O estranho da rua Prefeito Coladeci

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CAPÍTULO 3 – O ESTRANHO DA RUA PREFEITO COLADECI

- Meu Deus! Ela está bem?

- Que foi que aconteceu com ela, em?

- Alguém chame uma ambulância!

- Se acalmem, ela está acordando!

Vozes desconhecidas zuniam nos ouvidos de Luiza, seus olhos se abriam lentamente e borrões confusos surgiam diante dela. Aos poucos as imagens foram entrando em foco e Luiza percebeu que dois olhos grandes e verdes a encaravam. Eles pertenciam a um rapaz com cabelos pretos e encaracolados, ele tinha as sobrancelhas grossas e carregava uma expressão preocupada no rosto.

- Ela acordou! – ele anunciou olhando para a pequena aglomeração em volta. Nesse momento a menina percebeu que estava estirada na calçada.

- Que foi que houve? – ela falou levantando-se do chão rapidamente, os olhares todos pesando sobre ela.

- Você desmaiou, eu acho. – o rapaz explicou. – Quando te vimos você já estava no chão. Está tudo bem com você? – ele olhava sério para a menina.

- Acho que está sim. Que desatino, não sei o que aconteceu! Num minuto eu estava ouvindo um som, e de repente... – ela falava confusa, ajeitando o vestidinho rosa de botões, que usava.

- Você estava ouvindo um som, é? – o rapaz perguntou – Seus fones devem ter se perdido, você não estava com eles, foi mal. – disse coçando o topo da cabeça.

- O que? Não, eu estava ouvindo um som agu... Fones? – ela perguntou, a cabeça rodando. – Que é que são fones? – ela pronunciou a última palavra com cuidado.

"Tadinha, deve ter batido com a cabeça" Luiza escutou a voz de uma senhora às suas costas.

- Deixa para lá, você deve estar meio mal. Tem um postinho aqui perto, posso te levar lá para ver se está tudo bem. – ele disse solicito.

Mas Luiza não o respondeu de imediato, estava ocupada observando as coisas ao seu redor. O lugar que ela se encontrava se assemelhava muito a Rua do Mercadejo, pelo chão de tijolinhos e os banquinhos de madeira, mas todo o resto era estranhamente diferente. No lugar onde deveria estar a Mercearia da Dona Teca existia uma loja chamada "Empório Laville", que vendia diversos tipos de roupas que Luiza jamais imaginou que existiam, a sorveteria do Seu Teobaldo, do outro lado da calçada, fora substituída por uma cafeteria que tinha um enorme letreiro piscando a palavra "OPEN", e uma barulheira irrompia de dentro de uma das lojas no começo da rua: "TEM ARROZ, TEM BANANA, TEM CARNE PRO CHURRASCO, TÁ TUDO NA PROMOÇÃO! SÓ AQUI NO MERCADO DA PREFEITO!".

Luiza estava apavorada, não fazia ideia do que estava acontecendo, nem de que lugar era aquele. "Será que eu estou sonhando? Meu Deus, será que enlouqueci de vez?" ela pensava frenética. Até que se lembrou do relógio, e dos dizeres de Srta. Muscarelli e do clarão que a cegara minutos atrás. Seria possível que o relógio tivesse levado ela ali? Aliás, onde é que ele estava?

Luiza tateou agitada o interior da sua bolsinha de couro em busca da caixinha preta, mas não a encontrou. Ela sentiu uma pontada na boca do estômago.

- Sumiu! – ela falou alto, olhando ao redor.

Nesse ponto, a pequena multidão que cercava Luiza foi se desfazendo, como se ela deixasse de ser interessante, agora que já estava de pé e agindo feito doida.

- O que? Foram os fones, né? Eu não vi. – o rapaz disse desapontado.

- Não, não. É uma caixinha preta com um relógio dentro. – Luiza disse balançando as mãos aflita.

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⏰ Última atualização: May 30, 2020 ⏰

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