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Ele era um idiota, na verdade mais do que um, sua irmã iria matá-lo e com toda a razão. Carregava duas caixas de flores para o carro, elas já deveriam estar decorando a mesa dos noivos no casamento que acontecia no centro da cidade. As flores raras seriam parte de um arranjo detalhadamente organizado por Piper, e Henry deveria tê-las levado a mais de duas horas atrás, mas aconteceu um pequeno contratempo. Tal contratempo era uma cama quentinha e confortável que o prendeu por uma grande parte da manhã.

Coçou os olhos para afastar o sono que ainda estava impregnado nele, tinha sorte por sua irmã estar em outra cidade e só voltar mais tarde ou ela já o teria dizimado por esquecer de fazer a única coisa que ela o havia pedido. Ele até tinha colocado um alarme, mas aprendeu que um alarme com opção de soneca não era o melhor. Terminou de acomodar as caixas e deu a volta para entrar no carro, abriu a porta do motorista e iria entrar, mas uma movimentação nos bancos de trás o fez parar. O Hart estava dividido entre olhar o que era ou fechar a porta e deixar o que quer que fosse aquilo em paz.

Jogando todo o receio para o alto, se inclinou sobre o banco para ver uma pequena forma peluda se mexer novamente, não reconhecia aquele animal, mas após mais alguns segundos a pequena bola de pêlos se virou, o que o fez soltar um grito assustado e se afastar para trás rapidamente. Henry fechou a porta com força e deixou que o gambá usasse o carro como sua nova casa. De jeito nenhum ele iria mexer com aquele bicho. Quando fechou a porta foi que percebeu que as flores ainda deveriam ser entregues.

Se afastou do carro e pensou em ligar para alguém ajudá-lo, mas seu celular estava descarregado e o telefone fixo de sua casa estava com a linha cortada. Sua manhã estava sendo um desastre completo.

- Estúpido casamento e estúpida irmã por ter aceitado esse estúpido pedido. - reclamou irritado, pegando impulso para chutar o pneu do carro, mas acabou acertando a calota. - Estúpido carro também!

Gritou indignado enquanto segurava seu pé, o que o fez pular por alguns segundos em um pé só. Olhou a hora no relógio e estava terrivelmente atrasado, deveria ter uma forma de ir para o centro rápido e que não o fizesse gastar dinheiro. O investimento mal sucedido em uma loja de batatas fritas que seu melhor amigo o convenceu a fazer, ainda o trazia dores de cabeça. Olhou ao redor da entrada da casa, seus vizinhos moravam afastados e ainda estavam com raiva de Piper para o ajudar com algo. Jasper estava sendo Dj no dito casamento e Ray definitivamente ainda deveria estar dormindo, seu chefe era pior do que ele.

Estava quase desistindo, sabia que não era o certo já que sua irmã se esforçava tanto para fazer o negócio da família continuar vendendo, mesmo que quase que exclusivamente. Piper poderia ser bem impulsiva às vezes, mas possuía uma determinação que o deixava orgulhoso. Não poderia deixá-la na mão logo agora. De repente lembrou de algo que poderia levá-lo rapidamente ao centro, mas dependeria do seu condicionamento físico que por sorte estava em dia. Correu para a garagem atrás da antiga bicicleta de seu pai, procurou uma corda para amarrar as caixas na garupa e colocando o capacete velho se preparou para começar a pedalar, em um ritmo constante chegaria em meia hora ao destino.

Pedalava ritmado e uma fina camada de suor já cobria seu corpo quando se aproximou da parte quase movimentada da cidade, mais alguns minutos e chegaria ao centro. Continuou pedalando e ao avistar um fluxo maior de carros e ônibus, soube que seu tormento estava chegando logo ao fim. Deveria pedalar mais rápido, pegando um atalho pelo parque conseguiu chegar rapidamente à avenida do hotel, não tinha uma entrada dos fundos então teria que se aventurar pela pista movimentada. Sempre rente ao meio fio tentava não se assustar pelos carros que passavam velozes ao seu lado, sabia que estava na pista correta, mas não tinha culpa se seu medo de morrer o deixava paranóico. Sentia que a qualquer momento um daqueles carros ou imensos ônibus iriam se chocar contra ele.

Aumentou o ritmo das pedaladas e quando estava se aproximando do hotel, um ônibus passou perto de mais dele, tão perto que o assustou e o fez subir a calçada, olhou para o lado apavorado, mas assim que voltou seus olhos para a frente viu que ia em direção à uma mulher que estava focada em seu celular. Tentou freiar, mas parecia que justo naquele momento os freios resolveram se fingir de mortos, gritou histérico a fim de que ela o ouvisse. A mulher se virou no instante em que ele estava tentando desviar, mas foi em vão. Henry sentiu seu corpo ser jogado para longe da bicicleta e caiu sentado em frente à porta do hotel, as flores estavam espalhadas pelo chão, mas o pior era a mulher inconsciente que ele havia atropelado. Henry Hart definitivamente se sentia o maior idiota do mundo.

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