Sword Art Online: Platypus Hunters

O Primeiro Dia

Lembro da sensação como se fosse ontem. Deitei em minha cama, coloquei o NervGear na cabeça e segui as instruções para calibrar o equipamento. Pediam para tocarmos as pernas, os braços, esse tipo de coisa. Quando terminei, a opção para começar a jogar apareceu.

Link Start.

Começou. Algumas opções apareceram rapidamente, mostrando situações do sistema, como bateria e conexão de internet. O jogo possuía apenas o japonês como idioma disponível, o que não era um problema, já que muitas janelas do jogo também tinham opções em inglês como padrão. Criei rapidamente um login e um personagem com características básicas. Coloquei meu nome de Kaike, que eu usava muito em jogos online. Eu só queria jogar o mais cedo possível.

Uma luz forte ofuscou a minha visão por uns cinco segundos, talvez até menos, e eu de repente não estava mais deitado na minha cama, e sim de pé em uma grande praça central de uma cidade fortificada. Hajimari no Machi, a Cidade do Começo.

Muitos jogadores descrevem este momento de forma bastante parecida. O maravilhamento com a experiência de um mundo virtual praticamente real.

Acredito que já tenha jogado ALO, ou outros jogos mais recentes que usam o AmuSphere como equipamento de FullDive. Multiplique essa experiência por mil, e você terá uma ideia vaga do que foi Sword Art Online.

Depois de correr um pouco pela praça, vendo alguns jogadores já com equipamentos, formando grupos e essas coisas de MMORPGs, encontrei meu primo. Foi um pouco estranho, sabe? Makoto – Esse também era o nome dele no jogo – tinha só dez anos, e seu avatar era mais alto que o meu. Estranho, não?

A cidade era até bem construída. Quatro vias levavam da praça central direto para fora das muralhas, para os campos de caça. Muitos jogadores combatiam Javalis de pelo azulado e lobos ferozes, as espadas emitindo diferentes tonalidades de brilho conforme as Sword Skills eram usadas.

Poderia explicar o que eram as Sword Skills?

"Habilidades com Espadas" ou "Habilidades de Espadas". São movimentos pré-programados no sistema que impulsionam nossos avatares. Você se sente um verdadeiro espadachim, embora também tivessem habilidades com machados e outras armas diversas. Geralmente são mais fortes do que golpes normais, sem auxílio do sistema, que têm mais chances de você errar o alvo. Porém são previsíveis. Sempre era preciso medir o quanto se usava uma habilidade durante um combate, pois o sistema aprendia e se adaptava ao nosso estilo de luta.

Enfim, compramos um equipamento básico para começar com o dinheiro inicial do jogo. A espada era tão leve quanto se fosse de papelão, e tanto a durabilidade quanto o dano eram poucos, mas eram o suficiente para começar a caçar.

–Atacar! –Makoto gritou, sua espada brilhando em um roxo brilhante, e o Javali na sua frente explodiu em uma chuva de polígonos coloridos. –Consegui!

–Nada mal. –Disse, mirando outro monstro. –Minha vez!

Passamos horas nisso. Era divertido atacar aquelas criaturas, e a maioria morria com um único ataque bem dado. Claro que as vezes levávamos golpes, mas SAO não tinha dor. É engraçado pensar nisso. Lembro claramente de sentir dor em diversos momentos, mas era apenas minha mente registrando algo que não estava lá. O cérebro humano é cheio de surpresas.

Eram quase cinco da tarde. Não lembro como aconteceu exatamente. Foi muito rápido. Minha barra de HP, a minha "vida", estava já na metade. Um total de 75 de dano, mais ou menos, já que começamos com 150. A dele devia estar mais baixa que isso.

Nos afastamos para uma área mais distante. Um Dire Wolf, um monstro um pouco mais forte e agressivo do que os Javalis. Um deles saltou sobre o Makoto, mordendo a mão da espada. Ouvi um grito, a espada caindo, e o avatar dele se desfazendo como uma estática antiga de televisão, explodindo como as dezenas de javalis que matamos durante aquela tarde.