Julho, 1986.
Após aquele jantar no mínimo estranho, eu imaginava que todos nós iríamos para nossos respectivos quartos em busca de descanso e paz.
Mas, enquanto Jeongguk se trocava, e eu voltei para a cozinha para pegar um copo d'água, vi que Jimin estava sentado no corredor externo de nossa residência.
Fumando um cigarro.
Aproximei-me de si, cauteloso.
— Jimin…? — chamei.
— Olá. — Disse, ríspido, colocando o cigarro novamente na boca.
Não estava no clima para conversas.
— Você quer um cobertor? Está frio aí.
— Não. Obrigado.
— Tudo bem. — Fiquei sem saber o que dizer, ele estava realmente chateado com algo. — Bom, boa noite.
Comecei a me direcionar de volta para meu quarto, almejando conversar com Jeongguk sobre isso e sobre nós.
— Taehyung?
Mas Jimin, surpreendentemente, me chamou de volta.
— Hm? — retornei para perto de si.
Ele rangeu os dentes, deixando o cigarro pendendo no canto da boca, e depois abaixou um pouco a cabeça. Estava tímido e desconfortável.
— O que foi? — me sentei ao seu lado.
Respirou fundo, tomando a iniciativa de me encarar enquanto falava.
— Sabia que, no passado, eu odiava alfas com todas as minhas forças? — contou, enfim, e logo percebi que seria um desabafo. — Estavam sempre se achando superiores, os donos da razão, tão egocêntricos e irritantes.
— A maioria é assim mesmo. — Tive de concordar consigo. — Mas existem exceções, como Guk e Jin, por exemplo.
— Realmente, mas antes eu pouco me importava com as exceções. — Confessou, suspirando. — E tudo ficou pior quando eu me apaixonei por um ômega que já estava prometido a um alfa. — Tragou o cigarro, soprando a fumaça em seguida. — Esse ômega era filho dos chefes da minha mãe, e eu costumava ver ele e o alfa dele andando de braços enganchados pelo quintal. — Revirou os olhos. — Nós conversávamos algumas poucas vezes, era sempre ele quem puxava assunto, mas como ele 'tava prometido e parecia feliz com o namoradinho, eu nunca pensei que meus sentimentos fossem recíprocos, sabe? Tipo, qual era a probabilidade de dois ômegas, em uma cidade tão pequena quanto aquela em que a gente morava, gostarem de outros ômegas?
— Não muito alta, eu suponho.
— Não mesmo. Eu tive que vir 'pra Tóquio várias vezes 'pra achar alguém com quem transar. — Disse. — Mas, bem, um dia, quando os pais desse ômega foram passar um mês reacendendo a chama de sua paixão em Okinawa, minha mãe ficou responsável por cuidar do garoto bibelô deles e me arrastou junto porque, de acordo com ela própria, os chefes disseram que o ômega fazia questão de me ter como companhia nesse período.
— Esse ômega por acaso não é o…
— Shiu! — interrompeu-me. — Naquele mês, eu descobri a verdade sobre o primogênito daquela família. Ele gostava do pretendente, de verdade, mas não se sentia atraído por ele da mesma forma que se sentia por mim, e isso que só trocávamos algumas palavras. — Baixou o tom para dizer a última sentença. — A princípio, pensei que ele só queria transar com alguém antes de se casar, porque a cerimônia não ia demorar, mas, como eu já 'tava a fim dele há um tempo, nem me importei com esses detalhes e fui 'pra cama com ele na primeira oportunidade.
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no rainbows | taekook
Fanfiction[CONCLUÍDA] Em 1986, em meio a uma guerra silenciosa, Taehyung chegou em Kyoto, no Japão. Sua mãe tinha se casado com um importante coronel japonês, este que liderava a missão contra os "rebeldes" da época, e o Kim acabou optando por acompanhá-la. N...