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O dia estava diferente.

Eu não sabia o porquê, mas algo sussurrava entre os ventos, o céu estava cinza.

Não era novidade que minha rua sempre estava vazia, não havia muitos vizinhos próximos, um tanto solitário, mas trazia paz, meus ouvidos até estranhavam a falta de buzinas.

Adentro o carro já partindo para a escola, e para a minha tristeza, não tocava nenhuma música interessante, apenas músicas country, bufo e desligo o aparelho, voltando a minha atenção a rua, alguns moradores caminhavam tranquilamente em direção ao trabalho, a calçada não chegava a ser 1/3 das calçadas de NYC.

Algumas lojas começavam a abrir, já alguns alunos pedalavam pelas ruas com fones de ouvido, e incrivelmente os motoristas respeitavam as regras e aos ciclistas.

Visualizo a escola, acelero até achar uma vaga mais próxima a porta, no meu celular, não havia nenhuma mensagem de Jéssica, acabo digitando para conferir se ela viria, era provável que ela estivesse dormindo.

Como eu a invejava.

Percebo que a uma menor quantidade de bicicletas que o normal, algo me dizia que as muitas pessoas haviam faltado, nem mesmo o carro de David estava estacionado, ou seja, minha última esperança era Tom.

Fecho a porta do carro, caminho até a porta do colégio, os alunos estavam todos dentro do corredor, avisto o armário, mas o mesmo não estava lá.

Eu estava sozinha.

Bom, tecnicamente isso não era ruim, poderia aproveitar para explorar o colégio, pois sabia que ele era grande, essa ideia me soava melhor do que passar o recreio no banheiro.

Deixo alguns livros no armário, por dentro ele era azul escuro, talvez alguns adesivos não fizessem mal, pego a tabela observando quais seriam as próximas aulas.

Respiro fundo ao perceber que passaria as três primeiras aulas vendo exatas, como eu odiava essas matérias. Fecho o armário e encosto nele, pego meu celular digitando uma mensagem para Jéssica, por que ela não me avisou que faltaria? Aquilo era sacanagem, minha mãe só me deixaria faltar se ela também faltasse.

Na minha frente, vejo um garoto encostado em seu armário, ele me encarava com os braços cruzados, seu cabelo era castanho claro, usava uma blusa branca e um par de calça jeans escura, seus braços eram tatuados com símbolos estranhos, seus olhos não piscavam, nem ao menos desviavam de mim. Olho para ele confusa, seu rosto era familiar.

Analiso melhor seu braço, aqueles símbolos eram familiares para mim.

Eros.

Ele fazia parte do grupo dele, sua tatuagem era igual a dele. O garoto dá uma risada debochada e sai andando, cruzo meus braços desconfortável, aquilo era estranho, as pessoas por aqui tinham costumes de se encarar assim? Parecia que ele iria voar em mim.

Pessoas estranhas.

O sinal toca, respiro fundo caminhando lentamente até a minha sala, agora eu entendia quando os alunos andavam como múmias para a sala, era torturante demais passar por aquilo todos os dias, era realmente necessário ver exatas todos os dias?

Eu precisava de um energético.


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Todos estavam reunidos no saguão, o barulho era infernal, sons de vozes e pratos, decido ir para o pátio, o céu denunciava uma grande chuva, apenas alguns alunos se mantinham fieis, sentados nos bancos conversando, a grama estava simetricamente bem cortada, algumas árvores enfeitavam fazendo sombras, caminho contornando a escola com os braços cruzados, ele era enorme, havia uma quadra de futebol americano, mas ninguém estava treinando, aos lados, estavam a arquibancada, aquela estrutura era horrível, como as pessoas conseguiam sentar aqui?

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