"Para conseguir o que quer, você deve olhar além do que você vê."

- O Rei Leão 3.

***

No caminho para a casa de Harry, Louis deixa claro para ele que toda e qualquer interação entre eles à partir de agora é puramente baseada no único propósito de acabar logo com essa situação inconveniente, o que Louis faz questão de repetir várias vezes.

"Ou seja," diz Louis, "essa interação deve ser direta, racional e eficaz ao máximo, pra garantir uma rápida superação dos... eventos."

"Ah, entendi." Harry assente. "E, deixa eu ver se entendi mais uma coisa: você fala sempre assim que nem um velho? Ou é uma coisa de fadas, no geral?"

Niall começa a gargalhar quando Louis fica vermelho, os lábios comprimidos.

"Louis tem uma alma velha," diz Niall.

"E você," rebate Louis, os braços cruzados, "sempre age que nem um semi-adulto inconsequente?"

"Não sei. O que você quer dizer com isso?"

Louis bate o indicador no queixo. "Hmm, deixa eu pensar. Tipo alguém que bebe aos 17 e não leva as situações inconvenientes da vida à sério?"

"Por que eu deveria?"

"O que?"

"Levar a sério."

Louis arfa. "Porque é sério! Porque várias coisas dependem disso, como apenas o segredo de todo um mundo!"

"Isso é fácil de resolver." Harry dá de ombros. "Eu só não conto pra ninguém. Viu? Fácil. Eu não consigo levar a sério porque é tão engraçado. Tipo, você é uma fada-do-dente. Quando na minha vida eu ia me imaginar numa situação dessas-"

"Uma situação inconveniente-"

"Que eu ia estar bêbado e esbarrar com um cara esbaforido roubando o dente da minha irmã. Você tem que admitir que é engraçado."

"Não é."

"Lou, é um pouquinho sim." Niall, o vira-casacas (como Louis bem percebeu que ele é) fala.

"Aliás," diz Harry, "como já estamos nesse assunto, me explica direito desse mundo doido."

"Primeiro, não é um mundo doido." Louis bufa. "É só um pouco diferente do seu. Vou contar apenas o necessário, okay? Já me sinto como um criminoso."

"Bom, tecnicamente-"

"Não é crime nas nossas leis. Não 'evadi' sua casa à toa."

"Rá, rá. Muito engraçado me lembrar do que falei naquele estado."

"Assim como é muito engraçado me chamar de criminoso, não é mesmo?"

"Achava que a interação ia ser direta e racional," Niall interfere.

"E ia. Acontece que ele," Louis aponta um dedo acusatório, "faz questão de desviar o assunto e me distrair.

"Ah. Então eu te distraio?" Harry levanta uma sobrancelha.

Louis sente as bochechas esquentarem apenas levemente. "O- o que?"

"Nada." Harry sorri de canto. "Explica o necessário, então, porque a gente já tá chegando."

Eles estão andando a uns bons dez minutos, e já entraram em mais ruas do que Louis pode se lembrar.

Ele conta à Harry o básico. Das missões, das empresas, do Curso Superior e da missão teste, de como a sua foi incomum e não supervisionada, e de como haveria uma inspeção hoje, na casa dele. Conta sobre o Ministério do Dente, e que, se eles souberem de Harry, Louis pode acabar em maus lençóis, acusado não só de expor seu mundo à um humano, mas também de esconder isso das autoridades.

O Que Aconteceria Se Isso Acontecesse (l.s.) - longficOnde histórias criam vida. Descubra agora