20 de junho de 2004

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-Então... Ghouls tiro na cabeça, wendigos deitar-lhes fogo e vampiros decapitação? - Resumi, cruzando os braços em cima da mesa poerenta à frente da lareira, pousando a cabeça sobre eles, aborrecida. Tinha passado as últimas 3 horas a ouvir o Bobby a explicar todas as formas de se matar cada monstro. - Eu devia estar mesmo num hospício...

-Bem, a vida é mesmo assim. - Respondeu, referindo-se ao meu último comentário. - Aqui, - passou-me um livro de capa vermelha. - Diverte-te!

Li o título a letras douradas "Lobisomens: Do Mito à Realidade". Boa... Mais um livro para ler. Já era para aí o sétimo que lia nestas últimas semanas.

Espreitei pela brecha aberta da porta de deslizar, ouvindo o Bobby a falar com alguém por chamada.

-(...) Não sejas assim, John. A miúda podia pelo menos saber o porquê de a mãe ter morrido. - Houve uma pausa - Ela estava-te a ajudar a ti, não a mim, idiota. - O outro respondeu algo que não lhe agradou. O Bobby encostou-se à banca da cozinha stressado. - É por coisas como esta que não tens amigos. - E desligou o telefone.

Voltei ao livro, não era de bom tom ouvir as conversas dos outros e eu não queria que o Bobby soubesse que eu tinha ouvido a dele. Mas podia afirmar com 100% de certeza que estavam a falar de mim e o tal John sabia o que estava por detrás da morte da minha mãe, Alana.

Ele voltou à sala, pegando numa garrafa de whisky e num livro que estava no topo de uma pilha de livros que já não deveriam ser abertos à algum tempo, considerando pelo pó. Um dos telefones na cozinha tocou. Ele rolou os olhos em desdém e foi atender. Poucos depois voltou.

-Eu tenho que ir ter com um colega de caça... Não demorarei muito tempo. Se algum deles tocar, não atendas, és demasiado nova para seres do FBI, CCD ou qualquer outra instituição governamental. - Abri a boca confusa. - E não me bebas as cervejas! - E saiu porta fora.

-Quê, o "mi casa es su casa" não se aplica ao álcool? - Gritei com um sorriso mas ele já tinha saído.

Abri o livro, olhando para o desenho que aparecia na primeira folha. Era um retrato, num estilo medieval e antigo, de como um lobisomem é. Examinei a face peluda, os dentes cerrados e pontiagudos, os olhos animalescos. Virei a página, estavam as notas do autor:

"O homem misericordioso faz bem a si mesmo,
Mas o cruel tortura o seu próprio corpo."
Pr 11,17

Virei a página, estava agora no capítulo I. Bati com os dedos na mesa, enquanto lia as primeiras linhas do primeiro capítulo. De tempos a tempos, pegava na caneta e apontava no meu caderno algo que considerasse interessante ou importante, era um hábito que tinha ganho enquanto andava na escola.

Quando dei por mim já tinham passado quatro horas desde que o Singer tinha saído. Fechei o livro e esfreguei os olhos devido ao cansaço acumulado de passar muito tempo seguido a ler.

Espreguicei-me. Levantei-me e fui ao frigorífico buscar uma cerveja. Sentei-me numa das cadeiras ao pé da mesa. Alguém bateu à porta. Não respondi, o Bobby tinha-me pedido para não abrir a porta a ninguém quando ele não estivesse lá. Bateram de novo. Continuei a beber a minha cerveja tranquilamente. Outra vez o som... Revirei os olhos, suspirando. Pus-me de pé e fui até à porta. Abri-a ligeiramente.

À minha frente estava um rapaz pouco mais velho que eu. Ao ver-me franziu a testa.

-Quem és tu? - Perguntou desconfiado com a minha presença.

-Podia perguntar-te o mesmo. - Respondi não mostrando confiança.

-O meu pai mandou-me vir aqui falar com o Bobby, eles..

Dark Shadows [Supernatural Fanfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora