O Meu Despertar na Eternidade

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Mesmo sendo prontamente socorrido o meu sono era constantemente interrompido em sobressaltos. Vi o meu pai chegando desorientado ao hospital. Mais tarde, era a imagem da minha mãe em estado de choque amparada por amigos. Estas cenas apareciam rapidamente e eram entrecortadas por quadros que me tranquilizavam e em seguida adormecia novamente.

Não tinha a menor idéia de onde me encontrava. Em nenhum momento tive medo de enfrentar a nova situação. Sabia que estava vivo, aprendi isso quando estudava a Doutrina Espírita.

Por muitas vezes acordava e voltava a dormir imediatamente. Sentia sempre ao meu lado a presença misteriosa daquela senhora que veio socorrer-me na avenida e que, em momento algum, disse-me o seu nome. Informou-me que deveria ficar ali comigo até o exato momento do sepultamento do meu corpo físico.

Fique tranquilo Marco, sou sua amiga! Ainda muito transtornado pela brutalidade do acidente, ela percebeu que eu gostaria de estar acompanhando o que acontecia com o meu corpo; ao lado dos meus pais para dizer-lhes que continuava vivo.

Sentia-me presente no meu velório, emocionei-me. Vejo a minha mãe soluçando, sentada à minha cabeceira, com o coração ferido fe dor, acariciando com a pontinha dos dedos a madeira daquela urna lacrada. Queria poder confortá-los, mas não tinha forças para tal.

Senti as mãos de um ancião pousatem sobre a minha testa. Novamente uma agradável sensação de alívio. Era o meu protetor de muitos séculos. Reconheci-o como sendo um velho amigo.

Comecei a ver em minha mente imagens de um tempo muito recuado, de uma existência antes da minha vida na Terra e o meu relacionamento com aquele Ser luminoso. Percebi que realmente nos conhecíamos há eternidades.

Preocupava-me, entretanto, com as vibrações de dor e de saudade que os meus queridos familiares irradiavam em minha direção. Naquela semana após o acidente, eu via a angústia e o desespero da minha mãe em querer saber notícias minhas. Talvez um sonho, uma comunicação iria acalmá-la na sua fé que ameaçava ser abalada.

Gostaria de dizer-lhe que estava bem, mas ainda não tinha permissão para isto. Gostaria de informá-la que recebia todas as vibrações de amor e carinho. Que minha mãe reacendesse a chama da esperança em nosso lar. Que o meu pai não se trancasse no banheiro e se debulhasse em lágrimas por minha causa. Que minha casa não fomentasse a dor do silêncio. Que a alegria reinasse novamente em nosso ambiente familiar.

Um médium sem nenhuma ligação à nossa família, alheio as práticas do Centro que minha família frequentava serviu de veículo para transmitir minhas notícias. As entidades assim o fizeram para que minha mãe não tivesse dúvidas da veracidade do conteúdo de tais mensagens.

Senti-me grato por essa compreensão e percebi que me havia sido permitido alcançá-la para que o meu despertar fosse tranquilo.

Mãe, eu estou vivo!Onde histórias criam vida. Descubra agora