Capítulo 2.

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Aviso: Esse capítulo contém ataque de ansiedade e automutilação. Se estiver passando por momentos difíceis e isso puder vir a ser um gatilho, aconselho a não ler. Se estiver precisando conversar com alguém, eu estou sempre disponível, ou você também pode ligar para o CVV - Centro de Valorização da Vida pelo número: 188.

***

Saímos da escola e fomos caminhando até minha casa. Tudo o que se passava em minha mente eram possíveis motivos para Louis estar querendo se aproximar de mim. Não fazia sentido, não era assim que funcionava a hierarquia na escola. Um popular não podia andar com um perdedor como eu.

Louis caminhava ao meu lado em completo silêncio. Olhando para o chão e chutando algumas pedrinhas que apareciam em seu caminho.

Eu estava encolhido dentro do meu moletom, e quando o vento fez meu capuz cair, eu rapidamente o puxei de volta para cobrir meu rosto o máximo possível.

— Por que fez isso? — Ele perguntou quebrando o silêncio entre nós que se formou desde que saímos da escola.

— Isso o que? — Perguntei confuso sem olhar para ele. Não queria focar em seus olhos e me sentir sendo transportado para um de meus pesadelos.

— Você fica tipo tentando se esconder. — Louis diz. — E não é a primeira vez que te vejo fazer isso.

Eu parei e o olhei. — Você tá me perseguindo agora? — Perguntei e ele riu e negou.

— Não, só observei. — Encolheu os ombros.

— Eu não estou tentando me esconder. — Falei, mas eu sabia que era mentira.

Foi um hábito que adquiri quando ainda morava na minha antiga cidade. Era melhor assim, as pessoas não me viam, e se não me vissem, não falavam de mim. E mesmo que ninguém nesta cidade saiba do que aconteceu comigo, eu preferia não arriscar.

— É o que parece. — Louis disse encolhendo os ombros de novo.

Eu observei que estávamos perto de minha casa e suspirei aliviado.

— Talvez eu esteja me escondendo. — Falei.

Nós paramos em frente minha casa.

— E por que isso? — Louis perguntou parecendo curioso.

— Preciso entrar. — Falei, eu não queria entrar naquele assunto com ele.

— Está bem. — Louis encolheu os ombros, então se aproximou de mim e beijou minha bochecha. — Mas ainda quero saber. — Ele sussurrou em meu ouvido e continuou seu caminho.

Fiquei o observando ir, e quando ele sumiu de minha vista, entrei em casa. Coloquei minha mochila no sofá e fui até a cozinha atrás de minha mãe. Ela estava de costas para a entrada e de frente para o fogão.

— Oi, eu cheguei. — Falei a abraçando.

— Que bom, meu amor. — Minha mãe, Anne, disse.

Quando ela se virou para mim, notei que seus olhos estavam vermelhos. Toquei seu rosto com delicadeza.

Eu era muito parecido com minha mãe, praticamente uma cópia dela, e isso era bom já que minha mãe era encantadora.

— Estava chorando? — Perguntei confuso.

— Não, eu estava cortando cebola. — Ela disse, mas eu não vi verdade em seus olhos.

— Mãe, me diga o que houve. — Pedi preocupado.

— Tudo bem, eu tenho de contar isso mesmo. — Ela disse em um suspiro.

Então ela puxou uma cadeira e sentou, apontando para eu fazer o mesmo.

— O que houve? — Perguntei.

— Ele ligou. — Minha mão disse.

Eu suspirei. — Ele quem? — Perguntei mesmo que eu já imaginasse quem era.

— Seu pai. — Minha mãe disse.

— Não tenho pai. — Falei me levantando com raiva.

— Filho, eu sei como se sente sobre ele, mas ele ainda é seu pai, foi ele quem lhe criou. — Minha mãe disse.

— Me criou por um tempo. Mas ele abdicou do direito de ser meu pai quando fez aquilo. — Eu disse. — E o que ele quer, afinal? — Perguntei cruzando os braços.

— Ele disse que queria lhe ver. — Minha mãe disse.

— É sério? Ele sumiu por anos, mãe, por anos! E agora quer voltar para minha vida? Eu não quero nada com ele! — Gritei com raiva.

— Harry, talvez ele queira só acertar as coisas. — Minha mãe disse com a voz calma.

— Não teria o que acertar se ele não tivesse quebrado tudo. — Falei, então dei as costas a ela e subi para meu quarto.

Quando fechei a porta, eu senti como se o mundo estivesse caindo sobre mim. Todos os pensamentos ruins que vinham me mandavam fazer coisas ruins.

Eu sentia como se não tivesse ar, estava difícil respirar, e eu puxava o ar tentando, mas não vinha nada. Tudo parecia girar rápido demais, e eu não sentia mais meu próprio corpo. Puxei meus cabelos com força tentando sentir alguma coisa, qualquer coisa para evitar de surtar.

As lágrimas já começavam a descer por meu rosto, e eu faria qualquer coisa para voltar a terra e acabar com aquelas sensações horríveis.

Então fui até o banheiro, peguei minha lâmina, ergui a camisa, e comecei a passar a lâmina em meus braços. Conforme a lâmina rasgava a pele, e o sangue começava a aparecer, eu sentia como se estivesse voltando a órbita.

Quando tudo que eu sentia era apenas a dor dos cortes, me sentei no chão do banheiro e respirei fundo.

Eu podia ouvir as vozes em minha cabeça me parabenizando, elas estavam felizes. Mas eu não estava, eu não devia ter feito isso. Mas fiz, e não tinha volta.

***

Pessoal, repetindo o aviso do início, se precisarem conversar com alguém, eu estou sempre disponível, ou vocês podem procurar o CVV. Espero que estejam gostando.

Até mais,

–K.F.

Black Angel [L.S] Mpreg!HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora