Capitulo 01

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  • Dedicado a Ana Julia
                                    

Sonhos pelo céu da boca

Qual estrela deve ser você?

Na imensidão,

Onde a paixão da gente mora

Num beijo seu

Num sonho meu

Será que o nosso filme tem final feliz?

O que a gente faz agora - Marina Elali

Anabella Ventura observou admirada contemplando a decoração do salão superior do baile de máscaras. O tecido brilhoso claro estendido do alto da parede até o chão emitia um efeito 3D. Suspensos na ampla sala havia uma grande reprodução de máscaras exóticas e fascinantes.

Sua mão estava apoiada no belo corrimão de ferro dourado em formato de S, enquanto a outra mão levava a taça de espumante à boca. Lá de baixo, flashes de várias cores cintilavam na pista de dança. Centenas de pessoas em suas roupas extravagantes dançavam no ritmo da música.

Ela era fascinada por essas festas e quando a sua melhor amiga, Carolina, avisou que teria uma naquela temporada, a garota não pensou duas vezes para adquirir o convite.

A música estava animada; decidida a curtir a noite, foi até a ampla escada. Agora, sua atenção estava voltada nas fitas douradas que compunham a sandália de salto que decidira usar naquela noite. Na metade do percurso levantou seus olhos e ficou parada, sobressaltada, olhando para o rapaz parado lá embaixo. Alto e de ombros largos, aparentando ter seus 23 anos, tinha uma rigidez escultural. Usava roupas de gala preta. Os cabelos loiros tinham destaque para alguns fios claros que reluzia nas luzes fazendo-a se lembrar dos primeiros raios de sol no verão. Os lábios dele se apertavam como se estivesse ansioso, e ele a olhou fascinado com um largo sorriso no rosto.

Instintivamente, Anabella sentiu uma conexão com aquele homem misterioso, algo que nunca havia sentido antes, seu coração saltou em um ritmo totalmente diferente do normal, fazendo sua respiração oscilar. Pela atmosfera que emitia, teve a sensação de que já o conhecia há muito tempo.

Decidida a não mais manter a distância que os separava, desceu os degraus vagarosamente mantendo o seu olhar nele, enquanto aquela onda de conexão aumentava. Ao chegar próximo, o desconhecido tocou em sua mão e levou em seus lábios depositando um beijo leve e quente no dorso da sua mão, o contato fez sua pele queimar e ela foi atraída para perto dele. Seu rosto estava muito próximo. Perto demais. Com a intensidade do encontro, ele se aproximou mais, colando seus lábios à sua orelha e revelou algo muito precioso.

Anabella cerrou os olhos no intuito de entender o que dissera, mas não conseguiu congelar aquelas poucas palavras. Ele as pronunciou novamente e a encarou com seus olhos verdes encobertos de lágrimas e aproximou para beijá-la.

Aquela voz masculina e o perfume envolvente, preencheram seu coração com um sentimento nostálgico, um grande e forte amor pulsava de ambos. Ela e ele estavam conectados por um grande fio invisível, onde, no final, sempre se uniam novamente onde quer que estivessem.

Um forte ruído externo, um ruído perturbador, lançou Anabella para longe do seu amado, a cena ficava cada vez mais distante e turva. O som ensurdecedor ecoou em seus ouvidos impedindo que ela descobrisse como era o sabor daqueles lábios desejosos, o toque continuou entrando em seu ouvido, sua mão bateu em um objeto retangular. Um celular. Seu celular.

O sentimento forte do sonho persistia, como se ele fosse tatuado em cada célula do seu corpo, mas assim que abriu os olhos e fitou o teto do quarto, a sensação de reencontro foi se dissipando aos poucos, como se agora estivesse perdendo algo muito precioso ou alguém. Aquelas palavras... as palavras que ele disse... a reverberação vai sumindo no ar até não fazer mais sentido para ela.

Sintonia - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora