"E na despedida
Como é que eu vou beijar seu rosto
Se eu já beijei sua boca?Como é que eu vou te abraçar vestida
Se eu já te agarrei sem roupa?"No dia seguinte à nossa corrida na rua eu acordei escutando a musica sertaneja alta que vinha da cozinha. Eu nunca imaginaria que Rafaella é do tipo que escuta Marilia Mendonça ou Luan Santana; o jeito dela é tão... tão... nem sei explicar! Olhei o relógio e já eram quase meio dia, ela provavelmente tava tentando me acordar de um jeito discreto. Na noite anterior tomamos quase duas garrafas de vinho e ficamos conversando e assistindo filme até tarde, e, inacreditavelmente não rolou nenhum clima, nem o fogo eu tive. O que será que tá acontecendo comigo? Eu já tô começando a pensar que eu não tenho mais atração sexual por ninguém.
-Sertanejo? Sério? - Disse entrando na cozinha e ela me olhou sorrindo largo.
-Eu amo! Tem como não gostar?
-Rafa, quem olha pra você não pensa que você gosta de sertanejo...
-Que estereótipo é esse? É porque eu morei em Floripa? É porque eu sou moderninha? - Brincou deixando um beijo na minha bochecha quando eu aproximei dela. Esquece o que eu falei sobre não ter atração sexual.
-O que você tá fazendo? - Questionei pegando um pouco de café na cafeteira.
-Bolo de chocolate, ia fazer o almoço mas não sabia quando você ia acordar. - Explicou.
-Bom, o sertanejo no ultimo volume foi um ótimo jeito de me acordar. - Brinquei e ela sorriu concentrada na mistura do bolo.
Você já se apaixonou por alguém só olhando pra ela? Tipo vendo a pessoa fazendo as coisas mais comuns do mundo? Não tem intenção de seduzir nem nada, é só... tão normal que dá aquela sensação de casa.
Melhor mudar esses pensamentos porque daqui a pouco a musica da Marilia Mendonça vai dizer "se amar assim for brega, me chama de Bianca Andrade ou de falcão"; inclusive, quem é falcão?
-Eu amo essa música! - Falei quando Textão começou a tocar; ô sofrência doída.
Rafaella colocou o bolo no forno e me estendeu a mão.-Quer dançar?
Porra! Porra! Porra! Sim, mas não. Sim, mas tenho medo do que pode acontecer.
Como um dia normal na minha vida, eu criei expectativas sem razão nenhuma. Expectativas à toa.
Ela colocou a mão na minha cintura, dançamos coladinho e quando eu achei que ela fosse, seilá, tomar alguma atitude, ela começou a rir como se fossemos duas amigas dançando. Mesmo. Somos amigas sim, mas ela bem sabe que somos algo a mais, e puta que pariu! Essa musica amigas não dançam juntas, caralho!
Xinguei deus e o mundo internamente até que a musica mudou e Despedida começou a tocar, e porra, me senti numa fanfic.
Me diz como Rafa? Como que eu vou beijar seu rosto se eu já beijei sua boca? Me explica porque eu acho que vou pirar aqui sozinha.
Ela continuou cantarolando enquanto eu foquei inteiramente no feed do Instagram no meu celular; to sem condições. Acho que tô enlouquecendo e isso não é bom não.
Passamos o dia em casa e eu comprei a minha passagem de volta pro Rio pra tarde do dia seguinte; era hora de seguir em frente, dessa vez de verdade.
-Tem certeza que já quer ir embora? - Perguntou quando sentamos no sofá com a garrafa da vinho após o jantar.
-Eu preciso, eu não trabalho pra Globo, garota, preciso me sustentar. - Brinquei aceitando a taça de vinho rosé que ela me ofereceu.
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As Lembranças de Bianca ||| RABIA
Fiksi PenggemarBianca gostaria de lembrar como passou seus anos na universidade, queria lembrar do conteúdo, das aulas e até mesmo das noites em claro estudando. Tudo parecia memorável demais pra ser apagado e esquecido. No meio de todas as lembranças apagadas es...