena não passou de um mico

   — Me desculpa – ela me abraça, a abraço de volta – me perdoa...

   — Está tudo bem, tudo bem – a afasto de mim e passo a mão em seus cabelos – Mas não é só pra mim que você tem que pedir desculpas

   Ela me abraça novamente e logo depois vai em direção a porta, porém antes de a abrir ela se vira para mim

   — Obrigada – confirmo com a cabeça

   — Me espera no meu quarto depois de falar com ela – sem mais delongas Ana sai do quarto

   O que eu não daria para ter uma vida normal, uma vida aonde uma simples desculpa ou um perdão resolveriam tudo?!

   Não é fácil ser quem sou, ainda mais quando se é perseguida, quando não se tem um minuto de paz e a sua própria menta a acusa e te prende

   Respeito fundo tentando conter as lágrimas, me levanto arrumo a roupa e saio do quarto, vou em direção ao quarto de Iris mas não a encontro ali

   Bom, acho que já se entenderam e estão me esperando no meu quarto como pedi

   Sorrio de leve e me viro em direção ao meu quarto, porém não saio do lugar

   Kevin estava do outro lado do corredor me olhando preocupado, tento sorrir mais um pouco para que ele não perceba, mas a única coisa que sai são minhas lágrimas que tanto tentei esconder

   Ele vem na minha direção e me abraça, não demora muito e eu logo contenho minhas lágrimas e me afasto do mesmo

   — Obrigada por tudo e mais uma vez me desculpa pelo que aconteceu – passo a mão pelo meu rosto – prometo que amanhã vou procurar outro lugar para irmos morar

   — Não presisa fazer isso e você sabe disso Lili – sorrio, a quanto tempo ele não me chama assim – Só me prometa uma coisa, não tente desistir de tudo mais uma vez – Kevin tinha uma expressão preocupada em seu rosto

   — Eu prometo Vinlo – o abraço novamente e vou para meu quarto

   Eu prometo, até porque naquela época meus monstros eram minhas únicas companhias, já hoje eu tenho algo por quem lutar, e elas são minha família

Toda magia tem um preço Onde histórias criam vida. Descubra agora