Capítulo 6

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Subi em cima de uma mesa, chutei as louças que estavam ali e o castiçal que possuía uma máscara doirada com uma pena branca.

Comecei a dançar ao som do violino rebolando e dando gritinhos para animar a festa. Praticamente todos os presentes já tinham-se dado conta da minha presença. A Majoris Canis não pode passar despercebida, não é? Nem mesmo diante do sol.

Com certeza já estavam todos dormindo pelos cantos fingindo divertimento. Quem em pleno século XXI coloca violinos a tocar numa festa? Só faltam camas almofadadas na decoração para que os convidados possam dormir. Dai-me paciência!

- Sabem do que precisam? – Perguntei gritando para o meu público amado – De um bom funk e rebolarem até ao chão. Vem dançar comigo simpático velhinho! Estou livre, leve e solteira! – Disse arrastando um senhor que aparentava ter uns setenta anos para cima da mesa. – Vamos! Rebola. Não sabes se vais morrer amanhã, então aproveita.

Ele todo assanhado, começa a fazer uma dança esquisita.

-Levas mesmo jeito grisalho. Isso! Mexe esse esqueleto roído. IA! – Começamos a fazer um sapateado divinal, a altura dos grandes mestres do circo. Por pouco não fomos confundidos com palhaços.

- Desce daí senhora!

- Venha dançar também carequinha. Mas fica ali no chão, porque senão a mesa arrebenta. – Chamei o rapaz fantasiado de policial, dando umas piruetas, quase derrubando o velhinho. – Mas não sei se a fantasia ficou muito bem em ti, afinal a temática do baile é renascença ou não? Existiam policiais fardados de azul na idade média?

- Não estou fantasiado, minha senhora. Queira acompanhar-me até a delegacia? – Analisei-o dos bicos das suas botas pretas até ao reflexo das luzes na sua careca com cara retorcida.

- Até que és bem jeitosinho. Mas não fazes o meu tipo. Desculpa! – Continuei a dançar rodopiando o velhinho, surrupiando a sua carteira. – Opa! Cuidado grisalho, assim acabas por desequilibrar-te. – Agarramo-nos um ao outro dando altas gargalhadas. Que simpático velhinho! Aproveitei o aperto e surrupiei-lhe o seu Rolex.

- Ei! Eu vi isso! A senhora está presa por roubo e por desacato a autoridade.

- O quêee? – Comecei a rir descontroladamente com as mãos no peito. – Não é nada disso carequinha. Apenas estou ajudando o grisalho. – O povo que vê maldade em tudo.

- Minha senhora, é o último aviso! Ou a senhora desce daí e acompanha-me até a delegacia, ou serei obrigado a utilizar a minha autoridade para fazer isso.

- Podes dar-me uma bebida? Estou com garganta seca. – Pedi a um garçom que passava por ali. Abaixei e peguei uma taça com um liquido alaranjado. Dei dois goles e verti o resto na cara do carequinha. – Quando uma mulher diz não é não sem cabelo. Se insistires, vou chamar a polícia!

- A senhora é doida? EU SOU UM PO-LI-CIAL E ES-TOU DAN-DO–TE VOZ DE PRI-SÃO. – Ele falou pausadamente, dividindo as palavras em silabas como um retardado. – Aí, Anderson? Preciso de reforços aqui em cima para controlar uma maluca possuída. – Ele retirou o seu Walkie Talkie e falou com uma pessoa do outro lado.

- Nooosaaaa!!! És mesmo um policial! Que emoção. Posso pegar no teu Walkie Talkie? – Disse já descendo, pegando no instrumento.

- Não. – Ele respondeu seco. Parece que é preciso verter uma caixa inteirinha de refrigerantes em cima dele para que deixe de ser amargo.

- Eu quero só pegar. Que coisa!

- A única coisa que a senhora vai pegar são as algemas. A senhora está presa. – Ele disse voltando-me para trás e prendendo os meus braços atrás das costas com a algema. Isso me deu ideias perversas. É melhor nem mencionar.

- Não sou uma senhora, sem cabelo. Tenho apenas 25 anos, ao contrário de ti que parece com uns 700 anos com esse mau humor. Conde Drácula! Malvado! Mafioso!

- A senhora tem o direito de permanecer calada, tudo o que disseres pode e será utilizado contra si. Tens direito a um advogado, caso não tenhas um, o estado irá disponibilizar um. Percebeste? – Eu sussurrei um sim bem baixinho contrariada. – Então, cala a boca! – Que grosso! Eu vou processa-lo no sindicato das vítimas desprotegidas. No tribunal anti-trogloditas. No clube das mulheres no Poder. – Entra na viatura. – Ele baixou-me a cabeça, colocando-me no veículo sem nenhuma delicadeza. Alguma coisa está passando com esses homens Cabo-verdianos. Falta de tática!

Quando entramos na delegacia, eu fui levada diretamente para a sala do delegado. Quando cheguei ali, não consegui parar de gargalhar.

- O que é isso? Uma alienígena gelatinoso atrás de uma mesa?

Palavras: 751
Total: 3430

Glossário

escova de dentes Reinast - a marca de escovas de dentes mais cara do mundo

Majoris Canis - é a maior estrela conhecida do universo (cerca de 2100 vezes maior do que o nosso Sol)

Oooooiiiiieeee!!!! Boa tarde encaracolados. Mais um capítulo da maluca do milénio.

Eu sei que atrasei em postar este capítulo, mas foi sem querer e para compensar, o capítulo de hoje ficou um pouco maior.

Eu não vou prometer uma  atualização amanhã para não criar expetativas, porém posso dizer que falta pouco para o nosso conto terminar.

Até a próxima postagem e um bom fim de semana a todos.

Beijos de batata frita e frango grelhado 😘😘😘 meus encaracolados!!!!!

Entre Panelas e VestidosOnde histórias criam vida. Descubra agora