Eu definitivamente odeio as quintas-feiras.
Talvez eu devesse ter entendido o primeiro sinal do universo e ficado no conforto do meu quarto em Valhala, com o som acolhedor das árvores balançando, a brisa perfumada de louros e a grama fofa sob meus pés. Mas não, o ingênuo Magnus do passado não sabia como o seu dia seria incrivelmente louco. Só que... Bem, você percebe que terá um dia agitado quando morre antes mesmo do desjejum.
Obviamente, tudo começou no elevador.
Três semanas haviam se passado desde os eventos de quase Ragnarok, vitupério e abertura do Espaço Chase, então os dias passavam com uma agradável quase tranquilidade. E o quase está nessa frase justamente por momentos como este.
Quando saí para o corredor do andar 19 naquela manhã, apesar de não muito cedo, não esperava encontrar muitos einherjar acordados, dado o massacre da noite anterior. Mas é óbvio que ela estava, recostada casualmente na parede, enquanto aguardava o elevador.
Eu nem reparei que tinha parado de andar, o olhar preso em cada detalhe dela, desde os cabelos curtos tingidos de verde com as raízes pretas até os tênis de cano alto cor-de-rosa. Confesso que senti meus batimentos acelerarem enquanto fitava seus lábios entreabertos, os olhos heterocromáticos lindos e perturbadores que brilhavam sempre que ela me assassinava.
Apesar do tempo que passara, não havia mudado muito entre nós. Eu não sabia classificar bem o que tínhamos ou se tínhamos algo de fato, mas todas as vezes que Alex Fierro me beijava ou simplesmente segurava a minha mão eu me sentia completo e o resto parecia não importar. Alex era uma força da natureza, em mudança constante, então eu estava satisfeito em curtir cada momento que ela me quisesse ao seu lado.
Senti o rosto corar quando o olhar dela encontrou o meu, o típico sorriso sarcástico se formando, como se dissesse "fecha a boca, Chase". Encantadora.
- Você também está ótimo hoje, muito obrigada. – ela disse, ainda sorrindo, quando eu finalmente me aproximei. Resolvi responder à altura, de forma inteligente.
- Uh, de nada. – ela gargalhou.
- Você é tão bom com as palavras que acho que o efeito do hidromel de Kvásir ainda não passou.
- Muito engraçada você em – ela acenou com a cabeça, como se dissesse sou mesmo. Como sempre que passo vergonha, resolvi mudar de assunto. – Sabe se ainda está tendo café da manhã?
- Nem perca seu tempo. O salão do nosso andar está completamente deserto, acabei de vir de lá.
- O quê? Eu estou morrendo de fome – reclamei, fazendo a garota rir.
- Ouvi uns boatos pelo hotel de que hoje todas as refeições serão servidas no Salão dos mortos... Algo sobre o grande evento de hoje. - pelo visto minha expressão foi bastante explicativa, pois a garota abriu um sorriso divertido, com aquele ar de "claro, você nunca sabe de nada". – Eu também não sei exatamente o que vai ser, mas deve ser algo grande. Eu nunca vi o elevador mágico atrasar aqui, mas já estou esperando há séculos. Além disso, o pessoal do andar 27 está em Valhala há mais tempo e pareceu bastante animado...
- E quando foi que você esteve no andar 27? – ela se limitou a me dar uma piscadela espirituosa, enquanto entrava no elevador que finalmente chegara. Típico.
Apesar da demora, a cabine estava vazia, exceto por nós dois, o que sempre me deixava levemente ansioso. Talvez minha mente estivesse um pouco influenciada pelos filmes de Hollywood. Me perguntei se Alex sentia aquele mesmo tipo de tensão, mas, diferente de mim, ela era extremamente bem resolvida e fazia o que queria quando queria. O elevador começou a andar, enquanto tocava That old black magic em norueguês antigo. Conhecer a letra não ajudou o meu estado de concentração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quinta-feira
FanfictionTalvez eu devesse ter entendido o primeiro sinal do universo e ficado no conforto do meu quarto em Valhala, com o som acolhedor das árvores balançando, a brisa perfumada de louros e a grama fofa sob meus pés. Mas não, o ingênuo Magnus do passado não...