Capítulo 3

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-Mas que porra!- gritou alto e esperava que pelo volume do som ninguém tivesse a escutado.

O coração batia forte e ela podia jurar que estava com taquicardia. O suor que antes se dava pelo calor, agora descia frio em sua espinha. A garrafa de vinho e as doses de tequila se reviravam em seu estômago querendo sair.

-Pera aí, você não é a advogada gostosa que o Edgard escolheu pra me ajudar?- falou com um olhar divertido de reconhecimento. Claro que para o loiro aquela situação deveria ser muito engraçada, não era seu emprego e seu futuro que estavam em jogo.

-Merda, Tyler. Quer dizer, droga. quer dizer...

-Relaxa, eu entendi. -falou rindo e tocou em seu braço pra a acalmar. Ela apenas se afastou como se o contato queimasse sua pele.

-Olha me desculpa, eu não vi que era você... Só vamos esquecer isso, ok? Você é meu cliente e isso não é nem um pouco profissional, perdão. Te vejo amanhã a noite no jantar. -declarou rápida e saiu correndo dali sem querer ver sua reação.

Onde diabos estava Megan?

A achou em um corredor próximo ao bar, agora com um ruivo baixinho. Ela realmente não tinha um tipo específico de homem.

-Amiga, sabe aquelas doses emergenciais?

A loira parou de conversar com o novo pretendente quando viu que Ellora estava pálida e parecia assustada. Dispensou com educação o acompanhante e foi até ela.

-O que aconteceu?

-Sem querer beijei o Tyler. -quando a amiga ia intervir ela continuou. -Não, não fala nada. Eu não percebi que era ele. Eu estou muito fodida e preciso tomar mais tequila pra descobrir o que fazer.

Megan assentiu e a levou até o balcão, onde sacou o cartão de crédito que guardava nos peitos e o balançou pra fazer os pedidos. Mal sabiam que aquilo só pioraria tudo...

X

A claridade começou a incomodar e ela abriu os olhos. Sentia as paredes a sua volta girarem, o corpo parecia estar em queda livre, como se estivesse em um carrinho de montanha russa despencando de 1000 metros.

A boca seca tinha um gosto desagradável e ela cogitou a ideia de fingir que tinha morrido pra não ir trabalhar. Sentiu os lençóis sobre seu corpo e estranhou a falta de roupas. Tudo bem que estava calor, mas normalmente ela dormia de lingerie...

Se virou no colchão para procurar o celular e checar o horário quando sua mão trombou com um corpo.

Droga. Droga. Droga.

"Não entra em pânico, Ellora. Não entra em pânico.", repetia em sua mente enquanto tentava controlar a respiração. Costas largas e fios loiros apareciam entre os lençóis e ela tentou se lembrar do que tinha acontecido. As imagens começaram a aparecer como quem abre uma torneira.

"Mais quatro doses, garçom"

"Uma marguerita pra minha amiga aqui!"

"Vocês tem sex on the beach?"

"-Olha, foi mal pelo aconteceu lá na pista. Acho que eu também bebi demais."

"-Pode servir outra dose pra nós três."

"-O que você acha da gente se beijar de novo só pra testar uma coisa?"

"-Tyler você achou a camisinha?"

"-Merda, Ellora, isso foi muito bom!"

Os flashs invadiram sua mente como um murro na barriga e ela colocou a mão na boca assustada. "Por favor não, por favor não", mentalizou quase chorando quando cutucou o corpo esparramado no seu colchão.

Defendendo um idiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora