1 dia antes
Allie só podia ter enlouquecido, pensei.
É claro que eu percebia o desconforto de Allie na escola. Mas não é como se eu fizesse de propósito. Além do mais ela estava sendo muito injusta, não é como se nos últimos dois anos da minha vida eu não tenha estudado o tempo inteiro, sem me lembrar nem de comer.
E sobre os meninos e amigos eu não controlava, eu simplesmente tentava ser legal com as pessoas e os garotas só tinham começado agora quando eu estava estudando tanto que nem percebi o quando meu corpo estava bonito, com coxas e definidas, com um bunda e peito grandes e sem barriga. Porém ela sabia que eu tinha conseguido isso só porque além de estudar muito e trabalhava num supermercado 24 em todo meu tempo livre com "faz tudo". Não é como se tivesse sido "fácil". Minha vida na verdade só tinha começado a ficar "perfeita" a 3 meses.
- Emilie? - chamou minha amiga Ana do Brasil, estávamos em uma chamada de vídeo pelo computador que EU comprei. Do qual Allie olhava com um pouco de inveja. Mas afinal ela tinha GANHADO um CARRO dos nossos pais. Do que ele tava reclamando?
- Oi Ana, desculpa eu estou meio voando. - "voando" quem será aquele cara? Será realmente asas de verdade?
- Tudo bem. Eu só queria saber se você vai mesmo vir para o Brasil nas férias. Você vai?
Ana tinha corpo de modelo, esbelta e alta e como eu nesses últimos meses tinha ficado implacavelmente bonita, com longos cabelos lisos.
- Sim, se tudo de certo. - sorri ao lhe contar o resto. - Talvez eu até leve meu namorado.
- Tá brincando você tirou seu bv? - perguntou escandalosa quase rindo.
- Não, - neguei feliz. - mas Jason tem sido um anjo e... - "Anjo", eu estava começando a me preocupar com as palavras.
- E? - indagou curiosa.
- E eu vou dar um chance.
- Uuuuuuu! - comemorou me fazendo rir junto com ela.
- Ei fala baixo, meu fone de ouvido é alto. - reclamei rindo.
- Nem tô acreditando... - a transmissão de repente falhou, como nunca tinha acontecido antes. Porém logo voltou com Ana fazendo seus dedos se beijarem. - Beijo, beijo, beijo.
- Sua tarada! - reclamei da sua palhaçada me esforçando para parar de rir.
- Eu? - perguntou fingindo incredulidade. - Quem é a ninfomaníaca aqui?
- Eu sou virgem sua deturpada!
Ana abril a boca para falar quando a tela ficou preta e depois vermelha. E depois normal.
Franzi o cenho, pegando Ana de surpresa.
- Seu computador também está bulgando?
- Não. - respondeu surpresa, ainda com um pouco do sorriso anterior. - Tá tudo bem aí?
- Sim, eu só...
A janela se abriu me interrompendo, deixando com que a neblina da madrugada invadisse o quarto. Estremeci de leve, apertando o moletom contra o corpo.
- Deixa eu fechar a janela. - levantei da cama meio zonza.
A neblina tinha cheio de parque de diversões, por um breve momento enquanto eu andava, descostas para o notebook, eu quase pude ouvir o barulho de crianças correndo e a engrenagem dos brinquedos, quase como num filme de terror.
Eu odeio filme de terror.
Minhas mãos vacilantes tocaram a janela e logo a fechei com força. Meus olhos se abriram com a realidade de repente, para que eu pudesse senti algo me atingindo por trás e tudo ficando preto.
- Emilie? - ouvi Ana gritar. Mas eu não sabia responder.
....
Foi assim que ela apareceu para mim, num sonho.
Allie estava deitada em cima de mim e eu adormeci junto com ela. No entanto assim que comecei a sonhar, sabia que hoje haveria magia.
Estávamos num parque. Por todo lado tinham crianças gritando, brinquedos rodando, comida seno preparada. Nós sentados num banco em frente Ao carrinho de bate bate, cada qual segurando ironicamente uma maçã do amor.
Emilie virou seu rosto para mim, é quando vi seu olhos não pude deixar de pensar que era duas galáxias castanhas, comuns e completamente explodindo de ódio.
- O QUE RAIOS VOCÊ FEZ COMIGO? - gritou jogando sua maçã em mim.
Eu sei que não deveria, mas naquele momento eu só conseguia pesar no como seu rosto era delicado.
- Você parece uma criança brava. - comentei meio rindo, o que aumentou consideravelmente sua fúria.
- SEU ESTÚPIDO! - esbravejou. - Eu perguntei o que VOCÊ fez comigo.
Balancei a cabeça confuso.
- Nada, eu juro.
Emilie me lançou um olhar completamente abalado. A ponta do seu nariz ficou vermelha e foi se deixando cair no chão.
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Anjo?
FantasyEu era uma brasileira normal vivendo minha vida. E por favor parem de me imaginar magra, marrenta, gostosa e linda; eu disse que era uma garota normal. Mas aí eu me mudei para os EUA (e particularmente eu não sei o que de tão interressante vocês vêe...