A muito tempo atrás....
Estava frio, muito frio. Meus dentes batiam e minha respiração saia como fumaça da minha boca. Uma neblina densa cobria toda a floresta, mesmo com a Lua no seu auge não era possível se ver nada
Aquele lugar não era seguro, ninguém sabe ao certo o que tem ali, ha muitas histórias ruins e até macabras, apesar de tudo não sinto medo, continuo andando. Aliás não pretendia sair dali viva
Ouço um barulho de água corrente adiante, não é forte então não tem como ser um rio. Ando mais um pouco e me deparo com um pequeno riacho, me sento na beirada e fico olhando a água
Tudo ali era muito quieto, não era possível nem ouvir o fino assobio que o vendo dava, pelo jeito não tinha nenhum animal por ali. Respiro fundo enquanto me deito
Retiro minha varinha do bolso e fico a olhando, não era tão bela quando a da minha mãe, mas era tão poderosa quanto, meu pai me dera ela quando fiz minha primeira magia, fora algo simples mas para ele foi motivo de festa, tudo com ele era motivo de festa
Minha mãe sempre falava que era ali que tinha a verdadeira felicidade, a vontade de se comemorar tudo, até mesmo por uma folha que secará. Ela era muito sábia e muito bela também
Sinto falta deles, até mesmo das brigas, de como nossa vida era simples mas feliz, vivíamos em uma pequena cabana no meio da floresta, longe de tudo e todos, bom era o pensávamos
Ainda não consigo entender o porquê, eles não fizeram nada para ter o fim que tiveram, eram ótimos pais e bons amigos, eram puros e nunca fizeram mal algum
Seco as lágrimas que rolavam pelo meu rosto, me sento novamente e tento me lembrar das palavras, não queria deixar nem o meu corpo nesse mundo
Respiro fundo e coloco a varinha apontada para o meu peito. Bem chegou a hora, não consigo mas viver nesse mundo sem eles
— O que está fazendo? – assusto, viro para trás e acabo proferindo uma magia de fogo contra a pessoa, que descobri depois de olhar direito ser um menino – Aí, aí, sai, saiiii – ele corre em direção ao riacho e se jogo no mesmo – Por que fez isso? – continuo o olhando sem falar nada – Ei estou falando com você, não seja mal educada, vamos lá não vou te fazer mal
O garoto tenta se aproximar mas dou passos para trás. Como não o ouvir chegar, como me achou aqui e porque está aqui
— Já vi que não vai responder – ele mormura – Bom, vamos começar de novo então. Olá me chamo Kevin Eigenheer e moro na aqui perto, a oeste negro
O que, mas essa matilha havia sido destruída a muito tempo. Como era possível? Aquele lugar era inabitável. Ele não deve estar falando a verdade
Dou mais passos para trás e aponto minha varinha para o menino a minha frente, ele levanta os braços e me olha assustado
— Não vou te machucar – fala rápido – Por que não acredita em mim?
— O que está fazendo aqui e como me achou? – pergunto ainda com apontando a varinha para ele
— Como já disse, eu moro na matilha que está mais a frente e não sei quem é você. Só estava andando um pouco e te achei aqui, fiquei curioso, por isso me aproximei – ele fala ainda assustado, não percebo nenhum sinal de que ele está mentindo, abaixo a varinha e o mesmo repita aliviado
— Ninguém nunca te falou que a curiosidade matou o gato?, Eu podia ter te matado com o susto que me deu – falo e ele solta um sorriso frouxo
— Já me falaram sim, mas sempre achei besta – o garoto da de ombros – Até porque sou um Lobisomem não um gatomem
Não acredito que ele falou isso, o pior é que ele está rindo como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Reviro os olhos e dou as costas para ele e começo a andar
— Ei volta aqui – ouço seus passo atrás de mim. Que maravilha agora o escuto andado – Eu só respondi a sua pergunta – sério isso?? – Nem foi tão mal assim. Espera, vc nem me falou seu nome – Kevin segura meu braço fazendo com que eu pare
— Eliza, agora me deixa em paz – puro meu braço mas não adianta de nada, aponto minha varinha para ele novamente mas ele ainda não me solta — O que você quer?
— Conversar – sorri
— Eu não quero conversar – tento me soltar novamente e dessa vez o garoto me solta, volto a andar para longe dele
— Sabe – sua voz me faz olhar pra ele novamente – Se quiser conversar eu posso te ouvir
— Não quero conversar – me viro novamente – Me deixa em paz
— Tudo bem, mas posso te dar pelo menos um abraço? – o olho assustada – Você parece que precisa de um abraço Eliza – ele abre os braços
— Não quero e não presiso de um abraço – respiro fundo e o olho – Só preciso ficar sozinha
— Te entendo, vim pra cá para ficar um pouco sozinho também – ele suspira abaixando os braços – Mas acabei a encontrando, não sei porquê mas algo dentro de mim falou para chegar perto. Não te conheço e nem sou do falar com estranhos. Eu sei o que você veio fazer aqui, até porque ninguém vem aqui por conta das lendas, não sei o que te levou a achar que essa é a melhor decisão, mas quero que saiba que esse estranho a sua frente está disposto a te ouvir, não vou falar nada, só vou te ouvir... Desabafar é bom as vezes, não guarde tudo isso, só vai te machucar
Olho em seus olhos, mesmo com a pouca luz era possível ver que eram diferentes, um era verde e o outro azul, algo naqueles olhos me fez abaixar a guarda
— Devo estar ficando louca – murmuro mas com certeza o garoto ouviu, audição de lobo são as melhores — Você venceu, eu preciso mesmo colocar tudo pra fora
Voltamos em silêncio para a beira do córrego e nos sentamos. Conto tudo que estava me machucando, e como prometido ele apenas me escutou, não falou nada
— E por isso estou aqui, simplesmente não consigo mais viver nesse mundo – a essa altura nem limpo mais as lágrimas
— Eu não sei o que é essa dor que está sentindo, graças a Lua nunca perdi alguém próximo a mim, mas também sei que não é a melhor escolha se matar – Kevin repita fundo – A alguns minutos você não tinha ninguém, mas agora tem a mim, sei que não sou a melhor pessoa do mundo e nem ocuparei o lugar dos seu pais, mas posso ser como seu irmão mais velho – ele sorri – Isso se eu realmente for mais velho que você. Então... Tudo bem?
O que eu tenho a perder? Já não tenho ninguém mesmo e em nenhum momento Kevin se mostrou alguém mal
— Tudo bem – sussurro e ele sorri mais
— Agora vamos comer Lili – o garoto se levanta e estende a mão pra mim
VOCÊ ESTÁ LENDO
Toda magia tem um preço
FantasyAté onde a curiosidade pela magia pode levar uma pessoa? Ao poder? A loucura? Ou talvez a morte? Perguntas sem respostas?... talvez? A magia é mesmo algo impressionante, com todos seus feitiços, poçõe...