Capítulo 12

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Natan Scott

Acordo todo dolorido no banco de trás de Tyler, não lembrava de nada da noite passada e minha cabeça doía como nunca. Tyler estava todo estatelado no banco da frente, eu realmente não sabia que merda tinha acontecido na noite passada. Consigo me ajeitar no banco, mas logo acabo vomitando em todo o tapete de seu carro. A queimação na minha garganta estava insuportável e acabo acordando Tyler com tanto barulho. Ele se vira para trás sem nem conseguir abrir os olhos ainda e vê o seu carro todo vomitado, dava para ver que ele tinha ficado meio puto. Ele desce do carro resmungando e abre a porta de trás:

-Tá tudo bem cara? Se lembra de algo de ontem?

Eu já estava era esperando alguma "bronca" ou algo do tipo. Saio do carro e tiro a camisa que estava com restos do meu vômito:

-De nada velho, só lembro de você indo jogar aquele Ping Pong estranho e depois eu simplesmente acordei aqui.

Ele ri com a minha resposta enquanto olhava para o banco de trás todo sujo de vômito, se escorava na porta do carro e me conta, em meio a algumas risadas:

-Cara você ficou tão bêbado que nem conseguia andar mais, tive que te arrastar até o meu carro. Te coloquei no banco de trás e como estava com preguiça de carregar o bebezão até a cama, dormi aqui mesmo.

Acabo rindo de todo esse vexame, mas rindo mesmo era de vergonha e assustado também, nunca tinha ficado daquele jeito. Olho para dentro do carro e vejo a zona que tinha feito. Esfrego a mão em minha testa e lamento, um pouco envergonhado pela situação:

-Oh velho, pode deixar que faço questão de limpar isso tudo.

Tyler nega com a cabeça e fecha a porta do carro, enquanto procurava atentamente por um balde naquela garagem:

-Mas não vai limpar sozinho mesmo. Você me ajudou aquele dia lembra? Nem me conhecia e foi cuidar de um sem noção no banheiro, agora é minha vez de cuidar de ti, então sem isso!

Sorrio fraco com o que ele diz, então o pergunto:

-Onde que tem pano e material de limpeza, pra gente arrumar isso de uma vez?

Tyler anda inquieto atrás de algo para dar um jeito naquilo tudo. Tempos depois, sem encontrar nada que pudesse ajudar, ele anda em direção à porta que dava para cozinha e me avisa:

-Eu vou pegar um remédio, pois você provavelmente deve estar com uma dor de cabeça infernal, um balde e essas porras pra gente dar um jeito nisso daqui!

Concordo com a cabeça e me sento no canto, checando as mensagens de ontem, enquanto Tyler não aparecia. Não conseguia me lembrar de nada mesmo, abaixo a cabeça e fico brincando com o meu cadarço, que já estava todo acabado. Após alguns minutos Tyler aparece com um balde cheio de coisa pra limpar, um sanduíche de peito de peru, um comprimido e uma água. Ele agacha de frente à mim, me entrega o sanduíche, junto de um copo d'água e o remédio, e orienta:

-Come o sanduíche que preparei pra ti, depois toma o remédio beleza? Se não melhorar a dor de cabeça, você me fala que pego algo mais forte.

Ele sorri e eu o agradeço, enquanto me saboreava com aquele sanduíche, estava morto de fome. Enquanto terminava de comer, Tyler já estava começando a limpeza no carro. Me apresso, termino de comer e tomo o remédio junto com toda a água. Tiro a camisa e vou até Tyler o ajudar:

-Ei cara, o que posso fazer pra ajudar com isso daí?

Ele desvia um pouco a atenção da limpeza, coloca a mão em meu ombro e me sinaliza o que era pra fazer e como fazer. Ficamos quase uma hora limpando a sujeira que eu tinha feito. Quando acabamos, visto a camiseta que tinha deixado jogada no chão e digo para Tyler:

-Acho que é melhor eu já ir pra casa, já dei trabalho demais por aqui.

Rimos e Tyler sugere:

-Pô cara, hoje é sábado, meus pais saíram com Lia para a aula de balé dela e só voltam à noite. Fica aí que eu pego algo pra gente beber e aproveitar a piscina.

Realmente eu não tinha nada melhor pra fazer em casa, fora que estava calor para caralho, não faço ideia de como conseguimos dormir naquele carro dentro da garagem. Olho para Tyler como quem se deu por vencido e aceito sua proposta.

Tyler Hills

Subimos até o meu quarto, onde entrego uma bermuda para Natan usar na piscina e pego uma para mim. Espero ele se trocar e logo em seguida entro no banheiro, tiro aquela calça imunda e coloco uma bermuda com a bandeira dos Estados Unidos. Achava meio brega, mas ia ficar em casa mesmo, então não tinha porquê ser algo demais. Escovo os dentes para me livrar daquele hálito horrendo, e em poucos minutos desço as escadas com Natan em direção à cozinha. Ao chegarmos lá, saco duas garrafas de cerveja de dentro da geladeira e entrego uma para ele. Saímos para o quintal de casa e nos sentamos na beira da piscina, colocando apenas o pé para refrescar. Enquanto abria minha cerveja, Natan me pergunta:

-Cara você lembra de algo que rolou ontem? Eu não lembro de porra nenhuma.

Rimos e enquanto ele dava o primeiro gole em sua cerveja, o respondo:

-Eu só lembro que peguei uma garota qualquer e bebi pra caralho, mas quem se deu bem mesmo foi você viu?

Bato a mão levemente em suas costas e ele me olha com uma interrogação enorme em sua cara. Não demora muito até que ele me pergunte:

-Como assim eu me dei bem, Tyler?

Entro na piscina e o respondo em meio a alguns risos:

-Cara eu já estava morto de bêbado no sofá e chegou você, mal conseguia andar, estava com a camisa ao avesso, além de que estava descendo as escadas, então já da pra presumir onde estava...

Ele ri meio nervoso e tento o acalmar:

-Fica tranquilo velho, você transou em uma festinha, quem nunca fez isso?

Dou mais um gole em minha cerveja já quase a finalizando, até que ele confessa, enquanto entrava na piscina ao meu lado:

-Não foi só uma transinha cara, eu perdi a porra da virgindade e não lembro de nada!

Rio um pouco mesmo que tentasse me controlar e brinco com sua cara:

-Você perdeu a virgindade com 17 anos Natan? Meio atrasadinho em cara, mão já deve estar cheia de calo pelo visto...

Ele ri ironicamente e joga água em mim como forma de revidar e começamos com uma guerrinha de água bem infantil, em meio a alguns risos. Ficamos assim até cansar, não demorou muito para que Natan saísse da piscina e se sentasse na espreguiçadeira olhando o pôr do sol. Isso era uma das coisas que mais me encantava na natureza e não poderia perder, saio da piscina e me sento na espreguiçadeira ao seu lado.

Natan Scott

Ficamos conversando enquanto o sol se punha, nem conseguia prestar atenção direito no sol, minha atenção estava inteiramente voltada para Tyler. O seu corpo sarado, junto com o cabelo molhado caindo perto dos olhos verdes, com certeza era mais interessante que um pôr do sol. Fico meio assustado com esse meu pensamento, eu nunca tinha visto nenhum cara da mesma forma que vejo Tyler. Aquilo era estranho demais pra mim, então corto a história que ele estava contando e digo
apressadamente:

-Olha cara eu lembrei que tenho que estar no emprego às 7 e preciso correr para não me atrasar!

Digo já saindo e Tyler me interrompe:

-Preocupa não cara, eu te levo lá.

Recuso sua carona enquanto andava e percebo que ele fica meio confuso com a situação. Com certeza não estava mais confuso do que eu. Vou para casa e passo o resto da noite pensando nisso tudo e cada vez estava mais confuso.

The Silence of our HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora