Poema do Desalento

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Minha desolação me desconforta.

Me dói, destrói, atormenta.

Faz-me arrepender por cada palavra morta.

Desfia a corda da esperança e arrebenta.


As lembranças me prendem.

Incontroláveis, vorazes, de nada dependem.

Porém, minha pouca alegria elas defendem.


Entristece-me cada momento mal vivido.

Cada gaiola fechada que não abri.

Vivendo nessa realidade agora distorcida.

Arrependo-me de cada ideia que desisti.


Outrora quisera eu viver em paz.

O egoísmo era meu trunfo - meu às.

E o mal surge quando isso se faz.


Ainda olho todas as cartas com delicadeza.

Saboreio cada palavra com gosto e desejo.

E me impressiono com tamanha beleza.

Porém, tudo isto agora é o que almejo.


Minha "vitória" foi temporária e minha derrota foi eterna.

Nada que morre pode voltar - arruma-se, reza-se e depois enterra.

E a sede de querer voltar a viver de novo nunca se encerra.


A luz nunca me pegou.

Mas, os que eu amava a viram.

Nenhum momento mais me magoou.

Do que quando acompanhei todos que partiram.


Solitário e com memórias apagadas.

Assombrado por temeridades encarnadas.

E afogado em lamentações inacabadas.


Vago por entre vales, doente e manco.

As trevas me cercam mas não me machucam.

Elas sabem que meu destino eu profano.

E observam minha ruína enquanto dela desfrutam.


Sobrevivo no limiar de uma maldição.

Enquanto tropeço no meio da escuridão.

Cada passo mostra o resultado da minha perdição.


Em meio à morte eu proclamo:

Nenhum réquiem para mim.

Já basta o sofrimento em meu âmago.

E irei descansar enfim.


Mesmo amargurado e perturbado, sim:

Vou me despedir desta terra assim

E os vermes poderão devorar meu fim.

Escrituras de um SimplórioOnde histórias criam vida. Descubra agora