Capítulo 1

33 6 2
                                    

—Elizabeth, todas teremos que nos casar um dia. Não precisa fazer este escândalo, é só um casamento, santo Deus! —Catherina, minha irmã, dizia para tentar cessar as lágrimas que deslizava em meu rosto.

—Eu sei disto, irmã. Eu quero me casar, eu realmente quero mas não com um homem estranho. Eu quero casar estando apaixonada, papai sequer precisa de dinheiro, se estivéssemos falidos eu entenderia... Queria perguntar para ele o porquê de me casar agora.

—Bobagem a sua querer saber, irmã. Sabes que papai nunca lhe diria, esses assuntos cabem somente aos homens.

—Mas não deveria.

—Tudo bem, está tarde. Irei para o meu quarto me aprontar para dormir. Boa noite, irmã.

—Boa noite.

Após Catherina deixar o quarto, eu limpo os olhos e me viro na cama. Papai queria que eu me casasse, disse que arranjaria um homem para mim e que em breve estaria noiva. Eu queria me casar com alguém que eu amasse, e não com um estranho qualquer que meu pai escolher.

No outro dia pela manhã, acordo com as cutucadas de Louise, minha irmã mais nova. Irritada, digo:
—O que é, Louise? Não vê que estou dormindo?

—Tudo bem, então pode dormir até mamãe vir lhe acordar, você é quem sabe... —Diz Louise afinando ainda mais a sua voz para me irritar.
—Acho que devo lhe recordar do brunch que teremos hoje. Papai disse que virá nosso primo e o noivo de Catherina.

E neste momento, arregalo os meus olhos.
Me esqueci completamente!

Me levanto de meu leito e me arrumo rapidamente.

Pintei meus lábios da cor vermelha para combinar com meus cabelos ruivos, usava um vestido azul claro que realça minha pele pálida e bochechas rosadas. Me enchi de jóias, com certeza!

Me encontro com Catherina e Louise no fim do corredor e me junto a elas, caminhando em passos elegantes enquanto descemos as escadas.

O jeito que uma mulher caminha é o que os homens mais reparam. O que eles mais gostam em nós, é sobre a nossa delicadeza e desde pequena, mamãe nos ensina sobre caminhar.

—Por que demoraram tanto? Depressa, venham aqui. Ele já chegou, está conversando com seu pai antes de subirem as escadas. Catherina, mantenha a postura, seu noivo está aqui. —Disse mamãe prestes a ter um ataque de ansiedade.

E antes de nos sentarmos, a voz de Louis Tatcher ecoa. Papai, o noivo de Catherina e o primo estavam subindo.

Passo as mãos pela saia do vestido, tentando reparar qualquer erro ou movimento estranho que a armação da saia deixasse.

—Senhor Clauster, essas são minhas filhas Louise, Catharina e Elizabeth; e minha esposa, Mary.  Queridas, o senhor Clauster é primo de vocês.

O noivo de Catherina levanta sua cartola para minha mãe, Louise e eu, e se aproxima de sua futura esposa, a tomando pela cintura.

Senhor Clauster se aproxima e beija as costas das mãos de minha mãe, logo depois a de minhas irmãs.
Ele é lindo, um tanto mais velho, mas lindo. Tem uma barba enorme e costeletas de dar inveja a qualquer homem, seus cabelos castanho escuro está penteado para o lado dando um ar sofisticado. Não que ele não fosse, a julgar por sua roupa com babados brancos na gola e botões nas mangas. Ele usava uma bengala com uma cobra de ouro enrolada nela apenas para mostrar sua riqueza.
Senhor Clauster se aproxima de mim, após cumprimentar minhas irmãs. Estico as costas de minha mão direita para ele, que se curva e encosta seus lábios gelados na mesma, sem tirar os olhos dos meus.

Seus olhos eram cinzas, quase gelados mas me passam certo tipo de calor.

Eu sinto que o conheço...
Me arrepio com o seu olhar, e me sinto curiosa a seu respeito. Acredito que Senhor Clauster sente o mesmo, pois ele continua segurando em minha mão e curvado, com os olhos fixados nos meus mas eu também não consigo desviar. Seu olhar era intenso, como se quisesse ler meus pensamentos. Tão intensos a ponto de meu pai perceber e interromper com um pigarreio seguido de uma fala:
—Podemos ir para a mesa? Logo atrás dos convidados.

Seguimos todos para a grande mesa na sala ao lado. Estava claro que Louis queria impressionar Senhor Clauster, sob a mesa havia muitas frutas, pães de todos os tipos, bolos e sucos.
Louis se senta a ponta e Senhor Clauster se senta a seu lado direito, a sua esquerda está a senhora Tatcher. Me sento ao lado de mamãe, de frente para Senhor Clauster.

—Queridas, o senhor Clauster ficará aqui por algum tempo, estamos cuidando de negócios. Espero não ocorrer problemas ou incômodo para nosso visitante. —Meu pai anuncia com sua voz grossa e jeito naturalmente grosseiro.

Durante todo o café da manhã, meus olhos não desgrudaram dos olhos de Senhor Clauster, e os dele também não perderam um segundo dos meus. Me sinto estranha, não posso explicar a sensação de Deja vu ao olhar em seus olhos.

Preciso afastar esses pensamentos.

O jardim é o meu lugar favorito em toda essa mansão, e é lá que vou. Gosto de me sentar em meio ao aroma das flores, perto das roseiras. Mas o que mais gosto é de nadar no pequeno lago que há no jardim. Nem mesmo os criados vem aqui a não ser a jardineira, então eu nadava nua nos dias em que não estavam tão frios. Desta vez não seria diferente, estava frio mas não como nos dias que haviam se passado.

Fecho os olhos e entro na água devagar, gemendo de frio quando a água gelada bate em meu corpo. A água ia até embaixo dos meus seios. Eu firmo os pés no chão de terra e, ainda com os olhos fechados, sinto a água me balançando levemente, dando a sensação de flutuar.

E novamente aqueles olhos cinzas vem em minha mente.

Não, não estou apaixonada, não acredito em amor a primeira vista. Na verdade estou curiosa a respeito do que senti sobre ele.

Senhor Clauster não tem sotaque inglês, então deduzo que ele veio da América do norte. Não encontro possibilidades de já o ter conhecido, mas essa sensação continua.

Abro os olhos e automaticamente cubro os seios ao levar um susto.
—Senhor Clauster!

Elizabeth: sonhos de amor Onde histórias criam vida. Descubra agora