Prólogo

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Tempos Remotos

O mar era testemunha de tamanha tragédia e desgraça. Ele, guiado pela mãe Lua, observava inquieto enquanto seus protegidos se banhavam em angustias e dores, seguindo seus sentimentos mais puros e selvagens que acabariam por os levar a própria catástrofe. Assistia enquanto aqueles dois se afogavam em tais sensações, como muitos já haviam feito com a água de seus domínios.

Uma garota de pele bronzeada e longos cabelos pretos e lisos que caiam em cascatas até depois de sua cintura. Seu sorriso, até então tão belo e caloroso, foi o que mais chamou a atenção do amado. Quando ele a viu pela primeira vez pode sentir, e medida que foi conhecendo aos poucos sua donzela de cabelos negros como a noite, um calor próximo de uma brasa inundando seus sentidos.

A indígena filha prometida do líder religioso da aldeia, que sempre vivia seus sentimentos intensamente, correu de encontro ao amor, e a ele se entregou sem resguardos. Os personagens sem nome de uma história a muito tempo já esquecida, vítimas das brincadeiras do destino.Foi em uma noite fria de agosto em que a bela recebeu sua sentença. Quando a Lua apareceu no céu, sua protetora a qual sempre admirou por sua glória e seu brilho diante ao escuro, foi de encontro aquele que ganhará seu coração.

O imigrante estava lá, lhe esperando, como ele dizia que faria para sempre. Correu as mãos pelos cabelos negros da garota que tanto amava, um contraste gritante com os seus louros como raios de Sol, e tomou-a nos braços.

- Ele está vindo. – Sussurrou em seu ouvido.

Sempre foi assim e sempre seria, como a própria Lua e o Sol, fadados a passar a eternidade separados por uma distância intransportável, divididos por suas diferenças e acima de tudo, por uma ironia da fatalidade.

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