Prólogo

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Prólogo

Assim que se olharam, amaram-se; assim que se amaram, suspiraram; assim que suspiraram, perguntaram-se um ao outro o motivo; assim que descobriram o motivo, procuraram o remédio.

− William Shakespeare

Parei em frente ao espelho, admirando-me como uma das noivas mais bonitas do mundo inteiro. Normalmente não era tão vaidosa ou soberba, mas estava realmente surpresa no excelente trabalho que fizeram em mim. Transformaram uma simples garota morena com grandes olhos em uma tremenda belezinha.

Minha mãe estava sorrindo atrás de mim, emocionada e finalmente relaxada com o casamento. Meus pais não esconderam que eram contra meu casamento com Jack, meu namorado há cinco anos. Era apaixonada por ele desde que me lembrava existir, nós passamos por muitos problemas ao longo dos últimos anos e finalmente iríamos começar a nossa vida a dois.

Jack era um homem complicado, não podia fingir que meus pais não estavam errados em ficar preocupados, mas, eu o amava mais que tudo e estava disposta a passar por cima de qualquer coisa para estar com ele. Nosso amor era forte e verdadeiro, mesmo quando ele estava muito alterado ou em abstinência, Jack nunca deixava de me amar. Nossa história tinha tudo para ter um final feliz e se dependesse de mim, ele seria curado e nós viveríamos em perfeita paz.

Como assim ele não vem? — Ouvi a voz alterada do meu pai e imediatamente olhei para a porta. — Você está brincando comigo, James?

Meu pai nunca gritava. Mamãe me encarou e me deu um sorriso tenso.

— Eu vou ver o que está acontecendo, fique aqui.

Minha mãe saiu apressada do quarto e fechou a porta. Eles começaram a falar muito baixo e por algum motivo desconhecido, meus pés pareciam colados no chão. Mesmo em seus sussurros conseguia ouvir a discussão no outro quarto do hotel dos meus pais. Eles reservaram a melhor suíte para sua garotinha. Era a filha caçula do meu pai e única da minha mãe. Minha irmã mais velha, Meredith, disse que não viria para o casamento, mas enviou um belo presente.

Virei de frente a porta e tentei andar, mas o meu coração simplesmente me impediu de me mover. Eles continuavam discutindo.

— Mãe? — Chamei do mesmo lugar.

— Só um minuto, querida. — Mamãe respondeu e sua voz estava triste.

A entonação do seu tom me fez abaixar, erguer as saias e andar calmamente até a porta, girando a maçaneta. Na entrada do quarto estava meu pai, sem seu terno e a gravata, com o rosto vermelho, minha mãe ao seu lado e do outro, o irmão do meu futuro marido e o nosso padrinho.

— O que está acontecendo? Nós vamos nos atrasar....

James suspirou e deu alguns passos à frente, tirando as mãos do bolso.

— Alice, eu sinto muito. Jack sumiu... Eu fui atrás dele e encontrei esse bilhete na casa de vocês. — Me entregou a folha de papel amassada. Desejei acordar porque parecia exatamente como o pesadelo que tive na noite anterior.

Olhei para a folha na minha mão e me recusei a desdobrar.

— Eu não quero ler. Diga as palavras.

James me deu um olhar triste. Aquele olhar pedia milhares de desculpas por segundo. Estava começando a me sentir sem ar.

— Ele não vem, Alice. Nosso motorista o levou para o aeroporto mais próximo e não sabe que voo pegou... Ele estava transtornado e muito alterado, provavelmente passou a noite usando...

Minha mente entrou em completo parafuso e senti uma dor aguda no coração.

— Jack não faria isso comigo. Ele me pediu em casamento, escolheu a data, as flores e o bolo! Ele não faria isso comigo! — Levei minha mão ao coração, começando a suar. — Você tinha que estar tomando conta dele! Era o seu dever como padrinho!

James tentou me segurar e dei alguns passos para trás, me desvencilhando e quase caí sentada na mesinha.

— Eu saí por alguns instantes... Precisava me arrumar, meu pai ficou com ele junto com o fotógrafo... Eu sinto muito. Ele disse que vai ser melhor para você viver sem ele. É o que está escrito no bilhete...

Me apoiei na parede, sentindo que o vestido estava me sufocando, apertando cada vez mais e tentava respirar, enquanto a minha mente processava que o homem que mais amava no mundo tinha acabado de me deixar no dia do nosso casamento. Minha mãe tentou me segurar, minhas pernas pareciam tão pesadas quanto sacos de cimento e caí no chão.

— Não tirem meu vestido! — Gritei desesperada que tirassem minha fantasia de noiva. — Ele vai voltar! Jack nunca me deixaria... Eu... Não... Consigo... Respirar.

Jack nunca me deixaria.

Curvas do Destino (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora