Por todo o lado havia escuridão. O eco de passos apressados podia ser ouvido no vazio. Junto deste minha respiração frenética. A quantas horas eu estava a correr? A quantas horas ele estava a me perseguir? Sim “ele”. Uma entidade estranha que me fitava das sombras com suas pupilas vermelhas e seu largo e bizarro sorriso.
-Para onde estás a fugir, pequena ovelha? -Ele falava calmamente- você ainda não fez a sua lição de casa.
Eu permanecia a correr. Já me perguntava o que havia acontecido com meu sedentarismo. Neste momento sinto o ar parar de bombear em meus pulmões. A sensação é insuportável, esta me faz tropeçar e sair bolando em uma ladeira.
-Você caiu? Huhuhu, mas não é a primeira vez é?
Eu desesperadamente tento me levantar, mas minha visão estava um pouco confusa. Acabo ficando de joelhos com a mão em minha testa até que a nitidez resolve voltar.
-Aí está você, não fuja, vamos nos divertir juntos! Eu tenho livros!
Subitamente um livro é atirado sobre meus joelhos. Ele emitia uma peculiar luz azul em sua capa, permitindo que eu identificasse o título “Língua portuguesa” neste momento meu coração quase pula para fora. Meus braços rapidamente me afastam daquela coisa sem sentido e louca.
-Não gostou? Eu tenho outros!
A criatura começa a atirar mais livros, estes que eu identifiquei como “Matemática” “Redação” “Geografia”, esses três foram o bastante para me convencer a levantar e começar a correr enquanto gritava em pânico. Os livros, contudo, continuaram a ser arremessados sobre minha cabeça. Eu coloco meus ombros sobre ela para me proteger e continuo minha fuga.
O ambiente ao redor subitamente muda. Enquanto corro percebo várias silhuetas de árvores. Eu forço meus olhos semicerrados tentando não colidir com elas. No meio desta batalha eu observo mais adiante uma forma de estrutura semelhante a uma cabana. E é claro que eu não entrei (quem em sã sanidade entraria em uma casa aleatória em uma floresta?), já estava a mudar minha trajetória, contudo, tanto na direita quanto na esquerda, uma espécie de barreira invisível havia se expandido. Estas juntas formando um caminho, adivinha para onde? Para a maldita cabana. Eu, respirando fundo e sem escolha, acabo adentrando aquela fatídica construção e fechando a porta atrás de mim.
O interior não era mais iluminado que do lado de fora, contudo eu podia ver suavemente alguns desenhos complexos feito nas paredes de madeira, entre eles haviam alguns números e letras e até palavras. Com muito esforço pude identificar as quatro formas dos “Porquês”, aquilo me deu arrepios. De resto apenas pude notar uma porta no lado oposto da entrada. Aquela estando peculiarmente semicerrada. Dela eu começo a ouvir pequenos risos infantis. Meus pés começam a se aproximar lentamente. Sinto como se a trilha sonora ficasse cada vez mais intensa. O auge foi quando minha mão começa a se aproximar da porta. Neste segundo eu paro, me viro e caminho na direção contrária “quem é tão idiota de ir em direção de algo tão obvio?” dito isto eu abro a porta por onde eu vim.
Na minha frente havia uma sombra extremamente magra e alta. Aquele sorriso peculiar continua em seu inexistente rosto. Este acompanhado de seu olhar rubro e louco. Ele me fita.
-Como ousas....como ousas estragar o clichê?!
Neste momento eu fecho a porta na sua cara e tranco com a chave.
Uma batida, duas batidas...
-...Hey, acho que você acabou trancando sem querer!
As batidas começam a ficar mais fortes. Sinto meu coração entrar em sincronia com elas.
Quando subitamente a porta se parte em uma explosão.
-Aaaaaaaaah!
Meus olhos se abrem.
-aaaaa...?
Eu estava em uma sala iluminada. Havia várias cadeiras ao redor, estas ocupadas por várias crianças de minha idade que me fitavam curiosamente. Na minha frente havia um adulto bem grande, este que tinha acabado de socar a mesa. Ele me encarava com seus grandes olhos vermelhos.
-Finalmente acordou sr.Ferreira? E que cara é essa? Por acaso viu um fantasma?
Tudo não passou de um sonho? Em meus pensamentos apenas me lembro que estava na sala de aula...eu simplesmente caí no sono? Bom...pelo menos não preciso mais me assustar.
-Agora que nosso colega acordou, podemos finalmente começar...A PROVA DE REDAÇÃO!
-Aaaaaaaaaa!! -Eu grito desesperado.
By: DenomLv
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Contos de Terror - Coletânea
HorrorTrilhe no caminho mais obscuro de sua mente, absorva o mais sombrio que encontrar e transforme em palavras, faça quem ler cada palavra se perder na escuridão, apresente o mau da forma mais insana que conseguir. Isso é mais que um desafio ou um concu...