Sword Art Online: Platypus Hunters

Um Mês Depois

Retorno para a conversa após tomar um gole de água no bebedouro do corredor. Com uma rápida ligação, minha equipe conseguiu organizar um horário estendido de visitação, me possibilitando mais uma hora com meu entrevistado.

O Primeiro Andar levou um tempo considerável para ser superado pelos jogadores. Na sua opinião, o que pode ter feito com que demorassem tanto tempo para avançar, sendo que os Beta Testers o conseguiram em menos tempo e com menos jogadores disponíveis?

Já ouviu falar dos Estágios do Luto? Eles são seis: Negação, raiva, barganha, depressão e, por fim, a aceitação. Não foi diferente com os jogadores de SAO.

Os primeiros dias foram um caos total. As pessoas gritando desesperadas, correndo pelas ruas, ou simplesmente ficando sem fazer nada. Esse foi o início da Negação. A situação foi acalmar lá pra uma semana depois. Quando ficou claro que nenhuma mensagem do mundo exterior chegaria, e que não havia como saber o que acontecia com nossos corpos reais, tudo o que podíamos fazer era especular.

Foi quando surgiram os primeiros "grupos". Jogadores, conhecidos ou não, que se juntavam para tentar solucionar problemas.

Um particularmente curioso foi de pessoas que negavam as regras do jogo. Existiam vários. Alguns diziam que se você morresse, ao invés de o NervGear transformar o seu cérebro em carne moída, você acordava e descobria que era tudo uma grande brincadeira. Muitos foram convencidos disso. E muitos se atiraram de um abismo que existia na Cidade do Começo, para nunca mais voltarem. Outros, um pouco mais sensatos, tentavam encontrar uma falha no sistema, algo que pudessem usar para sair sem correr riscos.

Não preciso explicar que não deu certo.

Eu era parte desse último grupo, o qual uma amiga chamava carinhosamente de "Nora", no sentido de "Vira-Latas". Eram os jogadores que jamais deixavam a Cidade, gastando o mínimo de dinheiro possível e passando o dia sem fazer nada, perambulando em busca de migalhas.

Então, pelo que diz, você passou um mês na Cidade dos Começos?

Mais ou menos isso.

Como sobreviveu todo esse tempo?

É impossível morrer de fome na maioria dos VRMMO. Por sorte, SAO nessa questão era diferente da vida real. Mas a fome em si? Ah, essa não desaparecia até que você comesse alguma coisa. De novo, é a nossa mente trabalhando, nos fazendo sentir como se aquele mundo fosse mesmo real.

Eu comprava um pão por dia da NPC que comandava a estalagem onde eu ficava. Claro que chamar aquele estábulo de "Estalagem" é quase como chamar esse hospital de República de Férias, mas servia para dormir durante a noite e custava apenas um Col, a moeda do jogo, por dia. Era um bom negócio.

Esse dinheiro não acabaria em algum momento?

Nosso maior dilema era esse. Sair ou não sair? Arriscar ser morto por monstros, ou pior, por outros jogadores, ou só esperar o inevitável?

Bom, as coisas ficaram diferentes com o passar dos dias. Alguém, um administrador de um site sobre jogos, pelo que soube, começou a organizar os jogadores em prol de completar o jogo. A filosofia era simples: Tudo seria dividido igualmente, incluindo o trabalho e as responsabilidades. Eles se encarregaram de explorar o Primeiro Andar, o Labirinto e encontrar o Chefe para poder avançar o quanto antes. No caminho, descobriam áreas de monstros, missões e coisas do tipo. Logo que eles começaram a usar uniformes, as pessoas passaram a chamá-los de Exército

Como muitos jogadores mal tinham como sobreviver sozinhos, muitos optaram por entrar nas fileiras do Exército. Outros formaram guildas próprias, e outros menos ainda jogavam sozinhos. Essa era a realidade.