[EM ANDAMENTO] Úrsula sempre se sentiu atraída pelas histórias que sua avó lhe contava sobre uma nação dominada pela neblina, escondida por detrás das montanhas, onde nenhum humano era capaz de chegar.
Em uma noite não muito agradável, em que deveri...
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O jovem sentado na beira da estrada tinha longos cabelos loiros e um sorriso galanteador, ele carregava um par de espadas cruzadas em forma de X em suas costas e aparentava ter acabado de sair de uma briga daquelas. Por outro lado, havia a garota que o observava, montada no cavalo que um dia, pertencera ao irmão mais velho dela, um animal de pelagem negra com olhos tão escuros e misteriosos quanto às noites que os faziam adormecer.
— Você não tem um pingo de vergonha, Micael — ela revirou os olhos — Quantos foram desta vez?
O rapaz de longos cabelos loiros se levantou de onde estava sentado e caminhou até ela, olhando em seus olhos escuros com certa empolgação. No fundo de seu peito, aquele cara guardava sentimentos pela melhor amiga.
— Foram sete — ele sorriu, sentindo-se divertido — Ulisses se meteu no fim das contas.
— Ele se preocupa com você — Úrsula fez uma careta, irritada pela falta de bom senso que aquele rapaz que dizia ser seu amigo tinha — Você vai andando desta vez.
Micael sacudiu a cabeça, um pouco desgostoso com a punição que recebera. Caminhar do centro comercial até a aldeia do Mar era mais que uma tortura, era quase uma sessão longa e infinita de seu próprio assassinato, como se alguém estivesse lhe tirando a vida aos poucos.
— Essas espadas são pesadas — ele tentou comprá-la, fazendo uma expressão de arrependimento.
— É uma pena — ela murmurou secamente, tocando o cavalo calmamente pela estrada, enquanto seu melhor amigo lhes acompanhava, andando o mais rápido que conseguia para não perdê-los.
Sua festa de décimo oitavo ciclo aconteceria ainda naquele mesmo dia, e seria imperdoável se ela perdesse aquilo por culpa de seu irmão e de seu melhor amigo. Pensando bem, ela ainda não tinha visto Ulisses depois da confusão.
Quando ela adentrara naquele bar miserável, Ulisses e Micael estavam travando uma batalha contra vários homens, aparentemente mais fortes que os dois, que eram bem menores e mais fracos, considerando sua aparência física. Úrsula sempre carregava uma adaga consigo e, ao assistir todo aquele circo, se sentiu na obrigação de intervir naquela situação.
Com poucos minutos de luta, ela conseguiu apartar o tumulto causado por seu irmão e seu melhor amigo, derrubando alguns dos homens no chão.
As pessoas da aldeia a chamavam de selvagem, e muitas famílias praticamente imploravam às estrelas para que seus filhos homens não se aproximassem de uma jovem tão violenta.
— Você vai se casar com o filho dos Kohl? — o loiro quis saber, mais preocupado com a sua situação naquela história toda do que com qualquer outra coisa.
— É claro que não. Miguel sempre me disse que minha segurança está a frente dos desejos de um homem. Portanto, não irei me casar.
Micael sorriu, mesmo sabendo que ele também estaria incluso naquela ideia de ser contra a casamentos.
