CAPÍTULO II

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-Onde você estava, olha a sua situação, sujo, molhado, este é o comportamento do príncipe de Esmerald?
     Puxo meu braço deixando transparecer a raiva, dou as costas e saio andando sem responder nada.

-Artur! Como sua rainha e sua mãe, eu ordeno que me responda e não me dê as costas!

     Paro próximo a porta que dá acesso a cozinha, me viro e com expressão de raiva a respondo

-E se eu não quiser, o que vai fazer comigo? me trancar no calabouço? ou me deixar com fome como faz com o resto do povo? Estou cansado da sua super proteção, isso me enoja!

     Neste momento volto a perceber que Pierre Heront ainda está na cozinha e prestando atenção em tudo, dou as costas e bato a porta. Mesmo sendo príncipe e filho da rainha Esmel, tenho medo, pois sei bem que quando ela está enraivada, não há quem a segure, e pode ter certeza, só piorei minha situação.
     Retiro meu capuz e vou caminhando até meu quarto. Meu cabelo preto azulado está molhado, na medida que vou caminhando pelo longo corredor, a água vai escorrendo, fazendo com que o piso de mármore fique totalmente molhado e escorregadio.
     Encontro alguns criados pelo caminho, quando me aproximo eles se curvam fazendo reverência, meus passos se apressam cada vez mais. Até que ao entrar no meu quarto, me deparo com a Bonie distraída o arrumando.
Bato a porta e ela se assusta.

-Bonie?! Não queria te assustar, só estou estressado, acabei de brigar com Esmel.

Ela olha para mim sem piscar, não consigo distinguir a expressão facial dela, é uma mistura de surpresa, medo e espanto. Ouço apenas o sussurro dela.

-Para onde você foi?

Dou um sorriso de canto e vou em direção a janela.

-Fui conhecer meu futuro reino- Digo com entusiasmo- Afinal, um futuro rei deve conhecer bem seu povo.

Antes dela abrir a boca para me responder a rainha Esmel entra esbravejando no quarto

-Eu exijo respeito neste castelo, sou sua mãe e sua rainha! Então me trate como uma, e não como criada!

O seu olhar para em Bonie, que se encontra de cabeça baixa.

-E você? o que faz aqui ainda? Não está vendo que estou em uma conversa real? Ou prefere que tome as devidas providências?

Bonie permanece de cabeça baixa e se retira deixando a seguinte palavra "-Me desculpa majestade, não irá acontecer novamente". Quando ela se retira, Esmel caminha furiosa na minha direção e com as duas mãos agarra meus braços.

-Eu exijo saber onde você estava!

Olho no fundo de seus olhos verdes. Suas unhas machucam meus braços pela força. Ela me sacode e grita.

-RESPONDA!

Penso muito antes de responder, meu medo de tornar tudo pior só aumenta, então decido falar toda a verdade!

-Você quer saber?- Me livro das suas unhas e me afasto- Eu fui além do castelo, fui ver com meus próprios olhos toda a mizéria que você e papai fazem, fui ver o meu povo!

Recebo um tapa na cama que me faz desequilíbrar e cair no chão.

-Nunca mais ouse em sair deste lugar sem minha permissão! Você sabe bem os perigos lá de fora! Está de castigo! Amanhã todo o seu protocolo diário será mudado e pela manhã eu e seu pai teremos uma conversa séria com você Artur!

     Ela sai do quarto furiosa, batendo a porta. começo a chorar e junto com o choro, a gritar de raiva, eu nunca tinha recebido um tapa na cara, será que realmente eu sou o errado desde o início?
     Retiro minha roupa e me olho no espelho. Vejo nos meus braços a marca que ela deixou com as unhas. Passo um bom tempo olhando cada traço definido no meu corpo, existem alguns machucados que surgiram quando caí do portão, mas nada muito grave.
Debaixo do chuveiro passeio minha mão em todas as partes com calma, minha cabeça está muito bagunçada, penso em muita coisa ao mesmo tempo. Depois de um tempo desligo a ducha, me enrolo no roupão e vou para a janela.
Me sento no para-peito e fico admirando as estrelas enquanto a brisa fria passeia pelo em meu corpo. O céu está repleto de estrelas, existem poucas nuvens.
Após um longo tempo e com o corpo já seco, fecho a janela e me deito na cama de barriga para baixo ainda pensativo. Retiro o roupão e jogo no chão, ficando totalmente nu. Aos poucos meus olhos vão pesando até que caio em um sono profundo.
Já é manhã, quando acordo com alguém batendo na porta, é o Doffle, ele me acompanha em todas as atividades diárias.

-Majestade? O rei Francis e a rainha Esmel estão a sua espera para o café da manhã, sua presença foi solicitada imediatamente.

     Finalmente abro meus olhos, em meu corpo, não só eu estou acordado, é algo comum no sexo masculino.
     Me levanto rápido e vou tomar um banho. Após o jantar tenho treino com espada no jardim, visto uma roupa básica, que componhe uma calça de couro preta, bota de couro e uma blusa preta de gola alta que em suas bordas há pequenas pedras de esmeralda. Meu cabelo não está muito grande, mas mesmo assim faço um pequeno coque.
     Após me arrumar, me dirijo até o salão. Quando entro, minha mãe já furiosa olha para mim, meu pai está mais calmo e aparentemente nem se importa.

-Achei que um príncipe tinha seus horários!- Diz a rainha
-Esmel, tenha paciência e pegue leve, estamos no café da manhã.- Diz o rei

     Me dirijo a meu assento na mesa, que é localizado de frente para minha mãe. Meu pai como sempre, se se senta na cabeçeira. Quando me sento, imediatamente os criados começam a trazer a comida e se retiram na mesma hora.
     Sempre como a mesma coisa pela manhã, suco de framboesa, uma banana e mingau.

-Então... Artur... Não vai falar nada, sobre sua rebeldia comigo ontem a noite?-Diz a rainha

     Continuo calado bebendo o mingau

-Esmel, agora não, por favor!- Diz o rei
-Agora não? então quer dizer que você apoia todo o comportamento radical de um príncipe? Fugir do castelo? E se algo de ruim tivesse acontecido? E se ele se machucasse?- Diz a rainha

     Na mesma hora me levanto e retiro a blusa. Aponto para meus braços e para meu rosto.

-Está vendo isso aqui no meu braço? Está vendo meu rosto? foi você que fez!- Aponto para ela- Foi você que fez com seu próprio filho. Eu não fiz nada além de sair um pouco desta merda, desse verdadeiro presídio.

     Francis continua calado enquanto olha todas as marcas que Esmel deixou pelo meu corpo. Ela se levanta também apontando o dedo e com um tom de voz mais alto

-Você mereceu! Isto foi por descumprir ordens da rainha!

    Finalmente Francis intervem, ele bate com força na mesa e diz mais alto que todos.

-Chega! Esmel, você está abusando de seu poder como rainha, está aplicando isso em sua família, você deixou marcas EM SEU PRÓPRIO FILHO- Ele aumenta o tom de voz- Artur tem 18 anos, ele sabe se virar, já é chegada a hora de por em prática tudo que o foi ensinado. E Artur- Com o mesmo tom de voz ele se refere a mim- Apesar de tudo, ela é sua mãe, respeitar é sempre dever seu. Após seu treino estarei a sua espera na sala do trono, precisamos ter uma conversa séria.

     Balanço a cabeça concordando

-Se sentem!- Ele diz com tom de voz mais calmo e baixo
-Perdi a fome- Pego uma maçã da mesa e dou as costas.

Na minha turma existem alguns filhos de guerreiros, pessoas da nobreza de todas as idades e até mesmo outros principes e princesas, que fazem parte de reinos aliados. Mal presto atenção no treinamento, não estou com muita cabeça. Pois o "Precisamos ter uma conversa séria" dito pelo meu pai, martela sem parar.

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⏰ Última atualização: Jun 25, 2020 ⏰

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