❄Eu e Harry almoçamos todos os dias juntos por uma semana. Na quarta seguinte, eu notei que tínhamos acabado de criar um ritual de sobrevivência aos dias de aula. Ou ao tédio. Gostávamos da companhia um do outro - ou eu gostava suficientemente da dele para desejar o mesmo e ser otimista sobre isso. Falávamos sobre quase tudo, menos sobre coisas grandes. Como nossas mães. Aquilo só aconteceu uma vez e pareceu um terreno minado depois. Não aconteceu mais.
Em vez disso, montamos uma playlist com músicas para ouvirmos enquanto comíamos - Harry também gosta de Lukas Graham e sempre, sem exceções, cantarola o refrão de Mama Said e sabe a parte mais rápida de 7 years -, falamos sobre história, porque seu pai realmente está escrevendo um livro sobre os primeiros moradores de Nome e a cultura da cidade nos seus primeiros anos e Harry absolutamente se perde em qualquer coisa que envolva história e o seu pai. Ou ambos ao mesmo tempo.
Ele também leva doce, às vezes. Trufas (a favorita dele é maracujá, por causa da cor, a minha, chocolate), bolos (que tem uns 80% de chance de serem caseiros) ou qualquer coisa que não seja o lanche entediante do colégio, com exceção do suco de uva. E conversamos. Por um hora e vinte minutos, todos os dias. Ou mais, quando temos alguma aula em comum e damos sorte de encontrarmos lugares próximos. E tem sido assim. Por um tempo, não penso em absolutamente nada. Ou nada que me deixe triste. Não tanto.
Mas as coisas em casa ainda estão confusas. Daisy está em uma fase rebelde-responsável-pelo-próprio-nariz, o que deixa Dan muito preocupado desde que ela decidiu que começaria a pegar o ônibus sozinha (seguida de Phoebe, mesmo com uma relação de ódio por transportes públicos). No sábado passado as duas fizeram uma apresentação de slides no PowerPoint sobre isso, com os prós de andar de ônibus para a escola.
Era algo como:
1. Temos café da manhã a tempo, com todas as proteínas (foto de Phoebe e Daisy com polegares estendidos, como um selo de aprovação).
2. O Dan não precisa gastar dinheiro de gasolina quando nos atrasarmos (foto do Celta de Dan com um efeito de gatinho no capô e uma smiley face).
3. Interação social com outras pessoas (foto de Daisy sorrindo, porque era a borboleta social da família, junto com uma cara meio emburrada de Phoebe).
4. Louis e Fizzy tem tempos de adulto. E só precisam nos levar até a parada (foto sorrateira de mim e Fizzy deitados no sofá, a minha irmã com a cabeça deitada no meu colo e Doris dormindo sob sua barriga).
O fim foi um gif de, nada surpreendentemente, um gatinho piscando o olho, com glitter ao redor.
Tivemos o contra argumento de que as duas eram muito novas, mas Phoebe argumentou que a faixa etária do ônibus da Nome Middle School era exatamente de crianças com a idade delas, dá segunda até da nona série. Fizzy e eu ficávamos no complexo oposto ao das crianças da idade das meninas, por isso os atrasos deixando as duas lá. Dan poderia levar os gêmeos para a creche, Fizzy poderia buscá-los ou até mesmo eu, quando ele tivesse plantão. E o ônibus era público. E parecia bom.
As duas começariam a ir naquela quarta. Dan estava com os nervos à flor da pele, anotando seu número de telefone, o meu e o de Fizzy nos cadernos delas, o tipo sanguíneo, idade, endereço. Minha turma, no caso de alguma emergência e... tudo que pudesse ser necessário.
E quando as meninas subiram para se arrumar, ansiosas e com Pheebs usando luvas azuis e botas até as panturrilhas, meu padrasto respirou fundo.
"Elas estão tão grandes." Disse, passando a mão pelo cabelo, com a roupa pronta para o trabalho (a decisão o fez trocar alguns turnos, para o bem), o que nos dava um café da manhã em família. "Pegando ônibus. Jesus."
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the warmest soul • larry stylinson
FanfictionLouis mora em Nome, uma das cidades mais frias do Alaska. Toda vez que seu mundo parece desabar - algo que vem acontecendo com mais frequência desde a perda da sua mãe - seu esconderijo é no topo de uma colina coberta de neve a alguns quilômetros de...