Um Romance para Srta Caroline

Quinze

Nos livros , deveria ter uma mocinha que estivesse na mesma situação que eu , aí eu saberia como agir .

Se Ronald apenas dormisse , seria o suficiente para eu pegar a arma que ele abandonou ao seu lado ...

Se eu ao mesmo conseguisse aborrece-lo a ponto dele dormir ...talvez...

- por que me sequestrou ? - pergunto fingindo estar  entediada ao tempo que brincava com um fio solto do vestido.

- eu não chamaria de sequestro - ele responde - já que você entrou na minha carruagem por vontade própria .

- pensei que fosse outro - sussurro para mim mesma . Afinal quem imaginaria que Ronald planejava me sequestrar ?

- sabe que não pode me casar a força ? Eu nunca diria sim !

- você dirá... - ele da ombros - quando tiver uma arma em sua testa você vai  implorar para dizer sim .

- talvez você nem precise de uma arma - começo a dizer tentando fazer ele se distrair - porque acha que eu entrei na carruagem tão rapidamente ?

- você não poderia estar tão desesperada para fugir daquele casamento . O Sr Snowe Mann Formsby não pode ser tão ruim , com certeza não é pior que eu .

"Frederick é gentil e bondosos , você é repugnante " digo em pensamento .

- Insisto que me diga por que tinha planos de me sequestrar ! - mando , ele precisa dormir ou se distrair , me expulsar da carruagem seria melhor .

- preciso entrar na alta sociedade ! Apenas dinheiro não basta ! - ele gritou

- por que eu ? Tem várias jovens herdeiras descompromissadas - mas nenhuma merece um monstro como ele

- para eu me vingar da sua irmã - ele sorri maligno - nós tivemos um caso , ela deveria ter me esperado , não ter se casado com o idiota do Butler .

- ela se casou por amor - pondero - é o que todos nós queremos !

- eu não - ele simplesmente responde mantendo o olhar em mim .

Arredo a cortina da pequena janela da carruagem para olhar lá fora , uma fina garoa começou a cair . Haverá uma tempestade !

Será que alguém está vindo atrás de mim ? Talvez eu devesse dar uma pista ...

Começo a tentar tirar o véu da minha cabeça , aproveito que Ronald está olhando para fora e abro uma pequena fresta da porta para jogar o véu na estrada .

Se alguém estiver vindo atrás de mim saberá onde passamos ...

- o que você fez ? - Ronald pergunta irritado

- estava me incomodando - respondo - tirei e o joguei

- para fora da carruagem ? - ele pergunta parecendo confuso - não podia deixa-lo ao seu lado ?

- não - respondo sorrindo no exato momento em que um raio cai provocando um clarão dentro da carruagem .

Um pequeno brilho em seu casaco chama minha atenção , outra arma ...

Tá na hora de aplicar minhas táticas de sedução ...afinal quão difícil pode ser imitar uma gata no cio ?

-Obrigada - digo piscando

- pelo que ? - ele pergunta rabugento

- por ter me salvado de um casamento indesejado , eu sempre quis você - minto - algo em você...me atrai .

Ele me olha com precaução , me inclino sobre ele colocando minha mão encima da arma ao seu lado .

- poderíamos adiantar a noite de núpcias - sussuro colocando a arma que já peguei para o meu banco .

- talvez não seja má ideia - tento não mostrar minha cara de desgosto .

Não acredito no que estou fazendo !

Coloco minha outra mão sobre seu ombro ao fazendo carícias

- seria melhor se você despi-se o casaco - digo ajudando-o .

Livre do casaco - e da arma - agarro seu pescoço de uma forma leve enquanto pego a outra arma sem que ele veja . Perfeito !

- saía da carruagem - mando apontando a arma em seu peito - agora .

- calma - ele sussurra- eu não vou sair , a arma não está carregada .

- eu não acredito - digo cética

- então atire em mim se não acredito - ele desafia - vamos atire .

Ele agarra meu braço com força tentando fazer-me recuar .

Eu não vou recuar , então eu atiro , pela força da arma ao atirar meu braço voa para trás .

E a arma estava carregada . O ombro de Ronald está sangrando .

O que eu fiz ?

- sua cadela maldita - ele grita gemendo de dor - quem diabos carregou a arma ?

- para a carruagem ! - grito - pare agora !

O cocheiro parece me ouvir e para a carruagem , desço dela rapidamente quase colidindo com alguém .

- o que ...?

- David ! - grito me jogando em seus braços

Olho por cima de seu ombro e vejo Geoffrey me olhando intensamente pelas finas gotas  de chuvas , sorrio para ele

- você está bem irmãzinha ? - David me pergunta percorrendo meu corpo com o olhar preocupado

- estou bem - tranquilizo

- mas ouvimos um tiro - ele argumenta preocupado .

- fui eu - respondo - atirei em Ronald .

David me larga e vai até o interior da carruagem com os punhos cerrados . Geoffrey se aproxima de mim devagar .

Não aguento sua demora e me jogo nele sendo abraçada fortemente .

- mon amour - ele sussurra em francês fazendo carícias em meu ouvido - mon amour ...

- ah Geoffrey - o beijo com toda minha força , minhas saudades e minhas incertezas e meu amor - Geoffrey...

- Caroline ! - grita David da carruagem - você acabou com a minha diversão , se eu der um simples soco nesse cara ele morre !

- quer que eu dê um soco nele ? - Geoffrey me pergunta acariciando minha coluna

- acho que não - respondo - ele já está tendo o que merece . Mas não vale a pena matar uma pessoa como ele , ele sofrerá mais na prisão .

- tem certeza ? - pergunta David - o inferno parece muito mais torturante .

- apoio o David - Geoffrey diz beijando-me de novo .

- é melhor nós irmos - mudo de assunto - parece que a tempestade vai aumentar  .

- não posso mesmo bater nele ?

- não - digo - não somos pessoas más , não devemos nos rebaixar a elas .

Geoffrey  me beija levemente concordando , então  me leva até seu cavalo e me ajuda a subir me acomodando em seu peito . David vai até o cocheiro da outra carruagem dando instruções para que Ronald vá até a prisão enquanto o cavalarisso que David trouxe acompanha a carruagem .