Alguns dias se passaram desde a reunião espírita. Tenho tido problemas para dormir, simplesmente não consigo. Especialmente hoje.
Estou ouvindo sussurros dos quais não consigo entender, mas estou com medo.
Sinto em meu corpo arrepios e estou trêmula, não sei se é pelo medo.
Risco o fósforo e acendo a vela para iluminar o quarto.
Uma onda de calor passa por meu corpo, seguido por uma onda fria e eu olho para o canto do quarto.
Lá estava uma mulher de pele pálida, vestido preto e simples, com longos cabelos pretos e segurava uma rosa branca em sua mão.
Travo com o medo. Estou paralisada, não consigo reagir.
A mulher desaparece no ar, então eu pego a vela pelo suporte e saio para o corredor.Ando em passos apressados, olhando para trás a todo instante. Meu coração está acelerado e apesar da mansão ser muito bonita, a noite era horripilante. As pinturas nas paredes de cor gélida traziam uma dramaticidade para o ambiente, e, com as sombras vindas da janela brincando por entre essas pinturas, fazia tudo parecer tenebroso.
Desço a grande escadaria com cuidado para não fazer barulho e logo subo a outra escadaria, que leva para os quartos dos hóspedes.
Abro inúmeras portas até encontrar o quarto de Senhor Clauster, que está dormindo na grande cama envolto de colchas e apenas usando calças.
—Senhor Clauster? —Chamo pela brecha da porta, mas ele não demonstra nenhuma reação.
Entro em seu quarto e encosto a porta atrás de mim.
Coloco a vela na mesa de cabeceira e me sento a ponta de sua cama.
Estou receosa quanto a acordar Senhor Clauster, mas também estou com muito medo. Ele disse que poderia me ajudar, então o cutuco e sussurro o seu nome.
—Senhorita Elizabeth? —Ele diz assim que abre os olhos, se sentando em um pulo.
—O que houve?—Estou sendo assombrada e não consigo dormir. Perdoe-me, senhor Clauster. Havia uma mulher em meu quarto e não soube mais o que fazer. —Digo olhando para as minhas mãos. Estou envergonhada, agora que estou aqui me arrependo de ter perturbado o sono de Henry.
—Perdoe-me, não deveria tê-lo acordado. —Digo me levantando.—Espere, Senhorita Elizabeth. Sente-se e me conte direito o que houve?
—Não durmo há dias ouvindo sussurros incompreensíveis, mas hoje quando acendi a vela vi uma mulher no canto do quarto me observando. Ela usava um vestido preto simples e segurava uma rosa branca. Sua pele era pálida e tinha cabelos negros e longos. Não era feia, mas eu senti medo e senti coisas em meu corpo como arrepios e mudanças de temperatura... Estou com medo, senhor Clauster.
—Bom, isto é interessante. Seria mais um dom que sua mediunidade traz. Já passou por alguma outra experiência com fantasmas antes de ir na reunião espírita, senhorita Elizabeth?
—Não, nunca. Apenas sonhos estranhos que pareciam avisos, mas nunca vi ou ouvi coisas... Posso estar ficando louca, eu realmente acredito que estou. Ou talvez não esteja, e talvez eu tenha manifestado um demônio.
—Os seres que manifestam na reunião são seres evoluídos, nunca deixariam vir um espírito ruim.
—Mas eu tenho tido pensamentos profanos, senhor Clauster... —Digo e prendo a respiração. Que vergonha!
Se quero ajuda, tenho de contar o que realmente está havendo para Senhor Clauster.—Que pensamentos?
—As vezes quero... Me tocar. —Digo e a boca de senhor Clauster abre e fecha várias vezes. Fecho os olhos e digo:
—E tenho sonhado com sexo.
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Elizabeth: sonhos de amor
RomanceElizabeth tinha uma vida comum e tediosa, como a de todas as mulheres nobres do século 19. Com a chegada de Sr. Clauster a Inglaterra, sua vida fica mais intensa. Começa então uma história de amor proibida, vivida pelos cantos de uma mansão, pelas s...