O encontro que não deveria ter ocorrido...

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A humanidade tinha mudado, para alguns o termo correto era evolução, para outros era o caos. Talvez essas duas opiniões estejam corretas, afinal humanos sendo imprevisíveis como são ao receberem dons tão diversos como soltar fogo pelas mãos e controlar a clima, só podia culminar em um grande pandemônio. Estranhamente o apocalipse não ocorreu, pois a sociedade também tinha mudado com o advento dos dons e se adaptou a nova realidade.

As instituições não foram destruídas. As taxas continuam a ser pagas. As contas ainda vêm todo o mês. Diplomas ainda são necessários, mesmo que você tenha o poder de criar um tsunami e devastar toda uma cidade costeira, você não conseguirá emprego em uma empresa se não tiver formação adequada. As crianças (em todos os seus formatos, cores e membros extras) ainda vão para a escola. Tudo parece seguir o mesmo esquema de sociedade do que era antes do advento dos dons. Ou melhor, quase tudo...Existem agora vilões e heróis.

Uma nova categoria trabalhista, se pode dizer assim. Um renascimento dos mitos heroicos da Grécia antiga só que agora em carne e osso. E com eles surge seus arquinimigos, a outra face da moeda. Luz e trevas. E a balança do equilíbrio da humanidade oscila entre uma utopia e distopia caótica a cada confronto entre essas forças antagônicas.

Katsuki Bakugou estava do lado dos heróis, mesmo que para muitos ele agia mais como um vilão do que como um representa da justiça e da bondade. Sim, talvez ele falasse muitos palavrões, ao ponto de ser censurado do horário nobre da mídia. Talvez ele tivesse uma expressão carrancuda e feroz, ao ponto de ter seu rosto usado como fantasia popular no halloween. E só talvez ele causasse mais danos a propriedade pública do que realmente salvar o dia. Apesar desses vários "talvez", Katsuki era sim um herói. Ou melhor o herói em ascensão dentro do placar dos heróis recém-formados e recém integrados no mercado de trabalho extremamente competitivo do heroísmo.

– Você deveria participar mais dos eventos de caridade. – Sua assessora de relações públicas falava no comunicador – Talvez tirar algumas fotos com crianças...

– Eu odeio crianças. – Resmungou quase que automaticamente, já não era a primeira vez que tinha aquela conversa com Lilly Hoven, a referida assessora da agência em que Katsuki trabalhava.

– Ódio é uma palavra muito forte, sabia? Sua imagem deve ser melhorada!

– E para quê? Com a imagem que eu tenho agora consigo fazer o trabalho sem muito problema.

– Bem, isso pode ser verdade... Mas sua popularidade está caindo!

– O número de casos que resolveu está subindo a cada mês! – Rosnou, quase pode ver Lilly se encolhendo do outro lado da linha.

– V-você sabe que...Para ser o número Um do Japão, hoje em dia está levando em consideração a popularidade e também número de casos solucionados.

– A merda isso! O que uma coisa tem a ver com a outra coisa? Eu não estou aqui para ser a porra de um modelo ou a bosta de um filantropo! Sou um herói! E isso significa pegar os vilões e não abraçar a merda de um órfão! – Gritou, assustando algumas pessoas próximas a ele.

– V-você tem noção que...Er...Isso que você falou soou muito ruim, não é mesmo? Digo, do ponto de vista ético e...

Bakugou soltou mais uma lista de palavrões e desligou o comunicador. O que eles queriam dele? Passava horas em patrulha na cidade, salvava dezenas de pessoas por dia! Era o herói mais eficiente da agência e mesmo assim, nada parecia o suficiente. Sempre é alvo de crítica e de olhares decepcionados.

– Mais que grande merda! – Disse tentando retomar a sua patrulha e esquecer o tolo papo de "melhorar a sua imagem" e parecer "mais acessível ao público".

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