Ártemis confere em seu holopad as últimas publicações no Neogram, dentro daquele espaço escuro e confinado, se divertia muito vendo várias pessoas publicando todos os seus momentos, gostos e expressão na rede. Vistos pela maioria como apenas um passatempo ou forma de expressão, mas visto pela jovem como o novo tesouro moderno.
A cápsula escura estremece e causa desconforto na garota. No seu ouvido uma voz começa a falar através do ponto eletrônico.
- Um mi-prime para os sensores detectá-la. Tem certeza que quer fazer isso?
- É claro, eu venho flertando com essa belezinha a um tempão – Diz a jovem, pegando sua Drone-ball, uma bola de metal vermelha do tamanho da palma da sua mão. Apertando um botão do Holopad, um rosto holográfico em formato de Emoji surge na bola e ela começa a flutuar com asas holográficas de borboleta. – Vamos lá Bell uma selfie para o Neogram antes do lançamento. – A garota faz uma pose de dois dedos levantados e um sorriso para o objeto que solta um som de click.
- Manda para mim, quero ter um último registro seu em vida. – Diz a voz do ponto. Artemis tira outra foto através de sua Drone-ball, a imagem da garota de pele caucasiana, olhos verdes e cabelos ruivos dessa vez está com apenas o dedo do meio levantado e uma cara emburrada.
- Essa vai ficar ótima para colocar em seu perfil memorial do Neogram.
- Enquanto finge que é útil por que não me diz o tempo do lançamento?
- Ah, dez secs, foi um prazer conhecer você, Arti. Seria muito bom te conhecer melhor, se não fosse se matar agora.
- Me matar? Bobinho, é assim que eu curto a vida! – Logo depois de dizer isso, todo o espaço ao seu redor, que antes era negro e claustrofóbico, se abre sob ela e a joga para o céu.
Sobre uma prancha voadora a jovem é arremessada em pleno céu aberto, tão alto que a curvatura do planeta pode ser vista. A luz da lua e das estrelas se unem em uma aurora boreal planetária do céu poente em um espetáculo luminescente único, Ártemis se joga mais fundo naquele oceano luminoso sentindo o chamado das nuvens que rebatem as partículas de luz da noite que se aproxima. Ela sente o medo da morte, a satisfação de estar viva e a felicidade de simplesmente estar ali, livre, acima de tudo e de todos.
Sua degustação da beleza da paisagem se encerra quando seus alvos são avistados. Sob ela, três aero cargueiros viajam sublimes no espaço aéreo. O scanner de seus visores aponta para a nave do meio e ela começa a deslizar para a embarcação. Usando os aros de seus braços para melhor estabilização, a jovem se impulsiona para a frente e mergulha no infinito, com as luzes dos propulsores da sua prancha pintando os céus de roxo.
"Canhões de defesa sendo acionados" avisa a Drone Ball
- Nove canhões? Quanta insegurança. – Ártemis gira em espiral para baixo enquanto toca no holopad em seu ouvido – Bell por gentileza.
"Calculando trajetórias dos tiros" Depois de ouvir sua DroneBall seus óculos de proteção mostram enormes traços vermelhos que subiam em sua direção, cada um com um cronometro em contagem regressiva. Ela observa todos até perceber um que está logo em sua frente.
-Oh merda! – A jovem joga o seu corpo com a prancha para o lado quando uma enorme torrente de luz verde passa bem do seu lado.
Outras luzes começam a voar em sua direção e, como se tivesse descendo uma montanha de Snowboard, Ártemis voa desviando de uma a uma enquanto o céu ao seu redor se ilumina como o centro de uma tempestade. Quanto mais chega perto mais os tiros ficam freqüentes, e ao ficar a menos de cem metros de distancia todos os canhões apontam diretamente para ela, sem chance de escapatória, apenas a morte certa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Histórias do espaço profundo
Science FictionEm um universo rico de vida e mistérios, onde a humanidade nunca ousou chegar. Outras raças vivem historias inimagináveis cheias de felicidade, tristeza, triunfos e tragédias. Nessa antologia você acompanhará vidas, as vezes muito diferentes ou incr...