Capítulo 1.

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Estava em uma floresta fugindo de alguma coisa. Eu não sabia o que era, mas não parecia amigável. A floresta era escura, os galhos das árvores secos e curvados, parecia que tudo ali estava morto.

Me encostei em uma árvore e me curvei colocando as mãos em meus joelhos, respirei fundo tentando recuperar o fôlego, parecia que eu tinha corrido por horas.

Voltei a andar procurando um lugar para descansar, e quando achei um que me parecia bom o suficiente, me sentei nele no chão. Fiquei olhando em volta para a floresta, era completamente medonho.

Senti uma mão em meu ombro e fechei meus olhos com força, seja lá do que eu estava fugindo, me encontrou. Resolvi ver que monstro assustador era aquele, então abri meus olhos e olhei para cima.

Tudo que eu vi foram olhos azuis me olhando com intensidade, e então eu acordei. Foi tudo um sonho.

Me sentei na cama e corri as mãos por meus cabelos. Esse tipo de pesadelo sempre me assombrava, tornava minhas noites de sono bem mais complicadas para relaxar.

Me levantei e olhei no espelho, estava com olheiras e meus lábios estavam secos e rachados. Eu não cuidava muito da minha aparência ultimamente, não desde que chegamos aqui.

Mas tudo bem, eu não era um atrativo. Era magro e esguio, minha pele era pálida já que eu dificilmente pegava sol. Talvez a única coisa legal em mim são meus cabelos, eles são longos e tem cachos nas pontas, e são bem macios, isso segundo minha mãe, que adora fazer carinho neles. Eu tinha olhos verdes, e isso podia ser legal, mas na Inglaterra não é incomum, então eu era só mais um na multidão.

Minha mãe e eu nos mudamos para Londres tem mais ou menos um ano. Ela recebeu uma proposta de trabalho que iria pagar melhor e oferecer mais benefícios, e serviu bastante para mim também, já que eu precisava sair daquela cidade. Digamos que eu não era a pessoa mais querida de lá.

Tomei banho e vesti uma calça preta e uma blusa branca de mangas longas. Eu só usava blusas de mangas longas, serviam para esconder as cicatrizes. Coloquei meu tênis e saí do quarto.

Desci para a cozinha e me servi com qualquer bobagem, minha mãe não podia brigar pela minha má alimentação já que ela não estava, tinha saído para trabalhar.

Quando terminei de comer escovei meus dentes, peguei minha mochila e saí de casa. O tempo estava meio frio e o céu nublado, então coloquei meu casaco e o capuz. Coloquei os fones e segui caminhando até meu inferno matinal, mais conhecido como escola.

Quando lá cheguei vi Larissa, uma amiga minha, conversando com sua prima Chloé. Ela sorriu para mim e acenou, eu acenei de volta. Mas quando ela me chamou para onde estava, apenas neguei e segui meu caminho até onde sempre ficava antes de a aula começar.

Era uma árvore que tinha no canto do estacionamento, eu gostava de ficar lá porque ninguém colocava seu carro ali pois a árvore deixava eles cobertos de folhas. Dessa forma ali nunca tinha ninguém, e eu podia ficar sozinho antes de aguentar mais um dia com aquelas pessoas.

Peguei meu caderno e comecei a desenhar qualquer coisa que pudesse me interessar. Eu gostava bastante de desenhar pessoas, nas suas formas mais distraídas, para mim ficavam mais bonitas assim do que forçando um sorriso para fotos.

Um tempo depois o toque soou avisando que era para cada um ir para sua sala. Eu me levantei e segui até minha sala, me sentei na frente como de costume. Nas salas de aula os espaços se dividem dessa forma: no fim da sala ficam os populares e/ou bagunceiros; no meio ficam aqueles que às vezes prestam atenção, às vezes mexem no celular, oscilam entre isso. E no começo, onde eu fico, ficam os nerds e excluídos. Como eu sou praticamente invisível nessa escola, fico na frente no meu lugar sem chamar atenção para mim.

Quando o professor entra, ele pede silêncio principalmente para o pessoal sentado no fim da sala, e quando eles o fazem, o professor começa a dar sua aula.

Uma duas horas depois o intervalo finalmente chega, para mim passou quase um ano, principalmente por ser matemática.

Saio da sala e caminho pelos corredores indo em direção ao meu lugar no estacionamento. Como eu sou virado para a lua, um garoto passou correndo e esbarrou em mim me fazendo derrubar meu caderno de desenho e meus lápis. Suspirei e me abaixei para pegá-los.

— Quer ajuda? — Olhei para cima e vi Louis, um dos populares.

Louis definitivamente era um cara bonito. Ele era mais baixo que eu, mas era mais forte devido ao futebol que jogava. Tinha cabelos castanhos que pareciam bem macios e olhos azuis. O sonho de qualquer garota dessa escola.

— Não. — Murmurei, mas ele me ignorou e se abaixou começando a me ajudar.

— Aqui. — Ele disse me entregando alguns dos lápis.

Olhei em seus olhos e me lembrei dos olhos da pessoa de meu sonho. Eram muito parecidos, na verdade, muito ainda é pouco, eram idênticos. Balancei a cabeça esquecendo aquilo, era só uma coincidência.

— Obrigado. — Murmurei, ele sorriu para mim e saiu andando.

Caminhei então até minha querida árvore, desta vez sem mais nenhuma interrupção. Me sentei no chão e comecei a desenhar. A cada vez que o lápis tocava o papel, o desenho ganhava forma. Quando terminei, olhei e vi que tinha desenhado um garoto de cabelos longos encostado em uma árvore. Assim como fiquei em meu sonho.

Olhei no relógio e vi que faltava um minuto para o intervalo acabar, então guardei minhas coisas e voltei para minha sala. Desta vez eu ia ter aula de biologia, nada fora do normal. A única coisa estranha foi Louis não ter sentado no fim da sala com seus amigos, e sim ao meu lado.

Quando a aula acabou juntei meus livros, mas quando ia saindo, Madison, uma das líderes de torcida, esbarrou em mim e me fez derrubar eles. Me abaixei para pegá-los, não era meu dia de sorte.

— Me desculpe, sou uma desastrada. — Ela disse, eu pude perceber o cinismo em sua voz. Respirei fundo para manter minha calma, não tinha tempo para briguinhas bobas. — O que é isso? — Ela perguntou pegando meu caderno de desenhos. — Nossa, você desenha? Que máximo! — Disse, eu via em sua expressão que ela estava sendo falsa.

Suspirei me levantando e estendendo a mão para ela. — Pode me devolver? — Pedi calmamente.

— Eu adoraria ver seus desenhos, posso? — Sorriu maldosa.

— Me devolve, por favor. — Pedi novamente.

— Relaxa nerd, eu só quero ver se você é bom. — Ela disse.

— Primeiro você teria que saber identificar uma casa de um morro de terra. — Louis disse, ele tomou o caderno das mãos dela e me entregou.

— Você é um idiota. — Ela o xingou e então saiu.

— Tudo bem? — Louis perguntou me olhando.

— Está sim, não foi nada. — Falei olhando para baixo.

— Me desculpe pelas atitudes idiotas de Madison. — Ele disse.

— Já estou acostumado. — Encolhi os ombros.

— Quer que eu te acompanhe? — Louis pediu coçando a nuca, parecia envergonhado.

— O que? — Perguntei confuso.

— Até em casa, quer que eu te leve? — Ele perguntou, suas bochechas estavam levemente avermelhadas.

— Sim, acho que sim. — Murmurei meio confuso e Louis sorriu para mim.

— Vamos? — Ele perguntou me dando passagem.

Eu concordei saindo da sala com ele atrás de mim.

***

Espero que gostem.

Até mais,

-K.F.

Black Angel [L.S] Mpreg!HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora