Second Chances

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Mais uma vez eles estavam terminando. Katsuki não podia simplesmente aceitar aquilo assim facilmente, a sua felicidade estava em jogo ali, naquele momento efêmero. Entretanto, não achava que tinha mais forças para discutir, logo ele que sempre encontrava alguma força para brigar e gritar, agora não queria saber de mais nada. Seu único pensamento, no entanto, era que precisava tentar.

— Ei, Shouto, espera — disse, segurando o braço do bicolor sem muita força, apenas o suficiente para impedir que o outro alcançasse a porta.

— O que foi, Katsuki? — Os olhos díspares o encararam com a mesma suavidade de sempre, um tipo de olhar reservado apenas para o loiro, ele sabia que ainda havia sentimentos ali, sabia que o que quer que fosse que estivesse empurrando Shouto para longe mais uma vez, não era algo que não poderia ser consertado.

O problema era que Katsuki era péssimo com essa coisa de sentimentos, ele mesmo poderia destruir tudo ali, naquele breve instante, apenas dizendo a palavra errada, na hora errada, mas ele sabia que precisava tentar, ou perderia a única pessoa que já havia se importado nessa vidinha de merda que tinha.

— Eu queria... ugh, porra. Isso é difícil, me dá um momento, merda — xingou entredentes para si mesmo. — Eu queria propor que viesse morar comigo, mas quer saber... esquece, era algo que eu ia fazer, ou melhor, dizer, antes... disso.

Ele viu os olhos do outro arregalarem, ainda que apenas sutilmente. Tudo que Shouto fazia era sutil e calculado.

— E por que você nunca disse nada?

— Tive medo — admitiu. — Achei que você não aceitaria.

— Medo bobo — balançou a cabeça, seu olhar estava ainda mais suave do que antes —, é claro que eu teria aceitado, não seja idiota.

Essa é a sua chance, Katsuki.

— E ainda aceitaria? — Soltou, a esperança transbordando de seus olhos carmesim.

— O quê? — Shouto respondeu incrédulo, porque a concretização daquilo era um pouco mais assustadora do que a simples hipótese. Katsuki apenas confirmou com a cabeça. — Você quer dizer, eu... vir morar aqui — gesticulou para o apartamento —, com você? Sabe que é loucura, não sabe? O que eu iria dizer ao meu pai? Ele provavelmente arrumaria um jeito de matar a nós dois.

Katsuki respirou fundo, contendo a vontade de girar os olhos, além de contraprodutivo, ele entendia a situação familiar de Shouto o suficiente para não ser um babaca sobre isso.

— Daremos um jeito. — Colocou as mãos no rosto do meio ruivo, o polegar esbarrando cuidadosamente na cicatriz em seu lado esquerdo, encarando seus olhos com aquela intensidade reservada apenas para uma única pessoa no mundo todo: Shouto Todoroki. Só ele podia vê-lo dessa forma. — Não posso perder a chance de ter você aqui. O que me diz?

— Eu... — Shouto parecia considerar todas as hipóteses, e Katsuki podia quase ouvir as engrenagens de seu cérebro trabalhando, sua expressão era séria, encarando-o como se o loiro fosse maluco em sequer sugerir uma coisa daquelas. Mas então ele fez aquela cara de quando se preparava para algo importante, como fazia quando estava determinado, um único foco em mente. — Está bem, Katsuki, vamos fazer isso.

Katsuki o puxou para si e o beijou, com vontade, como se pudesse traduzir tudo o que sentia em um único gesto — ele sempre foi melhor com atitudes do que com palavras, afinal —, e Shouto retribuiu com a mesma intensidade, uma resposta digna, a chama que havia entre eles se transformando em um incêndio que nenhum dos dois tinha qualquer pretensão de apagar.

Stay - bnha | tdbkOnde histórias criam vida. Descubra agora