Capítulo 1

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Eu estava lavando as panelas com grande concentração, ouvindo uma música bem mexida no fundo. Enquanto escutava rebolava até ao chão sem pudor. Afinal, estava sozinha em casa e ninguém iria ver-me

- Claudia, o que significa isso? – A minha patroa deu um grito e joguei a panela no chão assustada quebrando um azulejo. Caracóis! Sou uma desastrada.

- Ah dona Marta, que susto! A senhora quer matar-me do coração?

- Menina abusada. Nem sei porque ainda não te despedi. – Ela resmunga, saindo da cozinha.

- Talvez porque não vais encontrar ninguém que aceite ganhar esta miséria para arrumar a sua bagunça. – Resmungo baixinho, pegando a panela do chão. Essas madames que só sabem reclamar! Dai-me paciência.

- Ó Claudia! Onde está o meu vestido? – Caracóis! O vestido.

- Já vai dona Marta! – Gritei em plenos pulmões. Onde eu iria arranjar um vestido? Maldito ferro!

- Claudia. Chega de enrolação. Onde está o meu vestido?

- Uff! Ei dona Marta. Qual vestido? – Perguntei sem fôlego, por subir as escadas a correr.

- O vestido preto, Claudia. Pelo amor de Deus. O vestido do baile.

- Qual baile? – Perguntei confusa. Ao que parece, estava metida em maus lençóis.

- O baile de máscaras da elite Mindelense. Pelo Santíssimo Senhor. Isto é importante para mim. – Hum... baile? Elite? Eureca. É isso! A minha chance.

- Sabes dona Marta! Não vi nenhum vestido. A senhora tem a certeza que o tem? – Perguntei na cara de lata. Nunca iria confessar que queimei aquele maldito vestido. Também, porque nunca ninguém avisou-me que não devemos passar roupas de seda a ferro? Aff!

- Comprei o vestido já faz um mês. Escolhi-o a dedo só para esta ocasião. Mandei-te passa-lo por água ontem sua cabeça de vento. Onde está?

- Um ladrão roubou. – Respondi rápido arregalando os olhos. – Além do mais, o vestido não era tão bonito assim. A senhora já teve bom gosto.

- Criatura! O que faço contigo? – Os seus olhos negros tremiam de raiva, fechando os punhos com força. – Sua inútil, se o vestido não aparecer até as 16 horas, serás despedida.

- Calma dona Marta. A senhora quer um copo de água com açúcar? – Perguntei-a, fazendo festinhas no seu ombro cor de leite.

- Sabes de uma coisa? Cansei. Estás despedida! Arruma as tuas coisas e fora da minha casa.

- Dona Marta, não faz isso comigo. Não tenho para onde ir. A senhora sabe. – Implorei, ajoelhada no chão e com as mãos em forma de prece.

- Problema teu. Fora do meu quarto! – Ela disse enxotando-me dos seus aposentos. Mulher ingrata. Tudo isso por causa de um vestido horrendo.

Mas ela não perde por esperar. A Operação Assalto ao Convite vai começar.

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Glossário

elite mindelense - Mindelense vem de Mindelo, que é a cidade de São Vicente

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Beijos de chocolate! 😘😘😘

Entre Panelas e VestidosOnde histórias criam vida. Descubra agora