Capítulo 3

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—Eu sei que é o que você quer, senhorita.

—Não posso negar, senhor Clauster. Mas meu pai não iria gostar disto, acho melhor o senhor se afastar.

—Não, eu não irei me afastar. —Senhor Clauster diz, me pegando pela cintura e me puxando para mais perto dele. Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha e desfere um beijo em meu pescoço.
—Eu quero você, Elizabeth. —Ele diz sussurrando com sua voz rouca. Minha respiração está falha, me reviro em seus braços quando Senhor Clauster pressiona minha intimidade por cima do vestido e toma meus lábios.

E então eu abro os olhos.

A claridade me incomoda, meus olhos queimam.

O que é isso agora? Nunca sonhei com algo assim... Não deveria, isto é errado!

Mas estava tão bom...
Malditas cortinas que não se fecham sozinhas quando eu me esqueço.

O sol ainda estava nascendo, apenas alguns criados organizavam a casa para quando  os outros acordassem.

Cruzo os braços para me proteger do frio e desço as enormes escadas de madeira até a cozinha, mas me deparo com quem eu não queria, Não neste momento.

—Senhorita Elizabeth!

—Bom dia senhor Clauster.

—O que faz acordada a essa hora? —Senhor Clauster pergunta e quase me engasgo com minha própria saliva pois sabia o motivo.

Invento a desculpa mais próxima do real motivo:
—Tive um pesadelo.

—Quer me contar? —Senhor Clauster pergunta e realmente me engasgo.
—Senhorita, não se assuste mas sou bom com essas coisas. Acredito que os sonhos sejam coisas espirituais.

—Como? —Pergunto me sentindo totalmente uma idiota.

—Já ouviu falar sobre As mesas que giram?

—Oh... Não, senhor Clauster.

—Pessoas se reúnem em volta de uma mesa para manifestação de espíritos. Alguns controlam as mãos dessas pessoas intermediárias e escrevem seus recados, outros possuem o corpo das pessoas intermediárias e falam por si. Acredito que alguns sonhos são ligados ao espíritual... Não sou uma pessoa religiosa, senhorita, mas as vezes compareço nessas reuniões e é extraordinário!

Uau.

—Me perdoe, senhor Clauster, mas meu pesadelo foi sobre algo pessoal do qual não me sinto confortável em compartilhar. Porém, estou curiosa. Manifestações de espíritos são condenadas na minha crença, mas gostaria de presenciar alguma manifestação.

—Tudo bem senhorita, eu entendo. Acabo de chegar na Inglaterra, as reuniões que eu ia eram em Nova Iorque, mas acredito que em breve encontrarei alguma aqui na Inglaterra e assim que encontrar, lhe convidarei.

—Meu pai não permitiria.

—Perdoe-me, senhorita Elizabeth. Comigo ele não se importaria, aliás, ele não precisaria saber o verdadeiro lugar onde você iria. —Senhor Clauster diz. Gostei de seu atrevimento.

—Perdoe-me a falta de educação, senhor Clauster, mas queria lhe perguntar algo. —Me atrevi. Nós, mulheres, não devemos fazer perguntas a homens antes deles fazerem para nós, é falta de respeito mas eu realmente precisava saber.

—Diga, senhorita Elizabeth.

—Qual o primeiro nome do senhor?

—Henry, Henry Clauster. Perdoe-me por não ter lhe dito antes, pode me chamar pelo primeiro nome, senhorita Elizabeth.

—Não é ético chamá-lo pelo primeiro nome. Além disso, gosto de como "Senhor Clauster" soa.

—Eu gosto quando diz "Senhor Clauster". Tens uma bela voz, senhorita Elizabeth. —Ele diz em um tom mais baixo, me fazendo recordar do sonho.

Ele se aproxima em passos lentos e nossos corpos ficam a poucos centímetros de distância. Sinto cada parte de meu corpo tremer, me recordando de seu toque mínimo no jardim. Ele se estica e nossos corpos se esbarram, então ele busca uma maçã na cesta que não havia visto atrás de mim.
—Gosto da cor vermelha em você. —Ele sussurra ao pé de meus ouvidos.

Santo Deus, estou de camisola!

Logo todos acordariam e me veriam conversando com Senhor Clauster usando apenas uma camisola.
—Perdoe-me, tenho de ir. —Digo contra a minha vontade, Senhor Clauster se afasta e eu caminho para longe, sentindo o seu olhar sob mim.

O restante do dia nos esbarramos poucas vezes, deixei de ir cavalgar pois tentei dormir novamente para tentar retomar o sonho de onde parou, o que obviamente não aconteceu. Na verdade, foi melhor assim. Já estou envergonhada por ter sonhado com Senhor Clauster e por ter tido aquela aproximação com ele na cozinha, então decido que vou evitar Senhor Clauster enquanto esta vergonha ainda existir.

Elizabeth: sonhos de amor Onde histórias criam vida. Descubra agora