♡• t r ê s •♡

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I had all and then most of you
Some and now none of you
The Night We Met • Lord Huron

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R a v e l

Roman gosta de casamentos.

Algumas vezes, eu o ouvi dizer que as madrinhas fazem tudo valer a pena; o blablabá tedioso do sacerdote, o calor infernal dentro da igreja, a gravata impiedosa apertando o pescoço, a maldita demora para o começo da celebração e todas as coisas insuportáveis que integram a cerimônia se tornam suportáveis quando se tem a esperança de levar uma ou mais madrinhas para um canto da festa e fazer a festa.

Nunca festejei desse jeito. E, se fosse fazer isso hoje, teria que ser com uma das poucas madrinhas da noiva, porque não há, em toda a festa, outras mulheres jovens que sejam bonitas e, ao mesmo tempo, não tenham algum vínculo com Candara.

Este é um evento pequeno, apenas para familiares e amigos muito próximos. Uma celebração intimista, totalmente diferente do meu casamento. Enquanto Geórgia prezou pela simplicidade, Candara preferiu a extravagância; quis uma festa tão grande quanto a fortuna de sua família e tão luxuosa quanto a mansão em que cresceu.

Nesta manhã de domingo, é exatamente nela que estou.

Enquanto atravesso o extenso gramado muito bem cuidado pelos jardineiros da família Fontes, um cara uniformizado passa por mim, equilibrando uma bandeja na palma da mão enluvada. Pego uma taça de champanhe, agradeço e sigo adiante.

Os convidados já estão começando a ocupar as poucas mesas espalhadas pelo vasto jardim.

A maioria das mulheres tem idade para ser minha mãe ou é contemporânea de minha avó. Estou familiarizado com quase todas as mais jovens. Dentre as que conheço, algumas são parentes de Roman, Verdana e Candara. Outras, integram o seleto grupo de amigas de minha ex-esposa. Tenho certeza de que qualquer uma delas adoraria atear fogo em mim.

Digamos que, nos últimos dias, Candara andou bastante ocupada fazendo a minha caveira. E, embora essa tenha sido uma reação totalmente esperada, não achei que ela fosse contar tantas mentiras a meu respeito.

Por mero acaso, na sexta-feira passada, acabei ouvindo umas coisas, algumas horas antes da despedida de solteira de Geórgia.

Candara havia saído da casa um tempo atrás e, ao retornar, decerto achou que eu já tivesse arrumado as malas e ido embora. Mas eu ainda estava no closet, ajuntando os meus pertences dentro no ambiente fechado, quando várias mulheres entraram na suíte.

Resolvi permanecer em meu esconderijo e, entre uma porção de inverdades absurdas, eu a ouvi dizendo, por exemplo, que a regra do "L" se aplica a mim.

Tenho um metro e noventa e um centímetros e posso afirmar que, se essa regra for verdadeira, eu sou uma grandessíssima exceção.

E, por mais que eu possa provar e me vingar comendo todas as amigas dela, que nunca foram discretas em suas olhadas maliciosas e provavelmente gostariam de atear fogo em mim em todos os sentidos, jamais faria isso. Tenho escrúpulos. Não pretendo transar com nenhuma mulher relacionada a Candara. Nenhuma.

Continuo andando, movendo-me de forma cautelosa, para não me deparar com as pessoas que estou tentando evitar. A certa distância, avisto minha avó, que é exatamente uma delas. Congelo no lugar, espreitando de longe. Tenho a impressão de que ela está perguntando alguma coisa a Roman, o que me leva a suspeitar de que está interessada em meu paradeiro.

Mais rápido que um raio, mudo de direção. Estou fugindo desde que consegui escapar do puxão de orelha que ela tentou me dar assim que saímos da igreja. Meu castigo por ter rido no altar é inevitável, mas, enquanto eu puder, vou tentar adiá-lo. 

Meu Rebelde CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora